quinta-feira, 29 de julho de 2021

Pesadelo em Fear Street

Que engraçado, ainda no mês anterior tinha visto três comédias da Netflix que juntas não faziam uma* e agora espetam-me com três terrorzadas que juntas fazem tudo e mais alguma coisa. Um calduço de luva branca, que é para não ser tão má língua. De facto não esperava um evento destes: trilogia baseada nos livros de R. L. Stine (Goosebumps), que conta a maldição de uma bruxa na azarada cidade de Shadyside. Cada filme tem uma data diferente, começamos em 1994, depois passamos para 1978 e terminamos em 1666; da "atualidade" até à origem, numa desconstrução inteligente dos contos dentro dos contos, dos mitos e lendas que criamos. Ao sair uma por semana, abdica-se assumidamente da independência de cada obra, mas por outro lado ganha-se aquele ímpeto perdido das sagas, onde cada capítulo revela e acrescenta sem nunca esquecer a base. Como o Marty McFly que regressa sempre ao presente também aqui viajamos no tempo voltando sempre ao conflito inicial. Neste festival de serial killers, o tom ligeiro é entremeado com bom gore, mortes criativas (sim a do pão) e um casal protagonista de hoje, importante (e ainda raro) nestas obras mais juvenis. Foi uma boa surpresa. Malta dos Halloweens, em vez de fazerem o mesmo filme e a mesma sequela 70 vezes seguidas (pure evil, buhhhhhh), podiam pensar numa coisinha assim, com, como é que se diz, ah já sei, interesse.


*Por vossa conta e risco: Yes Day, Fatherhood, Good on Paper

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Até arrepia

Tom Cruise fez isto, Tom Cruise fez aquilo. Comboios, aviões, helicópteros, Burj Khalifas, salta, cai, parte um pé, continua. Tudo muito lindo mas e então o Richard Gere que logo nos anos oitenta desceu uma corda com vasos, dum primeiro andar, sem recurso a duplos e ainda por cima a fumar uma tabacada. Ah pois, destes feitos é que ninguém se lembra.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Forever: A Purga do Texas

Trauteio sempre um bocadinho de Alphaville quando leio o título. Sou só eu? Se calhar sou. Bem, chegamos então ao quinto capítulo da saga The Purge, que à semelhança do quinto capítulo da saga Rambo, vai para sul, para as planícies e para os ranchos desta vida. Recatos que trazem sempre água no bico. Primeiro que tudo, tirar o chapéu (de cowboy) a esta mitologia, por tentar sempre em cada filme ilustrar uma nova hipótese, não só alternando entre perspetivas (ricos, pobres, militares, civis) mas avançando numa cronologia e numa transformação/evolução do evento. Desde a sua génese (a prequela) até ao início (conciso) de apresentação, passando depois para as ruas, para as regras e no final para a política. Esta mais recente purga faz isso mesmo, explora mais um "e se", neste caso "e se a liberdade de matar quem quiséssemos não terminasse?". Nunca. Depois de se ter extinguido (terceiro capítulo) este forrobodó anual volta a ser reinstalado e passado uns anos a bolha rebenta: grupos organizados de supremacistas brancos expandem a purga para além das 12 horas legais e começam uma caça a todos os estrangeiros. Seguimos então uma abastada família texana que tem de unir esforços com os seus empregados mexicanos para conseguirem sobreviver. O conceito é bom, aquela tensão da noite é bem replicada para a manhã seguinte, para o temor de uma eternidade, de uma guerra. Só que depois senti falta das bizarrias purganianas dos anteriores, das luzes, das máscaras, das armadilhas, do sadismo. Tudo isso aqui é substituído por uma fuga estrada fora, que de cinco em cinco minutos nos esbofeteia com as questões dos emigrantes, dos muros, dos índios, da ironia de ser o México a receber refugiados (como aconteceu em O Dia Depois de Amanhã). A coisa podia fluir sem essas constantes letras gordas, nós percebemos. Agora tragam mas é de volta o Frank Grillo e voltem a desligar as luzes. 

