Tem início hoje o Ciclo Tu já não és tu, uma tripla investida que tenta homenagear a canção do Toy, perceber o que aconteceu ao Spielberg nos últimos 20 anos e falar de filmes onde bandidagem alienígena nos troca uma versão mais sinistra de nós próprios. Para que a coisa faça sentido começamos pelo segundo, o remake do filme de 1956, que mete o Donald Sutherland e uma rapariga que ia jurar que era a do Suspiria mas afinal não é - confundi a Brooke Adams com a Jessica Harper - a fugirem que nem doidinhos de uma invasão extraterrestre. Há um plano picado incrível, onde só vemos as pernas de ambos a ir para um lado, depois para o outro, em crescente ritmo e desespero. O modo como a paranóia vai sendo apresentada, com recurso a esses elementos citadinos, passeios, luzes, montras, é de mestre. Em paralelo, o processo de gestação/replicação vai sendo desvendado com paciência, dentro dos tempos necessários: o filme a mutar-se da ficção científica para o terror, com aqueles casulos, aquela gosma, e depois, aquele grito. O truque que nos salva a ser afinal a nossa perdição. Foda-se que final.
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