segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

As saudades de uma boa jantarada

Estava a sair do Thanksgiving quando olhei para a sala do Killers of the Flower Moon. Ainda ia a meio. Aquelas pessoas ainda tinham mais uma hora e quarenta de "Aonde É que Pára o FBI?". Alguém tinha de fazer alguma coisa. Agarrei na nota que tinha no bolso, recrutei meia dúzia de escuteiros de Tábua que estavam no Pizza Hut, e fomos distribuir águas, bolachinhas de canela e pacotinhos de fruta. Os espectadores, alguns já muito desidratados/desmaiados, agradeceram imenso, lágrimas e abraços apertados. São estes pequenos gestos que fazem a diferença no interminável cinema dos dias que correm.

Este texto ia terminar no último ponto final. Era só humor. Mas alguém me perguntou: então e essa jantarada do Eli Roth? Opá sim, parecei que estava de novo nos 90, a saber o que tinha feito na estação passada, numa terreola pequena cheia de jovens giros que nos fazem lembrar outros jovens giros. As gavetas estão todas lá, do início ao fim, e Roth vai percorrendo este mobiliário slasher com aquele nervo desgarrado de uma boa machadada. É refrescante perder a subtileza e ter aqui um conjunto de mortes inventivas, fodidas e que de alguma forma preenchem a lacuna deixado pelo meu muito querido Último Destino. Para além disso cozinha a sua história de um modo focado, sem aquelas revelações que afinal era o enfermeiro que tinha aparecido 5 segundos em segundo plano na cena do bar e que se queria vingar por lhe terem puxado as cuecas em 1978. Aqui temos um evento chave - melhor início do género que vi em anos, a expetativa foda-se, é assim que se faz - que vai determinar os eventos que têm lugar no ano seguinte. Podia ser um bocado mais pequeno e não necessitar tanto da nossa boa vontade em alguns momentos. Mas soube bem voltar a um slasher sem entulho meta, só matar, matar e matar.

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