quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Os melhores filmes de 2023 | Créditos Finais


[SPOILERS] Não poderia começar com outro nome senão Bradley Cooper. Oh Bradley, you've done it again. Haverá, em 2023, papel mais marcante? Interpretação mais concentrada, dedicada e emotiva que aquela que ele oferece em Dungeons & Dragons: Honour Among Thieves como Marlamin, o ex pequenino da Michelle Rodriguez? Inesquecível. Ah então e o outro filme muito bom onde ele também entra? Calma, calma. Guardians of the Galaxy Vol. 3, também está aqui no top, e a voz de Rocket Raccoon é o coração de toda esta aventura. Tão simples como ir salvar alguém de quem gostamos. De facto estes dois tomos fazem-se passar por velhos, na nostalgia, mas injectam aquela energia desconstruída de uma boa história, procurando novos caminhos. Não vou picar filme a filme, é um conjunto que se une por vontades, de rever, de conversar, de perceber. Porém vou deixar alguns pontos altos, que serão quadro futuro quando voltar a visitar o ano.

Frame: este diálogo na varanda de  Asteroid City.


Sequência: todo aquele plano de John Wick: Chapter 4. Esse.


Música: PIMP de Anatomie d'une chute, na cabeça com volume no máximo.

 

Momento: abrir os braços com o Moretti em Il sol dell'avvenire. Uma festa.
 
 
Finala despedida de Past Lives. E sobre ele...
 
 
...não me lembro de outro filme que desmascare tão bem a cidade, no som das sirenes, na água a bater no cais, no gotejar das caleiras, no próprio céu, cinzento e pouco amigável. Existe um esvaziar do postal de visita, onde os espaços são apenas espaços, infindáveis torres de quotidiano por onde passamos, sozinhos. Todo o romantismo é remetido para os silêncios e as possibilidades. E nós com as nossas próprias linhas e desculpas, rendidos a este belíssimo primogénito de Celine Song.
 
 
 Lista completa em:

 
 
 

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A ternura dos 60

Senti falta daquela amargura. Nem foi bem da amargura, mais do desconforto. E de uma irreparável tristeza que sempre acompanhou Payne na maior parte da sua obra. The Holdovers é muito mais optimista (e muito menos sincero). Porém é cinema de lareira com L grande: trio de luxo, belíssima fotografia e uma daquelas bandas sonoras para o caminho.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

20 anos de Cinemaxunga

"Um dos primeiros contactos que tive com o Pedro foi a propósito de uma iniciativa que criei no meu blogue: escolhia um animal e depois convidava três escribas da blogosfera para associar um filme a essa espécie. O animal em questão era o porco. O Pedro escolheu o “Hannibal” do Ridley Scott porque tem porcos e principalmente porque tem a Julianne Moore. Estou a brincar. Escolheu os porcos cúbicos de “Space Truckers”. Eu, pequenito imberbe, nunca tinha ouvido falar de tal extravagância; camionistas espaciais e porcos geneticamente modificados, tudo apresentado num texto que misturava o golfinho cyberpunk de “Johnny Mnemonic” com os cangurus humanos de “Tank Girl”. Dois parágrafos, uma viagem.


As entradas deste compêndio são esses carimbos de passaporte, viagens inesperadas a um universo que se foi construindo ao longo dos últimos 20 anos. Nas histórias que nos levam a outras histórias e nos tocam quem nem o dedão luminoso do E.T. Porque para além de uma visão holística e de um respeito inabalável pelo cinema, o Pedro manobra o coração da arte sem nunca o deixar cair, nunca esquecendo que os filmes, os nossos filmes, são momentos. Como os vivemos, com quem os vivemos, onde os vivemos. É essa interface, esse assumir o filme como parte de nós, como película muito além dos 90 minutos (hoje 180), que torna cada título desta aventura tão especial. Por outro lado, folhear estas páginas é também voltar atrás, aos blogues, aos clubes de vídeo, aos velhos cinemas. Quando os bilhetes não eram um talão do Continente e as alcatifas ditavam aquela magia. Percorremos com ele esses degraus do que já não é até aos dias de hoje, às plataformas e aos super- heróis, sempre com a missão clara de continuar a procurar, descobrir e partilhar. A embrulhar todo este apocalipse xunga, o humor único, as dicas, os conselhos, quer seja para sugerir um filme aos amigos ou para escolher aquela sessão da cara metade. Arnie, Bronson, Carpenter, e o resto do alfabeto que interessa, tudo aqui."


Excerto do Prefácio do Livro "20 Anos de Cinemaxunga" do meu grande amigo Pedro.

À venda na banca do costume:



Commando no NFF 2023 - Episódio ao Vivo

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A meta cenoura


Atenção que depois da praga "filmes de romance teenager com time loop" está a aparecer muito nestas casas mais novas a infestação "filmes de terror meta com viagens no tempo ou universos paralelos". No fundo são obras que aplicam aquelas temáticas irrecusáveis, um assassino com uma máscara supimpa e sangue com fartura, para nos ludibriar em propostas preguiçosas e infantis. Uma coisa que estes terrorzecos tiktok nao percebem é que ser auto consciente, com meia dúzia de referências, não significa ser consistente. E é muito a isso que estes filmes se agarram: a uma aparente descontração divertida que se traduz num vazio sisudo e mecânico. Caso sejam apanhados pelo Jigsaw e este vos obrigue a escolher entre as duas propostas mais recentes do género, It´s a Wonderful Knife e Totally Killer, sob ameaça de vos barrar as nádegas com cola quente, escolham o segundo. Caso não sejam apanhados, vejam mas é o filminho do Eli Roth, logo ali no post de baixo.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

As saudades de uma boa jantarada

Estava a sair do Thanksgiving quando olhei para a sala do Killers of the Flower Moon. Ainda ia a meio. Aquelas pessoas ainda tinham mais uma hora e quarenta de "Aonde É que Pára o FBI?". Alguém tinha de fazer alguma coisa. Agarrei na nota que tinha no bolso, recrutei meia dúzia de escuteiros de Tábua que estavam no Pizza Hut, e fomos distribuir águas, bolachinhas de canela e pacotinhos de fruta. Os espectadores, alguns já muito desidratados/desmaiados, agradeceram imenso, lágrimas e abraços apertados. São estes pequenos gestos que fazem a diferença no interminável cinema dos dias que correm.

Este texto ia terminar no último ponto final. Era só humor. Mas alguém me perguntou: então e essa jantarada do Eli Roth? Opá sim, parecei que estava de novo nos 90, a saber o que tinha feito na estação passada, numa terreola pequena cheia de jovens giros que nos fazem lembrar outros jovens giros. As gavetas estão todas lá, do início ao fim, e Roth vai percorrendo este mobiliário slasher com aquele nervo desgarrado de uma boa machadada. É refrescante perder a subtileza e ter aqui um conjunto de mortes inventivas, fodidas e que de alguma forma preenchem a lacuna deixado pelo meu muito querido Último Destino. Para além disso cozinha a sua história de um modo focado, sem aquelas revelações que afinal era o enfermeiro que tinha aparecido 5 segundos em segundo plano na cena do bar e que se queria vingar por lhe terem puxado as cuecas em 1978. Aqui temos um evento chave - melhor início do género que vi em anos, a expetativa foda-se, é assim que se faz - que vai determinar os eventos que têm lugar no ano seguinte. Podia ser um bocado mais pequeno e não necessitar tanto da nossa boa vontade em alguns momentos. Mas soube bem voltar a um slasher sem entulho meta, só matar, matar e matar.