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Mas afinal o que é que não viste do Gus Van Sant? - Last Days (2005)


Há sempre um vidro ou uma parede neste purgatório Van Santiano. Enquanto que em Elephant (o meu favorito) erámos mochila nas costas das personagens, saltitando nos corredores, entre umas e outras, aqui somos espectros, mirones, a assistir silenciosos ao fim do mundo. Frios, como a mansão degradada de altos tectos que acolhe este organismo cambaleante. Não é que eu não fique encantado com as longas sequências, em especial com aquele delicado zoom out enquanto ele toca, a questão é queria francamente fazer parte destes últimos dias. E nunca consegui. 

quinta-feira, 22 de julho de 2021

The Little Red Barn Show

Kristian Matisson, conhecido como The Tallest Man on Earth, foi daquelas companhias decisivas no confinamento. Copo de tinto cheio, monitor a meio brilho e concertinho intimista para lembrar que as sextas ainda eram dias. Soltavam-se guitarras, naquela explosão contida e inquieta, e no meio do deserto estávamos enfim juntos. Depois desses retiros, o músico decidiu regressar aos palcos, ainda o ano passado, com pequenos concertos num celeiro. Esses momentos foram capturados pelo seu amigo Rolf Nylinder que hoje os apresenta neste belíssimo documentário musical.

terça-feira, 20 de julho de 2021

Tinhas de parar para ver não é?

Dez anos depois decidi voltar a casa. Àquela Murder House, cenário e título da primeira temporada de American Horror Story. Sólida proposta que rapidamente perdeu energia: vi o Asylum e o Coven mas não passei dos primeiros episódios de Freak Show. Uma salganhada visual, demasiado extensa que se perdia no seu próprio reflexo. Depois disso ainda vieram mais cinco e só não foram seis por causa do covid. É impressionante como esta saga de horror virou uma espécie de Anatomia de Grey que insiste em não ter fim. De certeza, suportada pelos seus autores e por uma legião de fãs que não pode ser pequena. Posto isto, ao dar de caras com uma espécie de spinoff meta, American Horror Stories, onde cada episódio é uma história autónoma - a antologia a parir antologias - decidi abrir a porta. Claro, que devia ter estado quieto. Primeiro, porque o susto inaugural acontece não em um, mas sim em dois episódios (batota). Segundo porque regressa à mansão assombrada do início e ao fato de borracha (cansaço). Terceiro e  último, porque continua mauzinho mauzinho (suspiro): os atores, especialmente a protagonista, não cumprem os mínimos; os truques, uma década depois, são exatamente os mesmos; a cinematografia perdeu toda a graça, toda a identidade; e a sopa de tons não nos deixa sentir o mínimo de terror/tensão/emoção. Feito. Quem sabe em 2031, volte para a terceira ronda. 

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Fim de Semana com o Morto: Acorrentados

Boa malha este Till Death. Deixa de lado o enfoque nos traumas - do qual Gerald´s Game usou e abusou - e segue fresquinho para o prato principal. E que vingança mais bem trabalhada, o moço pensou mesmo em tudo. Achamos que: oh que fácil, então agora basta ela ir até à cozinha, agarrar numa faca e...então, onde é que estão as facas??? É isto, de desafio em desafio, até ao confronto final que [SPOILER ALERT] está no poster. Esta malta do design não perdoa.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Digam-me outra

Os antigos dão dia sim dia sim nos AXN e FOX movies desta vida. O mais recente (2016) está na Netflix, na HBO Portugal e no Amazon Prime. A Disney + que não se ponha a pau não.  Bem, com tanta pressão de grupo lá comecei a ver Resident Evil: The Final Chapter. Não consegui: um dia adormeci, no outro o mesmo fado e ao terceiro, estava super acordadão e desisti. Já chega. Não consigo. Edição epilética, efeitos do tempo da nossa senhora, interpretações do teatrinho de 9º ano e uma história rebuscadíssima onde nada tem a ver com nada, muito menos com zombies. Os anteriores lá fui desbravando, ao longo dos anos mas confundo-os todos, são uma massa amorfa de clones, barcos, rapel num prédio, 3D nos óculos de sol e a chavalita holograma. O primeiro é o único que sobressai, que tem alguma estrutura e eficácia. Mas mesmo assim, é impressão minha ou esta é a pior saga de sempre? A sério, digam-me outra que constantemente e de forma tão equilibrada se tenha mantido com este nível de miserabilidade? 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

