Será sempre libertador encarar esta caixa em branco. Perceber que não tenho título nem texto, e assumir depois que é urgente o encontro. Com eles e comigo. Enquanto caminho à procura do fácil, do oportuno ou por vezes do armado aos cucos. Do sorriso como reflexo. Passaporte enchendo os canudos, a vida no máximo para depois se regressar a ela. Acendem-se as luzes. Está na hora de qualquer coisa, trabalho, corrida ou apenas mais um tronco na lareira. Não sei antes agradecer, a vocês e aos quatro rapazes. Vocês pela partilha. Eles por ensinarem como se faz toda e qualquer despedida. Até para o ano.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
Syfy de saúde
Existem séries que são como o Jerry Maguire: you had me at hello. Ascension foi assim, logo logo com a premissa: uma nave anos 60, a Tricia Helfer e uma pita sinistra. Mas o que é que podemos pedir mais? Ainda por cima só três episódios, não custa nada. Tratem lá de continuar a história que, pelo menos Grândola, adorou.
Dos mesmos produtores de AVP
Chega TVM: Tarzan vs. Mogli. Ao que parece aquela ilha é pequena demais para eles os dois. Estreia em março do próximo ano. Ansioso. Whoever wins...tiger loses.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Sobre a cidade
Se em Once a música servia de nó, em Begin Again é promovida - e celebrada - a algo maior. Deixa de ser apenas veículo de ligação para se incorporar nas nossas existências. No nosso papel enquanto ouvintes, numa esfera maior que é a cidade. E Carney promove a festa do urbano - uma canção em cada sítio - simultaneamente apresentando-o como um não espaço - a cena dos phones duplos é prova disso. Cada cenário é construído por nós, pelas nossas notas, e o que nos impulsiona é a tentativa de conexão, com outros. Ruffalo olha para a canção, que antes ouvimos, e começa a imaginar, fantasmas a tocar no resto do palco, enchendo o som com o som que falta. É uma das cenas do ano. Tão genial quanto familiar.
domingo, 28 de dezembro de 2014
Sádicos como eu
Como aquelas experiências genéticas, com híbridos e bicharada mal cheirosa, aquelas, que quando cai a primeira gota nós sabemos: vai correr tão mal. Mas tem de se experimentar não é? O nosso sádico-preverso-curioso não autoriza outro caminho. Escrevendo a (falsa) ideia de que ficaremos mais sábios, mais pertences à história. Conclusão: duas da manhã e estava a ver The Interview. E não é que até gostei. Foda-se, estou a gozar. É horrível. Prendam estes dois. Não pelo aparato mas pelo que andam a fazer com câmeras, microfones, mesas de som, realizadores, actores. Dizem que são filmes, de comédia. Não são, são não-narrativas, onde eles podem continuar drogados a enfiar coisas no cu. Sim porque o humor Franco/Rogen é pilinha que cheira mal, pilinha grande, peidos, cocó nas calças e lá está, um foguetão recto acima. Um grita, o outro mostra que é gordo peludo. Não passa disto, aqui, não passa disto, nunca. Temos o Fireworks, temos o Wind of Change, piscadelas musicais que mostram resquícios de inteligência. E desenganem-se aqueles que veem em The Interview ousadia, frescura, coragem. Não passa da capa, um para vender, letras gordas que te levam a agarrar no livro para no final ser apenas mais uma revista cor de rosa.
