sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ainda vão a tempo, também

Isto porque, agora dentro de época, vi finalmente Rare Exports. Inesperado nevão, que de imediato nos toma para as terras inóspitas das antigas aventuras. Semi rígidas, entre a ingenuidade da infância, e o terror decrépito do envelhecer, dos antigos, dos contos afinal sinistros. Com um sentido de humor e de tempo, de ação e de espaços, raríssimos, tão raros como o título. Para um final delicioso, de antologia. Por isso, sempre que o Spielberg o quê ou o Burton aquilo, vejam esta lição, e depois escondam-se num buraco, até à sequela.

Ainda vão a tempo

Uma série que se está absolutamente a marimbar para convenções faz o episódio de natal em janeiro. Quase fevereiro. E por amor de deus não venham com qualquer facto chato de que houve atrasos. Estou-me a foder para isso. Tinsel, assim, de uma assentada só, não só no panteão, mas possivelmente a inscrever-se como o melhor de sempre do natalinho aborrecido. Melhor do ano, lá muito perto também. Não ainda não vimos tudo. Sim já deviam estar em cima de Man Seeking Woman há muito muito tempo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O quarto, o puto e a cena

Sinto muito a falta de cenas no cinema. Acontece, no pão nosso de cada sala, a inexistência das mesmas. De sair e pouco depois, dias, semanas, não ficarmos com nada. Termos visto, se calhar até gostado, mas neste novo rebuliço do século XXI, não se reteve puto. Antigamente sentíamos, antigamente existiam, momentos e cenas, pedaços com início, meio e fim, para serem discutidos. O mais incrível de The Room é conseguir esse raro regresso: a transição de um ato para o outro, o salto na paragem, é o testemunhar de uma cena, de um incrível rasgo cinematográfico, sufocante, inesquecível. Único, tão único que qualquer carpete não será nunca mais qualquer carpete.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Miá miau

O que levou um homem como eu a carregar no play das gravações automáticas, para ver Meu Passado Me Condena: O Filme, ainda não é de todo claro. Mistério, conspirações mesmo. Ou então só uma burrice de fã. Ah tem o gajo, deve ser engraçado. Não é, de todo. É péssimo, e pelos vistos vem de uma série. Pior, pelos vistos já há sequela cá em Portugal, com o Ricardo Pereira. Foda-se. Mas nem tudo são más notícias: a Miá Bello é bem boa e como não conhecia, pôde entrar diretamente para o meu catálogo de gajas bem boas que não conhecia.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Nem sei bem se estou chateado

Digo-vos já, de antemão, porque é que sou o único cidadão europeu a gostar do segundo filme: é pequenino. Escuro, com a sugestão como ferramenta artística. Um verdadeiro ficheiro secreto, portanto. Com pretexto, existia pretexto e contexto. Ora bem, este aguardado regresso, 239000 anos depois e um igualmente grande número de plásticas naquelas trombas, falha logo aí, primeiros minutos, quando nos tentam explicar ou convencer porque é que estamos aqui, que este não será apenas mais um exercício de nostalgia. Mas é, infelizmente é. Um apresentador qualquer diz que sabe umas coisas, eles os dois aparecem do nada e vão a correr ter com o rapaz, que os leva a uma rapariga que é a chave de tudo, e por último era tudo mentira. Tudo mal montado, mal interpretado e mal amado: sem peito nem coração. E assim, chulos de merda, assim não.

Em 2016 voltam as cores quentes e as pirucas

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Ciclo de cinema Stephen Moyer ou então só dois filmes que eu vi com o gajo

O primeiro chama-se Evidence e tem o twist mais pateta da história dos twists patetas. Mesmo, se pensam que já desbundaram todos os recantos das surpresas ridículas, pensem de novo. O que vale é que, lá está, é curto, é bruto e tem gajas boas. E um mau mascarado de soldador, é sempre arquitectura muito bem vinda. 

