terça-feira, 19 de julho de 2022

Fila de Braquiossauros na A2 desde o 2º viaduto do Feijó

[SPOILERS] Há uma cena em que o Chris Pratt faz uma gargalada com uma só mão a um Dilophosaurus. Acho que foi aí que desisti. Sei lá. É que mesmo que se passe a inexplicável escolha dos temas perdeu-se aquela distância necessária. Fallen Kingdom em vez de abordar as questões morais de salvar ou não salvar, debruçou-se sobre os avanços da clonagem, leilões à chuva numa mansão antiga e um dinossauro ainda mais malino do que o outro mais malino que por sua vez já era mais malino que o seu predecessor. Pronto, tudo bem. Jurassic World Dominion em vez de atacar os desafios de equilibrar um ecossistema completamente novo (e explorar os vários cenários) vira uma espécie de live action do A Bug's Life, abordando os novos perigos da manipulação genética. Pronto, vá, que se foda. Siga. O problema é que mesmo dando isto de barato, extinguiram aquele respeito e encanto pelo dinossauro: a sua mística. O perigo, a expetativa. É verdade que a introdução da domesticação palerma, inserida logo no primeiro filme desta trilogia, não ajudou, mas vá lá, isso não justifica. Podíamos ter um Jurassic Galaxy, passado numa casa de férias numa lua de Saturno sobre os perigos dos ventos solares em pulgões da areia, mas ser à mesma uma boa aventura, bem escrita, com as peças no sítio certo. Este filme nem isso consegue, saltitando entre uma edição amadora e diálogos constrangedores. - Tens um dinossauro às costas? - Tenho, tenho. Fim de conversa. O que é que é isto? E depois anda lá o elenco do original, de um lado para o outro, à procura do cheque, sem grande função ou coração. É tudo um bocadito desolador. Sei lá.  É mandar solidificar este filme em âmbar e esperar que nunca ninguém o encontre, porque esta "nova" saga, ao contrário da vida, não está mesmo a encontrar um caminho.

Sem comentários: