quinta-feira, 28 de setembro de 2017

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Não se enganem


Vi, numa crítica. Esquisito, referenciarmos críticas de cinema que vimos e não lemos. Ouvimos e não folheamos. Se bem que existem verdadeiros artistas e o espaço é bem largo. Nesses bons sons esta senhora que explica a sua visão. No vídeo, entre outras coisas, um dos pontos que gostaria aqui de elencar: Mother! é um filme de terror. Não se enganem com as lérias de thriller, drama, suspense, não, é do início ao fim, do osso à carne, horror. Nos tempos, na luz, na tensão e na claustrofobia. Horror como só o horror visceral, da incompreensão sabe ser. Aí o segundo tópico, na cauda do anterior: Jennifer Lawrence numa interpretação angustiante, com o seu corpo desorientado, volante da câmara, entre uma divisão e outra, a sufocar, a sufocar. Entrega épica da jovem atriz. E assim chegamos ao terceiro vértice, que nos enuncia simplicidade. É obra para conversas, debates, imperiais e amendoins, essas coisas que nos fazem sair de cabeça levantada. Mas é, em simultâneo, um filme claro na sua mensagem, no seu próprio labirinto. Nunca se desequilibra ou transborda, um caos fiel a ele mesmo. Não se enganem com as balelas de uma anarquia de imagens, do desconexo, do fragmentado. Está lá tudo, a experiência, o terror, a mãe e o filme, está lá um belíssimo filme.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O nosso legado


Talvez tenha sido eu, a ler mal o marketing e a esperar muitos beijinhos na boca. História de facto, e bastava ter lido bem o título. Que no seu número nos diz tudo. História de facto, ideia do que é ser fantasma. Tal ser penado no correr dos tempos, de um tempo. A Ghost Story é esse poema perdido, desencaixado, para ser visto com olhos e coração no máximo, inesperado no modo como se vai virando: de um fechar de porta para um monólogo - melhor monólogo do ano? - para depois tudo ser destruído, assim, clique. E ele - o espectador? - ali, assombrado, preso à casa - ao cinema? - com tudo a mudar, à procura. Viagem companheiros do lençol, viagem.

sábado, 16 de setembro de 2017

Conta comigo


It, aquilo de que todos falam. E não é por acaso. Não é por acaso os 80's, o poster de Elm Street, as bicicletas, os putos. O humor, a puberdade, o medo. Aqueles enormes monstros desproporcionais, gigantes em demasia mas que na altura mediam de facto todos aqueles palmos. Podia ser desleal, uma açorda de referências a espreitar nas nossas carteiras. Mas não, é um filme que se aguenta por si só, corre sozinho por perceber cedo que história quer contar. Uma para além dos gritos: é o verão daqueles miúdos, juntos, a crescer e a doer. O resto é pretexto, é rastilho. Pode cair um pouco na repetição e exaustão de momentos, especialmente na segunda metade, mas caraças, que grupo incrível de pequenos atores. Cada um senhor de si, como as boas aventuras, destacado nas suas deixas e tiques, nos seus medos. Para além deles um Pennywise à altura e uma mitologia que não se estatela naqueles vícios didáticos, deixando muito para pesquisar, pensar e descobrir. O cinema é assim. E digam lá, se o momento em que vemos o covil, de baixo para cima, em todo o seu esplendor, não é das coisas mais incríveis que a fantasia recente ofereceu?

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Subiu e subiu bem


The Big Sick é uma história plena. Um coração cheio. A jeito de todos os peitos. Tudo certo num festival de sinceridade onde o espectador é aquele intruso. Deliciado, escondido no meio dos lençóis, no meio de um argumento incrível, divertido e cheio. Não vou deitar nada cá para fora, para vos valer a experiência, o bilhete completo, mas posso - e devo - sem estragar, elogiar o quarteto de protagonistas. Em especial Zoe Kazan, que com muito pouco oferece a mais autêntica e genuína das presenças. É todo o real em meia dúzia de sorrisos. Como poucos, como muito poucos. E depois tudo o que sobra: o palco e a sua procura de identidade. A plateia aplaude. A plateia aplaude muito um dos filmes do ano e a comédia americana que finalmente eleva a fasquia.