Top 2014 - nem tudo foi mau (parte II)
11) Melhor chocolate - Jon Snow em Pompeii
12) Melhor spoiler no título - O Sobrevivente
13) Melhor "de onde é que eu conheço esta gaja?" - Emily Ratajkowski em Gone Girl
14) Melhor Garden State - Wish I Was Here
15) Melhor dentola falsa - Tilda Swinton em Snowpiercer
16) Melhor cameo camuflado - Matt Damon em The Zero Theorem
17) Melhor rabo de cabedal - Shailene Woodley em Divergent
18) Melhor rabo de ganga, legal por pouco - Nicola Pelz em Transformers: Age of Extinction
19) Melhor beijinho lésbico-estranho-fantástico - Maléfica e Aurora
20) Melhor regresso ao 12º ano - Os Maias - Cenas da Vida Romântica
12) Melhor spoiler no título - O Sobrevivente
13) Melhor "de onde é que eu conheço esta gaja?" - Emily Ratajkowski em Gone Girl
14) Melhor Garden State - Wish I Was Here
15) Melhor dentola falsa - Tilda Swinton em Snowpiercer
16) Melhor cameo camuflado - Matt Damon em The Zero Theorem
17) Melhor rabo de cabedal - Shailene Woodley em Divergent
18) Melhor rabo de ganga, legal por pouco - Nicola Pelz em Transformers: Age of Extinction
19) Melhor beijinho lésbico-estranho-fantástico - Maléfica e Aurora
20) Melhor regresso ao 12º ano - Os Maias - Cenas da Vida Romântica
Cá dentro
Willow Creek não vem salvar o género. Muito menos o sub-género, ou o sub-sub-género. Terror-found footage-big foot. Porém tem o exercício mais interessante sobre medo que o cinema do susto já viu nestes últimos anos. Porque se estamos aterrorizados, o mais provável, o mais comum, é parar. É gelar. Não aquelas separações e corridas tolas, inconscientes no seu próprio objectivo. São quase 20 minutos - se não são parecem - dentro de uma tenda, com uma lanterna, em sequência. No escuro do que grita lá fora, na prisão de quem grita cá dentro. Esmagador.
sábado, 27 de dezembro de 2014
Todos convidados
Vou começar a abolir a nostalgia, assumindo-a como entrelinha. De facto ela respira comigo, para quê diferenciar num conjunto de discursos cíclicos. Já não me suporto. Assim, The Guest, obra recta e eficaz, que poderia - segundo o Miguel do passado - remeter para outras décadas. Mas não - segundo o Miguel do futuro - esta é uma malha presente, feita hoje, por pessoas de hoje para gente de hoje. Porque 2014 também merece ser recordado com estes pontos. E este aqui tem uma pinta do caraças.
Top 2014 - nem tudo foi mau (parte I)
1) Melhor par de cornos - Daniel Radcliffe em Horns
2) Melhor Taken - Non-Stop
3) Melhor Taken sério - A Walk Among the Tombstones
4) Melhor confusão de títulos - Annabelle e Jesabelle
5) Melhor cena de ação num Bricomarché - The Equalizer
6) Melhor par de mamas - Eva Green em 300: Rise of an Empire
7) Melhor par de mamas censurado - Eva Green no poster de Sin City: A Dame to Kill For
8) Melhor uso hospitalar do 3D - Nurse 3D
9) Melhor estreia 4 anos depois - Centurion
10) Melhor garanhão - Jon Favrau que malha a Sofia Vergara e a Scarlett Johansson, em Chef
2) Melhor Taken - Non-Stop
3) Melhor Taken sério - A Walk Among the Tombstones
4) Melhor confusão de títulos - Annabelle e Jesabelle
5) Melhor cena de ação num Bricomarché - The Equalizer
6) Melhor par de mamas - Eva Green em 300: Rise of an Empire
7) Melhor par de mamas censurado - Eva Green no poster de Sin City: A Dame to Kill For
8) Melhor uso hospitalar do 3D - Nurse 3D
9) Melhor estreia 4 anos depois - Centurion
10) Melhor garanhão - Jon Favrau que malha a Sofia Vergara e a Scarlett Johansson, em Chef
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Só mais um ataque
No meio dos galhardetes, ameaças, ataques e muito pouca nudez, estamos de facto a esquecer-nos do essencial: Franco e Rogen não têm piada nenhuma. E isso sim é perigoso. Isso sim devia ser invadido, cancelado e proibido. Para sempre. Sempre com o quadro das ganzas, das pilas, dos trintões porcos. Vão chatear a vossa tia. Façam como o LaBeouf que soube levar a sua moca para os locais certos.
Boyhood é o pior filme de 2014 para os críticos do Créditos Finais
Na realidade sou só eu. E na realidade não é o pior. Foi só para chamar leitores, à la publicações da treta. É que andei desaparecido alguns dias e é sempre necessária uma reanimação cafajeste.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
A sério, desculpa
O que o trailer de Mad Max: Fury Road faz com todos os outros futuros tesões devia ser considerado bullying. Ah que giro, um sabre de luz, e um dinossauro mutante, e um exterminador velhinho. Até que a ópera começa e nós próprios sentimos vergonha. Ficamos pequenos, por algum dia termos amado outra coisa.