A caminho da revolução

[SPOILERS] Muito fã da persona Loki, dos seus cinzentos num universo de tons vivos. Grande parte desta primeira temporada foi esse regalo: uma cavalgada fantasiosa mundos afora, com desafios constantes no que toca à identidade, ao livre arbítrio, à solidão. As várias versões de uma pessoa a coexistir no mesmo espaço; o facto de nos podermos apaixonar e deslumbrar por nós próprios; ou sermos todos variantes de alguma coisa, linhas e hipóteses no meio de tantas outras. Lost, Devs, The Wizard of Oz, Planet of the Apes estão como já se disse, presentes neste final, que, à semelhança dos últimos capítulos das séries anteriores do MCU, acaba por me deixar um amargo na boca. Porém por razões diferentes. Wanda Vision e The Falcon and the Winter Soldier, apesar de terem oferecido desenlaces apressados (no primeiro caso) e pouco robustos (no segundo), conseguiram encerrar uma proposta, uma temporada: as pessoas saem da bolha e temos um novo Capitão. Aqui, apesar de existir segunda temporada, apesar de existir cliffhanger, havia lugar para uma conclusão. Meia hora de exposição para nos dizerem que o gajo por detrás da cortina quer exatamente aquilo que já sabíamos: manter a linha sagrada? Meia hora de exposição para sabermos que as várias linhas vão criar o multiverso - promovido já nos futuros What If...? e Doctor Strange in the Multiverse of Madness - e que isso vai ser uma grande rebaldaria? Meia hora de exposição para os Lokis se separarem, os personagens secundários ficarem ao pendurão e o "vilão" morrer para dar lugar a outro num futuro próximo. Nada ficou realmente e assim é inevitável este sentimento de passagem. Num dos textos que li hoje sobre o episódio comparavam o mesmo à cena do arquiteto no The Matrix Reloaded. Bem todos nós nos lembramos do que veio a seguir.

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Quote - French Kiss (1995)

No, no, you are not wrong. Wine is like people. The vine takes all the influences in life all around it, it absorbs them, and it gets its personality. Here.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Teremos sempre o Taskmaster


Ai Taskmaster, muitas vibrações Darth Maulianas, da presença maligna com pinta, cheia de pinta, pontualmente a dar o corpo à coreografia. Não é preciso conversetas, é uma questão de saber ocupar o écran, e este vilão entra diretamente para o topo da lista das figuras mais interessantes deste MCU. Depois, Florence Pugh, duas horas e vinte de Florence Pugh, é sempre pouco, mas em último caso volta-se a ver o filme do wrestling. Uma cine magnetite esta moça, cheia de genica, pronta para o legado, numa versão mais fresca que a conduzida por Scarlett Johansson. Quanto ao global, apesar de ter gostado daquele do modo G.I. Joe/James Bond, a rebentar com capitais europeias, e do final meio Mission Impossible, ficou a faltar a gravidade. Nunca conseguimos verdadeiramente sentir as cruzes da protagonista e estando ela salva de qualquer dói dói nesta prequela, é muito difícil estabelecer um ponto de contacto. Eu gosto deste bioma de intriga política e conspiração, do Captain e companhia, mas, assim como aconteceu na série do The Falcon and the Winter Soldier (em toda a questão dos retornados) faltam aqui unhas para abordar a realidade deste passado e desta "família". Pedia-se mais, mais negrume, mais fidelidade a quem, em última instância, dá o nome a toda esta história.

