terça-feira, 24 de agosto de 2021

Aquele verão em Miami


Com que então este Reminiscense e o Waterworld têm lugar no mesmo universo? Não sei. Inventei agora, a ver se o boato pega. Faz sentido, podermos ver a água a subir, as cidades ainda alagadas, com muros a circundar os novos guetos. Há aqui força e detalhe nesta Miami. Mitologia que se vai expandindo em relatos vários: da guerra, do tráfico, das zonas secas, das memórias. Elas, o foco da narrativa, que empurram inventivas transições, colocando-nos sempre na dúvida, bonecas russas naquele suspenso amniótico - que saudades tinha eu de um bom tanque, à la Fringe ou Minority Report. Poderá faltar intensidade ao romance ou economia no mistério chave, mas o filme segura muito bem a sua obsessão. Aliás passa-a subtilmente para as nossas mãos e deixa-nos a deambular com o seu corajoso final: afinal quem assombra quem?

The past doesn't haunt us. Wouldn't even recognize us. If there are ghosts to be found, it's us who haunt the past. We haunt it, so we can look again. See the people we miss, and the things we missed about them.

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