Sequência: todo aquele plano de John Wick: Chapter 4. Esse.
Música: PIMP de Anatomie d'une chute, na cabeça com volume no máximo.
Sequência: todo aquele plano de John Wick: Chapter 4. Esse.
Música: PIMP de Anatomie d'une chute, na cabeça com volume no máximo.
Senti falta daquela amargura. Nem foi bem da amargura, mais do desconforto. E de uma irreparável tristeza que sempre acompanhou Payne na maior parte da sua obra. The Holdovers é muito mais optimista (e muito menos sincero). Porém é cinema de lareira com L grande: trio de luxo, belíssima fotografia e uma daquelas bandas sonoras para o caminho.
"Um dos primeiros contactos que tive com o Pedro foi a propósito de uma iniciativa que criei no meu blogue: escolhia um animal e depois convidava três escribas da blogosfera para associar um filme a essa espécie. O animal em questão era o porco. O Pedro escolheu o “Hannibal” do Ridley Scott porque tem porcos e principalmente porque tem a Julianne Moore. Estou a brincar. Escolheu os porcos cúbicos de “Space Truckers”. Eu, pequenito imberbe, nunca tinha ouvido falar de tal extravagância; camionistas espaciais e porcos geneticamente modificados, tudo apresentado num texto que misturava o golfinho cyberpunk de “Johnny Mnemonic” com os cangurus humanos de “Tank Girl”. Dois parágrafos, uma viagem.
Estava a sair do Thanksgiving quando olhei para a sala do Killers of the Flower Moon. Ainda ia a meio. Aquelas pessoas ainda tinham mais uma hora e quarenta de "Aonde É que Pára o FBI?". Alguém tinha de fazer alguma coisa. Agarrei na nota que tinha no bolso, recrutei meia dúzia de escuteiros de Tábua que estavam no Pizza Hut, e fomos distribuir águas, bolachinhas de canela e pacotinhos de fruta. Os espectadores, alguns já muito desidratados/desmaiados, agradeceram imenso, lágrimas e abraços apertados. São estes pequenos gestos que fazem a diferença no interminável cinema dos dias que correm.
Este texto ia terminar no último ponto final. Era só humor. Mas alguém me perguntou: então e essa jantarada do Eli Roth? Opá sim, parecei que estava de novo nos 90, a saber o que tinha feito na estação passada, numa terreola pequena cheia de jovens giros que nos fazem lembrar outros jovens giros. As gavetas estão todas lá, do início ao fim, e Roth vai percorrendo este mobiliário slasher com aquele nervo desgarrado de uma boa machadada. É refrescante perder a subtileza e ter aqui um conjunto de mortes inventivas, fodidas e que de alguma forma preenchem a lacuna deixado pelo meu muito querido Último Destino. Para além disso cozinha a sua história de um modo focado, sem aquelas revelações que afinal era o enfermeiro que tinha aparecido 5 segundos em segundo plano na cena do bar e que se queria vingar por lhe terem puxado as cuecas em 1978. Aqui temos um evento chave - melhor início do género que vi em anos, a expetativa foda-se, é assim que se faz - que vai determinar os eventos que têm lugar no ano seguinte. Podia ser um bocado mais pequeno e não necessitar tanto da nossa boa vontade em alguns momentos. Mas soube bem voltar a um slasher sem entulho meta, só matar, matar e matar.