quinta-feira, 5 de maio de 2022

Ó Raimi, ó que lindo Raimi


[SPOILERS] É estranho mas não começa bem. Exige logo bagagem pesada dos filmes e séries anteriores, sem tentar o mínimo de construção ou preparação. A própria edição é abrutalhada (veja-se a cena do casamento), levando-nos aos tropeções até uma personagem nova. E aqui, outro problema: America Chavez, sem a experiência nem o carisma para conduzir este primeiro arco buddy avenger. Possivelmente o primeiro grande erro de casting do MCU. Assim que a câmara vira, assim que o Sam Raimi se ambienta, tudo muda: passamos a ter o terror da perseguição, apertada e sanguinária, uma Wanda em modo Carrie, a levar tudo a frente e um Doctor Strange a percorrer-se. A questionar-se. É o coração do filme a aparecer aos poucos, como o sol por cima das nuvens. Na recta final então, já estamos todos lá: nas notas musicais de um duelo ou nos demónios à volta de um zombie. Eficiente, inteligente e delicioso. As páginas soltas do arranque vão-se encontrando e agregando na ideia de uma escolha, de um caminho, de um autor. Não é o desvario que ia à espera mas pode muito bem ser a loucura necessária para abanar um pouco o jogo. 

2 comentários:

Pedro disse...

Melhor título de post de sempre.

Miguel Ferreira disse...

Quem sabe um dia, um grupo coral de mortos vivos a cantar esta malha.