sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Desprazer


A ausência de prazer, ao ver Pleasure, podia justificar-se com desconforto. Choque, extremos. Mas a verdade é que é essa exposição bate toda na trave. A proposta é um mergulho seco e quotidiano à indústria pornográfica, conduzido por uma atriz ambiciosa à procura de fama. O que nos põe na mesa, porém, é um filme de adolescentes dos anos 90: uma recém chegada à escola cria laços com as miúdas mais simples e geeks, ficam muito amigas, mas depois ela quer entrar no grupo mais popular das cabras. Então acaba por trair a melhor amiga, choram, ela vai para o grupo das más e no final percebe que afinal ainda é boa, e que aquilo não é para ela. Isto, mas em porno. Com diálogos infantis e uma protagonista desinspirada. Meu querido Showgirls.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Trivia à terça

Acabei de descobrir que o Kiss From A Rose do Seal apareceu primeiro na banda sonora do História Interminável 3 (1994) e só rebentou no Batman para Sempre um ano depois. Não estava à espera disto. 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Ninho de vespas


Final desolador. Yellowjackets encerra-se com uma confirmação: não na obsessão das respostas mas na sinceridade da sua narrativa. Porque desviando os seus mistérios e devaneios sobrenaturais, há um horror muito terreno na privação de tudo. São miúdas, amigas, colegas, a sobreviver. Foi como se naquela madrugada finalmente acordássemos para a complexidade da questão. Cena soberba, antes e depois, intercalada com prestações de um dos elencos (duplamente) mais acertados da televisão recente. Até me lembrei de Twin Peaks senhores. Agora é segurar as expetativas, teorias e quadros de cortiça. Sempre com a fé no plano e os olhos no final do ano.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Filme Cranberries

Então rapaz, tanta conversa, tantos filmes e nem uma palavrinha sobre o novo Matrix

O novo Matrix? Qual novo Matrix? De facto pareceu-me ver algo mas rapidamente percebi que foi 

Just my imagination
Just my imagination
Just my imagination
It was

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Anaconda (aquele de 2022)

Ontem estava a dar o Anacondas, aquele em que elas comem umas orquídeas e ficam do tamanho do Amoreiras. Ao ver o protagonista a lutar com um crocodilo lembrei-me que se calhar já estava na altura da saga Anaconda ter direito à sua requela*: uma equipa do Discovery Channel (para não repetir a National Geographic) está a fazer um documentário na Amazónia sobre o desaparecimento do macaco capuchinho. O condutor do barco é o filho do Jon Voight que é bom, e não quer ter nada a ver com o passado mau do pai. Só que a investigadora do canal de televisão é má e quer é encontrar Anacondas com fartura. Porquê? Foda-se perguntas difíceis numa requela? No terceiro acto eles vão ter a uma povoação esquecida onde está lá a Jennifer Lopez velhinha que dá alguns conselhos ao nosso herói, antes de morrer de forma parva comida por Anaconda de CGI. Ansioso.

* depois de escrever o texto descobri que existe mesmo um reboot a caminho, claro. Espero que tenham em atenção algumas destas ideias.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Eternamente curto


O arranjinho aqui tinha de ser para uma trilogia de raíz, onde a grande escala fosse trabalhada e procurada. Todo aquele (medonho) cgi grita por grandes viagens e detalhados cenários. Vento que seja vento. Ou então, uma série de televisão vá, onde cada personagem pudesse ter o seu episódio, o seu flashback. 7000 anos têm de ser pesados, processados e transitados para aqueles nomes. É demasiado, tanto, muito, ao trambolhão e empurrão. Mas pronto, pode ser que no dia em que a Marvel faça trilogias ou séries de televisão as coisas sejam diferentes.

domingo, 16 de janeiro de 2022

KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã | Trailer Oficial | HD | 19ª edição | 2022

Novo ano, nova edição da KINO - Mostra de Cinema de Expressão Alemã 2022! Voltei a agarrar as rédeas da edição, pela quarta vez consecutiva, e o trailer está aí! Espero que gostem e que dele saia a vontade de explorar todos estes filmes.

De 27 de janeiro a 2 de fevereiro no Cinema São Jorge e online na plataforma Filmin Portugal.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Os estranhos gritos das requelas


Não sei muito bem como lidar com estas requelas. Vou rodando na mão, como um fruto estranho, sem saber o que fazer: é para comer, rejeitar, irritar, guardar? Este novo Scream então abriga-se por completo nesta (in)definição. Tendo ainda como extra a caixinha do meta. Como se a auto consciência, paródia e referência fossem justificações para colagens puras. Não são. E isso é talvez o que mais me desilude: ao cair o número 5 do título há quase uma desresponsabilização, de que é mas não é, de que continua mas não. Todos os anteriores tomos, por muitas camadas e espelhos que tivessem eram animais distintos, cada um a trazer para cima da mesa novas ideias, novos ângulos. Ao ouvir o Dewey - melhor regresso dos três - dizer no trailer que sentia que este era diferente, pensei de imediato que daríamos um passo construtivo. 

A cena de abertura é simples, prática, bem escrita, inserindo variações cativantes. Jenna Ortega está extraordinária. As mortes são todas um mimo. Com os tempos certos e aquele estripar de levar as mãos à cabeça. Do melhor que a saga já teve. O problema é que todos os conceitos iniciais que nos poderiam ter levado para o apetecível desconhecido (wow isto é diferente) caem às mãos de obrigações antigas (afinal não é). Falta-lhe aquela aura, sombreada na música, do grande mistério, da tragédia, da antecipação. Para ser o novo primeiro capítulo era preciso assumir o risco e se calhar olhar para o que a série de televisão tentou fazer. Mas mais uma vez lá está, não sei bem o que é isto. É um filme do Scream sem dúvida. Passou a correr e eu diverti-me. Agora é uma peça que vai ficar no tapete, porque não faço ideia onde poderei encaixá-la. E isso como final de jogo é sempre frustrante.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Review - Scream (1,2 & 3) // VHS


Viagem saudosista e entusiasta a uma das sagas da minha vida. Como diz o Ghostface: é uma honra amigos VHS, calcorrear estas memórias convosco. Revisitação esta dividida em dois tomos, sendo que este, o chamado "quando tudo eram rosas", contempla os três primeiros filmes.

domingo, 9 de janeiro de 2022

Temos de falar sobre Daniel

É sempre um aconchego, chegar a um filme atento aos sítios, às pessoas, às conversas. Sem urgência do extraordinário. The Tender Bar é esse copo amigo, um brinde dedicado/delicado no meio dos subúrbios da vida adulta. Ou na viagem que fazemos para lá chegar. E se tudo é tão bonito - música, fotografia, escrita - não há como fugir ao estreante Daniel Ranieri. Uma entrada a pés juntos, inesquecível e sentida, no cinema deste novo ano. Porra.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Dos Oruguitas

Confesso que na altura não me encantou. Estranhei a forma: não nos dão vilão nem explicação, muito menos caminhadas e aventuras. Há uma casa, há uma família. A precisar de ser salva. É isto. E é preciso parar, digerir, para sermos de factos arrebatados com os abraços. Encanto vive nesse apelo discreto, da força da cultura, das origens, dos nossos. De quem gostamos e voltando a olhar, é tudo tão bonito. Como esta canção, uma festa de memórias, conquistas e outros sonhos.