sexta-feira, 4 de julho de 2025

Revirar dos Olhos: Renascimento

Logo ao início, num museu, a personagem de Jonathan Bailey queixa-se de que o mundo perdeu o interesse nos dinossauros. Que os esqueceu. Quando li que Gareth Edwards ia pegar nesta saga pensei que ia conseguir reacender essa centelha de magia. Que poderia trazer de novo a escala, e acima de tudo o respeito. Vínhamos duma espécie de paródia onde o Starlord fazia gargaladas a um Dilophosaurus, valia tudo. Precisávamos da contemplação de Monsters e da natureza prática de The Creator. Mas se calhar precisávamos também de tempo: longe vão aquelas produções de anos, de cenários, de peripécias, de verdade. Este filme parece ter sido escrito de manhã, filmado ao almoço, editado à tarde e distribuído durante a ceia. O guião é um absoluto desastre, com diálogos palermas, fora de tempo e sem propósito. Péssima direção de atores. Há um momento em que duas personagens falam das pessoas que perderam, e a seguir riem muito (?) e nada disso volta a interessar. Outro exemplo paradigmático é o dinossauro bebé, a Dolores, que em qualquer obra competente teria uma função mais tarde na aventura. Nada. Estamos sempre a espera de uma ligação, de uma mudança, de um gancho. Porém o filme foca-se apenas no desiquilíbrio desinspirado de missão A, missão B, missão C, CGI, CGI, CGI, fim. Há flashes de Edwards - o monstro final nas sombras - e óptimas cenas de ação - a da jangada é memorável - mas depois temos toda uma ilha nova, com um novo tipo de ameaça, e parece que saímos como entrámos. Esquecidos e imaculados. 

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