O segundo, por outro lado, é possivelmente um dos segredos mais bem guardados da última década de pequenas gemas. The Caller é um modesto thriller, num modesto apartamento - o filme não gasta em quase mais nada - que utiliza de forma tão inteligente e destemida os mecanismos propostos que nos mantém incrédulos, e reféns. Do medo e da surpresa. Das palmas. E não se pode falar muito mais, para não estragar a experiência.

Já repararam

que dizer Ponte dos Espiões ou Ponte dos Piões soa exatamente ao mesmo? Podíamos estar a levar com um filme de jogos tradicionais e nem dávamos por ela.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Aquela não tão séria altura do ano

Best Way to Hide a Two Star Review in Plain Sight Award goes to Legend for formatting the review from The Guardian to make it look like it was yet another four star review for the film.

O resto da genial palhaçada aqui.

O recibo verde da Bellucci

Enorme fã dos filme do Batista. Ou ainda é Baptista? É Bautista incultos, da porrada a fingir. Adoro tudo o que esta saca de betão faz. Spectre não é exceção: bruto, silencioso, mauzão. O modo como o gajo levanta aquela mesa de jantar aos moços não é brincadeira. Quanto ao filme, setenta vezes melhor que o atentado à vespertina que é Skyfall, porém setenta vezes pior que aquela injecção despachada e eficaz que é Quantum of Solace. Metam isto na cabeça: a estrutura Craiguiana de um Bond, de ir de A para B e depois à procura de C, sempre a partir parede e a comer o mínimo de gajedo possível, resulta se não demorar muito, porque depois temos de ir ver outras coisas. 100 minutos, perfeito. Esta espectruração tem 150, Sam Mendes deixou a câmara ligada e foi comer uma tosta mista, o filme fica a dar, já sem história atrás do mau. Pessoal, está aí alguém? Isto continua, booom, paaam, booom. Malta olhem que isto se calhar já se faz tarde não? Capacidade de síntese, já diziam na escola. Isso ou troquem de amuleto e tragam o Campbell para fazer mais um reset a esta merda.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ainda magoas alguém

Bela banhada. O trailer mentiroso apelava ao coração: The Collector, You´re Next, Home Alone. Indicava armadilhas com fartura e uma gaja passadinha dos cornos, a fazer dói dói à bandidagem. O típico troca papel que tanto apreciamos no género. Mas não, afinal é tudo às direitas, demasiado parado e sensaborão. Ética a mais, bizarria a menos. Quem sabe numa próxima.

Toda a gente quer voltar para Jakku

Ontem fui lá, pela segunda vez. E pronto, tenho de dar a mão à palmatória, admitir que realmente o filme é um cópia e bla bla bla. Estou a gozar foda-se. É ainda melhor. Filme de aventuras do caraças, que devia era dar todos os meses, no cinema, no Hollywood e no Cinemundo. Só por causa das merdas. Para ver se aquela cambada de enjoadinhos se endireitava ou iam à vida. Bem longe de Jakku.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Belíssima homenagem aquele início do Lost

Cloverfield sempre foi um caso raro. Especialmente porque resultou. O mistério pariu de facto um cavalo, e não um ratito. Algo robusto saiu de uma das mais engenhosas campanhas de marketing cinematográficas, percebendo bem cedo, o que era necessário para criar um mistério transmedia. Que nos superasse, antes, durante e depois. Para lembrar, e se me lembro: primeiro trailer, primeiras pistas, segundo trailer, no escuro, filme, o filme é do caraças e depois mais ovos da páscoa, mais surpresas naqueles locais para onde ninguém olhou. A sequela lá foi sendo anunciada e tal, mas nada de sólido: até hoje. Que nem sirene de emergência os paus voltam-se a erguer, do nada, tal é o poder de um bom segredo. Aparentemente nada os unia, senão o nome e o aparecimento meteórico, mas já se confirmou que são de facto primos. Estamos de volta malta, estamos de volta.