As fantásticas aventuras da não notícia
A SIC noticiou, com muita pompa, que Virados do Avesso é já o 26º filme português mais visto da década. Será que já não temos mínimos para os máximos? Podemos mesmo começar a contar do fundo?
terça-feira, 9 de dezembro de 2014
E agora algo completamente
Tusk é aquela ida às finanças, onde obrigam a encaixar nossas hábeis capacidades numa categoria. Mas não é bem. Pois, mas é a mais parecida. E chupa, lá levamos o rótulo. Assim leva Kevin Smith com comédia, drama e terror. Quando no fundo não, ou então sou eu, que ainda não percebo tal objecto. Incompreensão que de facto me leva aos píncaros da contemplação: entranha, entranha. Opção artística ou simplesmente ironia. Ousadia. Quando se aperta nos caminhos do desconforto, vira tudo à esquerda para o insólito, espetando-se na caricatura. Não deixando fixar olhar em campo nenhum, deixando ficar sim arranhão curioso para a posteridade. Venha o resto da trilogia.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Comic Con Portugal - balancé
Em primeiro lugar um agradecimento especial ao trânsito do Porto que me preparou, por vezes de forma bastante austera, para as esperas que viriam a acontecer. E que bate, com uma perninha às costas, o fim de semana da capital. Não há cá descanso alfacinhas! Depois - como já devem ter percebido - filas. Sábado, primeiro para entrar, depois para entrar mais e depois para andar. Mijava-se bem mas por exemplo, se quisessem pensar, ou mesmo arrotar, já tinham bicha. Comida não: fila para tirar a senha e depois fila para quem já tinha senha. Muita muita gente, muita muita. Isso entope obviamente os serviços que por sua vez não se privam de nos chularem forte e feio. Nada de novo, tem apenas de se encontrar um meio termo necessário que responda não só às enchentes (sábado) mas que também seja lógico para as meias casas (domingo). Não é fácil. Tirando este primeiro impacto e aperto, gostei bastante. Programa muito composto, com pessoas que estão lá mesmo, para aquilo e só aquilo. Pessoas que, citando a Natalie Dormer, sabem das suas merdas. Não é um festival de "música", não tem bêbados idiotas, nem agendas paralelas. Aqui é mapa na mão e universo na outra, estrela a estrela. Desenhando o nosso próprio roteiro sem nunca fugir ao comum, ao grito colectivo "you shall not pass", como se este se tratasse de território virgem com urgência de protecção. Os painéis são o reflexo descontraído disso, onde se vai falando do que se viu, do que se vai ver, do que se pensa, do que se quer, do que se quiser. E o que mais estimula é a surpresa (de cada um) nos recantos improváveis (cosplay de The 100 foi o twist da noite). Porque se gosta francamente. Para mim sim, parabéns rapaziada, bem organizado, bem disposto e muito bem composto. Até para o ano.
O episódio 5 é qualquer coisa
Conter tamanha desordem, é missão que só poderemos calcular. Prever, como se soubéssemos merda alguma sobre a dor. Facto é que James Nesbitt faz-nos provar o desgosto, o mais perto possível da rede. Sempre fechado, no fio, pronto a rebentar. Há algo que estala, cega e desregula a mais certa das mentes. Morremos somente para voltar, com aquele propósito. The Missing é um dos grandes acontecimentos televisivos do ano.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
Onde estão vocês agora?
Vinha, na luz dos faróis, a tecer o meu desagrado pelo final. Demasiado preso ao risonho fechado, pareceu. Mas quilómetros à frente, concluí, que se parasse o carro, a sorrir, não fazia do término meu feliz adeus. Boyhood é um trecho, com antes e depois, que merece ser vivido, saboreado e conversado. Especialmente nos seus próprios e fabulosos diálogos - o dos Beatles é inesquecível. Inquietações, as minhas, mas o que mais inqueita é a transparência do vai e vem. Corropio. As pessoas que chegam, como quartos onde habitamos, que vão, como objectos que vendemos. As realidades voláteis que no seu todo contam uma história, ruínas que se têm de ir erguendo na procura de respostas. É triste. É também absolutamente fundamental.
It´s not unusual
Nove anos depois chegou a minha carta de curso. Com ela uma outra, a explicar que o modelo tradicional era de prata e com fitas, e que a minha é igual ao modelo tradicional mas sem a prata e as fitas. Merdas da crise. Conclusão: é uma espécie de artefacto Indiana Jones mas versão O Bibliotecário. A sorte deles é que uma quase década é tempo de sobra para o perdão. E pronto domingo também vou ver a estreia da série na Comic Con. Ajuda muito.
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