[SPOILERS] Ninguém cantou a música do Pingo Doce nos anúncios iniciais. Mas houve palmas. Quando a sala aterrou em segurança. Não se pode ter tudo. Ganhamos umas, perdemos outras. Quem venceu decerto foram os moços que acharam boa ideia apagar digitalmente duas personagens dum trailer. Com 148 minutos de filme alguém decidiu que se devia colocar aquele conjunto de frames e depois apagar parte, com uma borracha da rotring. Para manter a surpresa. E acima de tudo a idiotice. Porque, ora deixa ver, havia tantas outras cenas para pôr foda-se. É preciso adulterar o filme? Estar a mexer à padeiro para depois ser descoberto passados escassos minutos pela mais frenética e faminta base de fãs do mundo? Filmes e séries a mais num só ano dá neste engolir do detalhe.
Já este terceiro capítulo é uma aventura que passa a correr, tendo em Holland, Zendaya e Batalon um núcleo quase indestrutível. De facto faz toda a diferença: quando eles se abraçam já perto do final, o coração está lá, no meio. Com humor e sinceridade. Sempre foi algo que gostei nestas propostas do Watts, uma certa inocência dos afetos, um amenizar das dores de crescimento. Visão mais fresca e revigorante que os anteriores: amarrados ao fado, às responsabilidades, às tragédias. Mas, e é aqui que a coisa fica interessante, este filme consegue não só apanhar essa onda do passado mas também fazer as pazes com o mesmo. Existe em Spider-Man: No Way Home todo um lado Last Action Hero que me deixou a pensar. Tenho tendência em classificar, "ah não sei quê este ator é uma merda a trepar paredes", mas o que aqui nos é apresentado, é que para além de vários Peter Parkers de vários universos, nós temos várias personagens de vários filmes. É o mesmo, mas não é. Todos eles têm o seu lugar, o seu tempo, as suas batalhas, e mais importante, o seu valor. Colocá-los em sintonia, lado a lado, é ter a noção do caminho, do cinema e do que é ser o Homem-Aranha. Falhas e marcas à parte, este respeito por si próprio já ninguém lhe tira.
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