quinta-feira, 15 de julho de 2021

A caminho da revolução

[SPOILERS] Muito fã da persona Loki, dos seus cinzentos num universo de tons vivos. Grande parte desta primeira temporada foi esse regalo: uma cavalgada fantasiosa mundos afora, com desafios constantes no que toca à identidade, ao livre arbítrio, à solidão. As várias versões de uma pessoa a coexistir no mesmo espaço; o facto de nos podermos apaixonar e deslumbrar por nós próprios; ou sermos todos variantes de alguma coisa, linhas e hipóteses no meio de tantas outras. Lost, Devs, The Wizard of Oz, Planet of the Apes estão como já se disse, presentes neste final, que, à semelhança dos últimos capítulos das séries anteriores do MCU, acaba por me deixar um amargo na boca. Porém por razões diferentes. Wanda Vision e The Falcon and the Winter Soldier, apesar de terem oferecido desenlaces apressados (no primeiro caso) e pouco robustos (no segundo), conseguiram encerrar uma proposta, uma temporada: as pessoas saem da bolha e temos um novo Capitão. Aqui, apesar de existir segunda temporada, apesar de existir cliffhanger, havia lugar para uma conclusão. Meia hora de exposição para nos dizerem que o gajo por detrás da cortina quer exatamente aquilo que já sabíamos: manter a linha sagrada? Meia hora de exposição para sabermos que as várias linhas vão criar o multiverso - promovido já nos futuros What If...? e Doctor Strange in the Multiverse of Madness - e que isso vai ser uma grande rebaldaria? Meia hora de exposição para os Lokis se separarem, os personagens secundários ficarem ao pendurão e o "vilão" morrer para dar lugar a outro num futuro próximo. Nada ficou realmente e assim é inevitável este sentimento de passagem. Num dos textos que li hoje sobre o episódio comparavam o mesmo à cena do arquiteto no The Matrix Reloaded. Bem todos nós nos lembramos do que veio a seguir.

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