[Vou escrever este texto como se tivesse visto The Collector logo em 2009. É mentira, vi-o no domingo, mas a questão é que não quero parecer desleixado no toca ao terror de algibeira.]
Miguel, para onde vai a saga Saw quando morrer? Na altura não consegui responder. Hoje sei, vai para The Collector. Já passaram mais de três anos e só quando tropecei na sequela é que voltou aqui. Na altura pareceu-me bem: um cavalheiro mascarado, tortura, mata e colecciona vítimas. Isto tudo em casa das mesmas, preparando terríveis armadilhas para quem quiser fugir. Ou seja, é tudo o que sempre quisemos que o Sozinho em Casa fosse. Ninguém engolia aqueles galos e cabelos em pé, as pessoas têm de se aleijar. Assim é, sem explicar e sem dever nada a ninguém. Agora chegou a sequela com a vontade de transformar uma pequena doce morte num massacre, ou não estivéssemos perante os argumentistas de Saw IV, V, VI e VII.
Posto isto, a questão é só uma: eu tenho de amar uma saga gore e xunga. Tenho, preciso daquele sentimento de ver novas mortes, novas engenhocas, novos gritos de massa zero. Será esta? Será esta que me fará voltar a acreditar, depois do divórcio complicado que tive com Final Destination? Tem tudo para ser. The Collection, começa bem. Muito bem, fazendo jus ao termo "debulhar malta". Indica-nos um caminho, segue por outro. Em vez do mais e maior, entra no covil do lobo. Na demência, bizarria e claro, bad acting. Está tudo lá: o mau indestrutível, o herói triste mas badass, as armadilhas sinistras e ridículas, cães, quase zombies e corpos. Chega ao fim e um gajo vê-se assim, dentro da caixa. Envergonhado, quiçá apaixonado.