Não sei muito bem como lidar com estas requelas. Vou rodando na mão, como um fruto estranho, sem saber o que fazer: é para comer, rejeitar, irritar, guardar? Este novo Scream então abriga-se por completo nesta (in)definição. Tendo ainda como extra a caixinha do meta. Como se a auto consciência, paródia e referência fossem justificações para colagens puras. Não são. E isso é talvez o que mais me desilude: ao cair o número 5 do título há quase uma desresponsabilização, de que é mas não é, de que continua mas não. Todos os anteriores tomos, por muitas camadas e espelhos que tivessem eram animais distintos, cada um a trazer para cima da mesa novas ideias, novos ângulos. Ao ouvir o Dewey - melhor regresso dos três - dizer no trailer que sentia que este era diferente, pensei de imediato que daríamos um passo construtivo.
A cena de abertura é simples, prática, bem escrita, inserindo variações cativantes. Jenna Ortega está extraordinária. As mortes são todas um mimo. Com os tempos certos e aquele estripar de levar as mãos à cabeça. Do melhor que a saga já teve. O problema é que todos os conceitos iniciais que nos poderiam ter levado para o apetecível desconhecido (wow isto é diferente) caem às mãos de obrigações antigas (afinal não é). Falta-lhe aquela aura, sombreada na música, do grande mistério, da tragédia, da antecipação. Para ser o novo primeiro capítulo era preciso assumir o risco e se calhar olhar para o que a série de televisão tentou fazer. Mas mais uma vez lá está, não sei bem o que é isto. É um filme do Scream sem dúvida. Passou a correr e eu diverti-me. Agora é uma peça que vai ficar no tapete, porque não faço ideia onde poderei encaixá-la. E isso como final de jogo é sempre frustrante.
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