Nem preciso de ler o resto

http://www.imdb.com/title/tt2049543/?ref_=rvi_tt

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sobre os Oscars

Ou melhor, sobre os OzCars.

Mãozinhas

Acompanho de perto a carreira cinematográfica de Selena Gomez. E gosto muito. Pelo menos do único filme que vi, Spring Breakers. Também entra no The Big Short, um bocadinho, e também é agradável. Porém o que me trouxe aqui foi o facto de ela estar a praticar uma peida olímpica que não é brincadeira. Fazei atenção rapaziada, ainda para mais que ela é toda mexer para ver, como os espanhóis. 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Entretanto, no outro lado

Voltou a melhor série de sempre. Sempre memorável.

Nas sombras da magricela

Obrigatório o título meio camuflado. Nós, os que não gostámos de Jessica Jones, temos de viver assim, nas sombras. Falar por código, desabafar por signos. Opressão soberana que não nos deixa sequer soluçar. Daí esta carta, a ver se passa, se nenhum chefão ou chefona dá por isto e me enfia um sermão de chibata costas a cima. E eu, que até tenho uma divisão por pontos, não só aquele desdém nojentinho. Eu explico mesmo porque é que está aqui um dos maiores barretes da última década.

1. Embalagem. Veio na mesma embalagem, ou embalada como algo muito idêntico a uma série do caraças, que é Daredevil. De uma cadeia que anda de pau feito sem medo de ninguém, Netflix. Foi um já ganhou sem ter ganho nada. Mas passemos aos factos.

2. Ciclicidade da história. É sempre a mesma merda: a Jessica está bêbada e triste, corre atrás do Killgrave, bebe mais e fica mais triste, apanha o Killgrave, o Killgrave foge numa sequência idiota, ela fica bêbada e triste, vai atrás do Killgrave, apanha o Killgrave, o Killgrave foge numa sequência idiota. Isto, em 13 episódios, isto, que devia ter sido testado uma vez e evoluído. Nada.

3. Ritmo lentinho lentinho. A série arrasta-se, não só devido ao ponto anterior, mas também porque não se mexe. Não agarra, não cola, não enche o olho com sequências exaustas de batatada, perseguições, cliffhangers. Estarmos sempre com o credo e não o bocejo na boca.

4. Interpretações Santa Bárbara. É mesmo de bradar à padroeira dos mineiros. Mas quem é que foi o infeliz que escolheu este casting? Tirando o vilão, o resto é absolutamente inenarrável para um produto deste nível. A protagonista com o seu narizinho torto é a ausência daquilo que supostamente tem a mais: a força. Zero, nem carisma, nem jeito. Lá se arrasta, em diálogos ridículos e forçados - tenho de ir presa, vou à net ver como é uma prisão, é isso vou mesmo presa - ladeada por o porteiro de discoteca mais sensaborão do mês, a amiga mais sonsinha e a chefe com a história mais inútil do universo das histórias inúteis. Pensar que daqui, desta seleção refinada, vão sair mais spin-offs faz com que o meu estômago dance o tango, sem dó.

É mau amigos. É mau.

FAQ Nas Nalgas do Mandarim



Nas Nalgas do Mandarim é o melhor podcast de sempre?
É.

Nas Nalgas do Mandarim falam sobre cinema?
Tem dias.

E sobre cenas no cu?
Sempre.

Onde posso ouvir?
Na morada super espectacular do youtube que nós já temos, porque conseguimos mais de 100 subscritores.

Quantas temporadas tem?
Por enquanto tem quase uma, mas irá ter trinta e oito. 

A segunda temporada vai ter convidados?
Não sei. Quer dizer sei mas não posso responder para manter o suspense, o que não faz muito sentido numas FAQ, mas que se foda, são as minha FAQ.