domingo, 11 de julho de 2021

Então estamos sós enfim


Bem Bom consegue superar o seu maior desafio: retratar a banda, não só enquanto Doce, mas enquanto Lena, Teresa, Laura e Fátima. Não escolhe ninguém em particular, não Freddie Mercuryza a obra em prol de uma narrativa mais fácil ou pipoqueira. A voz é delas, de cada uma delas. Quatro jovens atrizes que se atiram de cabeça, em personagens cheias, repletas de energia e identidade. Há esse olhar, esse esperar por cada uma, de forma a entrelaçar todos estes feitios em pequenos feitos, como aquele delicioso momento musical numa bomba da Galp. Por outro lado a belíssima cinematografia - destaque para o uso da contraluz - do pessoal, das formas, das roupas, não consegue esconder algumas limitações no que diz respeito à escassez de recursos. As atuações ao vivo acabam por ser repetitivas, pouco criativas e sem escala. Ficamos a pensar de como seria interessante explorar o cinema por detrás dum festival da canção, os artistas, o burburinho, a pontuação, aquele vai não vai de saber quem ganhou. Nada que aleije o trautear contagiante, enquanto descemos bem dispostos as escadas da saída.

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Filmar o tempo

Sai do carro. Primeiro, distrai-se com um avião a cruzar o céu, rasgando a traço branco o fundo azul. Depois vai apanhar algumas flores, num monte de folhagem seca que ali repousa. Ao retirar a última, uma lata adormecida cai para a estrada. O homem olha para ela e, reguila, dá-lhe o toque. Lá vai ela rua abaixo, primeiro para a direita e depois curva suavemente à esquerda até bater no passeio. E nós podemos assistir a tudo. Close-Up, o meu primeiro Kiarostami, é um inteligente e intrincado docudrama sobre uma pessoa que se faz passar por outra, recriado e interpretado pelos intervenientes reais, num jogo de espelhos que desafia formatos e convenções. Porém, é este compromisso com o tempo, com a espera - enquanto lá dentro tudo acontece - que me faz querer ver mais, saber mais e olhar mais.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Dos grandes finais


Look, I know you're gonna be goin' places with your singin' and stuff. And... I'm not the kinda guy to be carryin' your guitars around for you. But if you ever need me for somethin'... I'll be there.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

As outras crónicas de gelo e fogo

É uma obra despachada, seca, com aquele embrenhar país adentro que Taylor Sheridan (e eu) tanto gosta. Aqui a floresta e o fogo, a substituir o deserto e a neve. Porém  Those Who Wish Me Dead esquece dois aspectos fundamentais do canto anterior (o belíssimo Wind River): primeiro a desolação e o desalento da gente esquecida, de um cosmos onde ninguém salva ninguém; e segundo, a metamorfose da protagonista, nos seus dilemas e redenções. Jolie entrega-se, apanha porrada, mas não sentimos aquelas queimaduras e cicatrizes da Emily Blunt em Sicario. Ficou a faltar a ideia de que, apesar de a justiça ter sido feita, o mundo continua pesado, triste e assombrado.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

A mesma guerra

[SPOILERS] As criaturas estão um mimo. A premissa de ir recrutar ao passado para combater no futuro é também muito apetitosa. E o filme até estabelece bem as suas regras e dinâmicas, usando aquele salto temporal de um ano. Agora o que me irrita nestes mastodontes de fábrica é que caem sempre nos truques mais velhos, mais cansativos e mais gastos. Desistiram de nós, desistiram de pensar um guião que não te diga - Estás a ver este aluno? A falar de vulcões, assim do nada, com a turma toda a reforçar? Estás a ver? Estás também a ver o amigo por conveniência que é Engenheiro Geotérmico? Pronto ainda bem, é que no final do filme vai estar aqui a chave do problema. É tão de caras, é tão de caras que ele vai encontrar a filha - graças a deus que não foi o Eça a escrever isto senão podia ficar esquisito - que vai haver um sacrifício e que ele terá de resolver tudo no presente. Não dá para ser inocente. A falta de química entre toda e qualquer personagem também não ajuda, mas vá lá, vamos dar algum descanso ao molde e resolver as coisas com novas ferramentas, pode ser?

