quinta-feira, 26 de junho de 2014

Espécies invasoras

Sempre que sai um novo trailer passo uma hora no escritório a olhar para o poster do Tartarugas Ninja III. Só para ver se a saudade consegue mentalmente desfazer o real.
Adoro as novas tendências da desculpa. Antigamente era o remake pedreiro. Epá é igual, agora a cores e com mamas maiores. Arrota e coça o escroto. Depois vieram os reboots, metrossexuais que não queriam ser remakes, porque eram mais giraços. E pintavam os olhos. Hoje chegam os reboots que são sequelas, bichonas que estoiram qualquer categoria na escala sexual do novamente. Rebentam também com a minha paciência. 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Marco Beltrami (5)

Mete o "Chronicle" a um cantinho

Foi a surpresa da temporada, cá por casa. Típica sessão domingueira de vómitos, tripas e afins. Wolf Creek 2 pode esperar, o escolhido foi mesmo Afflicted. E não há nada melhor que ir descalço para uma terrorzada. Sem saber nenhum, ou quase nenhum. Premissa muito fechada e inteligente, arranca na aventura da viagem. Um ano à volta do mundo. Rapidamente percebemos que os sítios são desculpa para depois, ainda com maior afinco, descermos aos infernos. Retorcendo e revirando, o protagonista e a narrativa, que nunca dá tudo, que nos indica rotundas erradas e curvas inexistentes. Talvez o final seja demasiado expositivo, mas quando lá chegamos, estamos já tão satisfeitos que só queremos outro petisco do mesmo calibre.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Só um dia é pouco

O primeiro "Como transformar uma premissa porreira num saco de estrume", também conhecido como The Purge, não me encantou. Aliás, pensei que tínhamos ficado conversados. Afinal não, ao que parece, num país da América do Sul, o filme foi um grande hit, dando então origem à sequela. Agora cá fora, com malta a fugir e depois numa espécie de arena. Ai ai, lá volta o meu sangue argentino a fervilhar.

E a gaja dos martelos!

Não é fácil ser sequela. Querer engordar sem exercitar, depois vai tudo para o rabo. Seres redondos e balofos. A maior parte. Não é fácil ser sequela. Eu sei. Mas também sei que das duas uma: ou estão quietos ou fazem como Evans. Não é fácil dar seguimento a The Raid: Redemption, uma bomba prática, despachada e inesquecível. Um prédio, sempre a subir até ao último, em danças, tiros e litros de sangue, colando referências clássicas das artes marciais em cima do herói industrial e citadino. De hoje portanto. 

Fim de dia, e depois? Depois, com tomates no sítio, faz-se tudo diferente. The Raid 2: Berandal não podia ser mais atípico, não só pela sua duração - mais 43 minutos que o original - mas pelo modo como distribui o jogo. O simples polícia/ladrão alastra para a lógica infiltrado, prisão, rua, gangue. Deixa-se o escuro para abraçar a lama, a neve, os néons, os salões de baile e o metro. Sem vir a cima, porque aqui respira-se no bailado, nos corpos que se esgotam, em carrocéis. Irónico descansar nos murros. Para a intriga nos levar a novo movimento, sem repetição nem solavancos. É mais muito mais, um adulto, sem nunca esquecer. Que se fodam os Expendables, os McClanes e Robocops. O Rama parte-lhes a boquinha toda. 


A dança dos clones

A cena que todos vão falar, amanhã ou quando forem mais velhinhos. Orphan Black é esta pausa descontraída, construída em cima da melhor interpretação do mundo, Tatiana Maslany. O futuro é esse, promissor, mas também se não for basta pôr o disco a rodar: nem eu nem elas queremos saber.

Rebobinar

domingo, 22 de junho de 2014

The Blue Umbrella

A curta nunca falha. Pequenos eternos acontecimentos que não se podem apagar da agenda. The Blue Umbrella andava lá esquecido. Regressou hoje, maravilhoso matromónio de Jon Brion com a chuva. Para ser visto aqui

quinta-feira, 19 de junho de 2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

Xica da Silva e dos Tronos

Dez horas depois cá estamos. Uma temporada enterrada no calor do Inverno, mais uma, que vem mudar, excitar e rebentar com todas as expectativas. Aconteceu tanta coisa que sou forçado a fazer um resumo das reviravoltas principais:

- Arya ganhou a medalha do grupo de caminheiros de Westeros. No final, farta da serra, apanhou um barco;
- Bran deslocou-se menos, 100 a 200 metros em linha recta. No final um dos CEOs da Ryanair disse que ele podia voar;
- Os dragões da Khaleesi ficaram na casota com coleira nova;
- Ela, fartou-se de atender. Parecia a loja do cidadão. Problemas com novos, velhos, putos queimados, tudo;
- Já não mostra as mamas mas a aia mostra e o rapaz que não tem pilinha ficou contente. Pintou clima;
- Theon continuou sem pilinha também;
- O rei já não é um Lannister. Espera lá...
- Stannis não só se lembrou que é o legítimo rei como também é uma personagem com contrato. Apareceu no final para receber o cheque;
- E para salvar o Jon Snow que está triste porque não sabe nada. Aliás, ela já o tinha avisado que ele não sabia nada mas ele continuou a insistir;
- A única personagem que não podia morrer não morreu.

Uau. Pareço o Tom Hanks no Saving Private Ryan, ainda a tremer. Não faz assim Game of Thrones, é muita emoção!

domingo, 15 de junho de 2014

Uma bomba atómica, nhami

Bem, este Godzilla, apesar de gordinho, é um badass do caraças. Viram o gajo a despachar cartucho com a cauda? Porra. Assim sim. No final ficam as metades. Por um lado o trabalho bipolar de Gareth Edwards a tentar que nem cão faminto oferecer o pequeno quando a sua casota era de facto um palácio. Há muito de Monsters, há muito dele: o nevoeiro, as cidades desertas, as máscaras, a respiração contida e a visão deficiente. Como na cena em que a porta se fecha para não deixar ver ou o salto de pára-quedas com um vislumbre fugaz da luta. Era aí que ele queria ter permanecido, no caos pessoal da sobrevivência, das tragédias na tragédia. No final de cada um e não de todos nós. E essas vontades são momentos de espectacular entretenimento. Mas depois há o estúdio e as corridas. As grandes cenas e grandes planos. Tudo bem explicado, desenhado e contado até à exaustão pateta de um bebé. Personagens de nada a correr, porque sim. Aqui a outra divisão, que se por um lado me agarro ao que disse, por outro, possuo a infantilidade de um Power Ranger, deliciado com a batatada de monstros e com a Olsen a fugir ridícula de tudo o quanto era prédio. Às vezes fico tão confuso. 

sábado, 14 de junho de 2014

Do outro lado do outro lado

Continente, fila. Dia qualquer. Um senhor atrás de mim insistia em assobiar Brazil, como se eu estivesse a ser perseguido pela música. Pelo sonho. E continuava, como se as notas viessem do ar, de todo o ar e aquela fosse a memória, não o filme. Bom momento bizarro-cinéfilo que serve de mote para dizer que o trailer de The Zero Theorem está aqui.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Memórias à solta

Não me ri uma única vez. Achei velho, forçado e despropositado. Mas são os Doidos à Solta, eles, os verdadeiros daquela altura. Alugados uma e outra vez, merecedores de capas caseiras, capas da TV Guia e cópias, de um vídeo camalhaço para outro calhamaço de vídeo. São eles, palhaços da minha infância cinéfila, do meu abc. Por isso, resta-me o fato e o rigor de uma vénia. Vamos a isso. 

Marco Beltrami (2)

Miss Junho

terça-feira, 10 de junho de 2014

Se for menino é Temístocles

Se retirarmos as câmaras lentas o filme fica com menos meia hora. Ou fica só com meia hora. Mas não é isso que importa, nem isso nem as mamas da Eva Green, que apesar de serem muito bonitas, não conseguem competir com milhares de Calvin Kleins descascados e fantasiados. O que interessa reter é que 300: Rise of an Empire é uma sequela despachada que não chateia ninguém e que visualmente supera, por diversos momentos, o seu antecessor. Não estava à espera desta.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Eu uivo, tu uivas, eles uivam

O cavalo e seu cavaleiro tentam, por duas vezes, trazer a ordem. Especialmente naquele último plano por debaixo do candeeiro, onde o silêncio bate o pé e tentamos regressar. Mas o mal já lá estava, por debaixo da pele, cravado a ferro no mais primário. É a vingança e a procura da mesma que nos desce, transforma ou simplesmente acorda. O animal. A ponte, do desespero ao sorriso, é partilhada não só por quem tortura mas por quem vê, pois aqui misturam-se os tons, como se a fronteira entre o cómico e o negro não existisse. E no final somos todos lobos, a gargalhar. Fantástico.

domingo, 8 de junho de 2014

Espelho meu, espelho mau

Respeitinho é bom e eu gosto. Quais imposições nem regras. É só respeito. E todos falam realmente mais baixo dentro do terror. Entras e podes fazer o que quiseres, mas não te esqueças que estás em minha casa. Oculus sabe, deste o primeiro plano, o que quer, para onde vai, onde está e quem representa. Daí se encaixar na perfeição do clássico conto de terror, expressão ela própria clássica da adjectivação assustadora, empregue, na maior parte dos casos, em bons exemplares. Como a esta obra de Mike Flanagan, que mistura a simplicidade de um espelho assombrado com as teias temporais das memórias, oferecendo uma montagem sublime de vai e vem, chocando aos poucos, passado e presente. Para terminar claro, com todo o respeito. 

Marco Beltrami

Diogo Morgado em "Game of Thrones": afinal é verdade!

Não sei o que é mais triste: se o boato de que Diogo Morgado iria interpretar uma personagem de carne e osso na quinta temporada de Game of Thrones, se o facto de já ninguém se lembrar que o popular actor português já entrou efectivamente na série. Durante a primeira temporada fez de Heart Tree, como mostra a imagem. Um papel discreto, silencioso, mas muito bem trabalhado.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Próximo alvo

O Morgan Freeman depois manda nesta malta toda

Para além das estrelas e dos lençóis devia haver uma outra categoria onde os filmes disparate poderiam entrar. É que Transcendence transcende de facto a galáxia das bolas pretas, é uma outra coisa que devia levar tabelada um boneco de um palhaço ou um chapéu de gnomo. Estamos a falar de uma obra onde o Johnny Depp leva um tiro, não morre, só que a bala estava carregadinha de uma cena radioativa. Morre a seguir mas não sem antes entrar no computador. Depois começa a navegar na net e diz para a miúda dele ir para Brinches, ao pé de Serpa, construir um mega laboratório subterrâneo alimentado a páineis solares. É isto.