Vamos ver aquele do comboio

Estava no sofá, naquele jogo difícil de escolher um filme. É um ritual que me cansa. Porque sou eu a tentar enganar-me, a fugir aos bons filmes que a MEO grava para mim, a evitar e a arranjar desculpas, hoje não, a esta hora não, é muito grande, é muito pequeno. Foda-se queria tanto ver o Timecop outra vez. Mas não, não vais perder tempo com isso pois não? Grilos do bla bla bla, que inferno, que gaiola. Politicamente correcto escolhi Unstoppable. Mas olha, ainda bem. Tinha saudades do Tony Scott, e percebi a falta que faz. Ele. Ou aquilo que ele defendia: um estilo. Chuva, sol, um gajo sabia, era assim, um comboio que não pára. Com aquelas cores muito queimadas e um ritmo mediático, aéreo e rápido. Heróis secos. Era um déjà vu necessário, difícil de replicar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Que a piada estava em mim

O Steve Carrell é um touro. Já tinha chifrado forte em Foxcatcher, e aqui, com aquela aflição despenteada, segura a mensagem. Quando ele percebe, quando ele percebe é algo de extraordinário, apenas suplantado pelo aceitar final. É um pedido de desculpas ao mundo, fazer parte dele. Não temos culpa, ninguém tem e temos todos. Um exercício de tentar elucidar, assente no ridículo dessas mesmas explicações, desse marfim podre, desse cartão a arder. Crescer num monte de nada, de mentira em mentira. Só pode ser mentira. É não é? A ideia do filme, montagem, narração, cara a cara, é de nos enfiar como cúmplices, como conhecedores inacreditáveis do burlesco. Resulta tão bem que a piada no final, dramática como cantam os Bee Gees, está mesmo em nós.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Quociente J.Lo

Defendido por muitos investigadores e cientistas de renome como o valor final de avaliação cinéfila, o quociente J.Lo existe já há vários anos. De um modo simples e leigo, define quantos filmes da Jennifer Lopez o indivíduo já viu. De um modo mais científico define também quantos filmes da Jennifer Lopez o indivíduo já viu. É apresentado em percentagem, recorrendo à ferramenta Letterboxd.Os números são depois transformados nas seguintes avaliações:

0 -10% Espertalhão
11 - 30 Ligeiramente estúpido
31 - 50 Cinéfilo de risco
51 - 70 Não te trates não
71 - 100 Mas porquê?

Globos de Ouro - análise e crítica detalhadas de todas as categorias

Aahaha. Foda-se deus me livre. Vou só colocar aqui um vídeo do Christian Slater quase a morrer afogado no Hard Rain, o melhor filme de sempre sobre cheias.


Antes que o youtube saiba que existo

É aproveitar. Vídeos separadores dos TCN Blog Awards 2015, aqui em baixo, prontos para a qualquer momento levarem com o tarolo da privacidade ou o mangalho dos direitos de autor. Por isso, enquanto respiram, que nem pobres peixinhos palhaço fora do aquário, façam-se a eles. Eles que ajudaram a compor aquela que foi a última cerimónia, o último encontro, o último dos combates. De uma luta que cessa mas não pára. Não seria profícuo reciclar zaragatas, cantar as mesmas cantigas e apelar: é preciso apenas desenhar na parede um enorme agradecimento, a todos os que fizeram, ao longo destes anos, parte da festa, e em especial ao Carlos, esse intocável, irrevogável e incondicional. O blogger é esse, incondicional, de lés a lés, do calor ao frio, a partilhar, sempre. É verdade que o cinema é feito de histórias, dos seus filmes. Mas também é verdade que sem as nossas histórias desses mesmos filmes o cinema não vive. O cinema não passa e ficaria para sempre refém de uma sala vazia. Somos nós, entre caralhadas e risadas que fazemos a obra, aqui e ali. E isso, hoje e sempre, é apenas e somente a coisa mais importante do mundo.