sábado, 3 de julho de 2021

Remakes Remax


Pior que as adaptações "ao vivo" da Disney estão as...quer dizer, pior pior, não há nada pior aquele novo Rei Leão. Logo a seguir vá, vêm os remakes que só mudam o elenco e a língua, como aquele filme dos telemóveis à mesa, que contou com 72 versões papel químico. Ainda à espera claro da versão portuguesa, andas a dormir Diogo Morgado! Acontece muito americanizar um produto estrangeiro, como fizeram com o meu querido Nueve Reinas, com o Abre los ojos, com o El secreto de sus ojos ou com o Spoorloos, que teve aquela versão com a Sandra Bullock e um happy ending. Não esse final feliz, malandragem, acaba é de uma forma mais simpática e menos negra que o seu original. Este último caso conduz-nos exatamente à praça central deste texto: o que leva um realizador a recriar quase tintim por tintim uma obra sua? Um filme que resultou, que foi bem recebido, que enche de orgulho a família inteira - inclusive o tio que era contra ele ir para artes - para quê voltar a encenar tudo de novo? Porquê? Foi isto que aconteceu a Erik Van Looy que em 2008 realizou o thriller belga Loft, sobre cinco amigos, bem sucedidos, casados, que decidem compartilhar um loft. Nesse espaço de convívio podem então em segredo, mandar umas facadinhas e fazer chichi fora do penico à vontade. Claro que dá merda e numa bela manhã de Primavera um deles descobre uma rapariga morta no espaço, presa à cama com algemas e começa então um jogo de "foste tu não fui eu". Ao jeito dos policias do Oriol Paulo, a intriga dá voltas e contravoltas, vai destapando o passado de surpresa em surpresa, e se conseguirmos passar aquela barreira do rebuscado, a coisa resulta bastante bem. 


Em 2010 aparece o primeiro remake, diretamente dos Países Baixos. Outro realizador, que entretanto leva com uma andaime em cima e é substituído provisoriamente por Van Looy. Já o remake americano, em 2014, foi realizado na íntegra, de novo, por ele. Oh moço, isto é que está aqui uma bela panca. Tem malta conhecida: o Scofield a na personagem do mais feinho/tímido e o Dredd como o mais safado dos cinco. O Cameron do Modern Family e o Teddy do Westworld. Ah e o cavalheiro belga a interpretar exatamente o mesmo papel. Não vi, mas fui picando assim aos saltos só para confirmar que era tudo igual: cena a cena, fala a fala, resolução e final. Pronto, agora uma sabática, para depois atirar mãos à obra aos remakes filipino, chinês e argentino.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Nova porta de entrada


Estava na altura. Talvez entusiasmado com o meu próprio regresso, talvez por querer deixar uma capa que um dia guarde todos estes trabalhos. Era hora. Os cabeçalhos toscos do início ficaram para trás no turbilhão de planos para uma ilustração novinha em folha. Agarrei no Alvin, no seu corta-relvas enquanto símbolo de persistência, mas também da última viagem, do final de dia, do crédito final. Atrelado a ele os seus víveres cinemáticos, as memórias que percorrem a estrada à procura de novas histórias, outros filmes. O conceito era este, na minha cabeça. Posto isto, lancei o desafio à melhor das melhores, à incansável, talentosa, extraordinária Carla Rodrigues. Reunimos, expliquei a minha ideia e passei-lhe a caneta. O resultado final é este, a superar todos os esquissos mentais, a equilibrar de forma tão serena os tons, os objetos, as viagens. Era isto, é isto. Que quadro tão bonito amiga, obrigado. Agora sim, todo pimpão para dizer: sigam-me em CRÉDITOS FINAIS. Irei estar por aqui, diariamente, num desabafo complexo ou, olhando para cima, numa história simples.