Não deixa de ser irónico o facto de Gravity estrear no ano em que Jurassic Park celebra duas décadas de existência. Grandes pancadas a passar o testemunho do tempo. Ou o canudo da história. Eventos, catástrofes. Como se tivesse de ser tudo certo e bem contado, de forma a voltar das cinzas. E tanta troca para dizer que Cuarón faz pelos 2010 o que Spielberg fez pelos 90. O deserto acabou, e sem termos obra-prima temos um filme que vem ditar novas regras no modo como vivemos, desfrutamos e aceitamos o cinema de larga escala. Os dinos revolucionaram a indústria dos esfeitos com o esqueleto de uma grande aventura. A austronauta conquista esses dois feitos e adiciona outros tantos. Pois, a fasquia é cada vez mais elevada.
Visualmente, como nada antes feito, fazendo do 3D o seu maior aliado. Estrondoso. Volta ao básico através das ferramentas mais complexas. Esquecemo-nos e apenas dançamos, às voltas ou em linha recta, saindo ou entrando do capacete. Sem nunca perder o fio. Em tensão. É a sobrevivência, instinto, mas também renascimento. Ou não fosse ela descansar em posição fetal (na inevitável piscadela ao clássico de Kubrick). É essa viagem, de desistir e voltar a acreditar, porque merecemos e queremos. Música e silêncio.
É o grande espectáculo da 7ª arte a sair de órbita para voltar a entrar, dizer que está aqui e que sim é possível.
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