segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Festas do Capitólio

O meu irmão, rabugento e já escondido no seu robe, soltava insultos a respeito do ridículo, comparando aquela populaça ao Capitólio. E de facto, não existe grupo que espelhe melhor o governo autoritário dos livros de Suzanne Collins. Os filmes, permitem de forma ainda mais eficaz a concretização do lado a lado: um grupo de excêntricos, com penteados coloridos, longas pestanas e vestidos estrambólicos; rídiculos que se passeiam, avaliados por seus pares. Num centro, fechados nas suas festas e modos de vida, nos píncaros do bizarro, escravizando uma população de 12 distritos. O Capitólio não ouve o resto do mundo. Hollywood é assim, acha-se com tanta graça que ficou mouca, de pescoço torcido lambendo o umbigo, cada vez com maior afinco. 

Servem, os Oscares, mais alguém do que eles próprios? Não. Não são uma gala de entretenimento, são um conjunto de anúncios intercalados de vez em quando por imagens de um teatro onde pessoas se levantam e recebem prémios. Com um apresentador castrado, que lê as deixas recicladas que outro alguém escreveu. E se é para fazer comédia, que seja com o filme vencedor, para as merdas ficarem ainda mais previsíveis. Sim, porque as previsões metereológicas ditaram todo e qualquer aguaceiro, com um rigor futurológico que provoca arrepios, e sono, tanto sono. Depois os discursos. Foda-se, vocês sobem uma vez na vida àquele momento, milhões de pessoas a ver, e agradecem à Academia? A sério? Oh espertos, eu já sei que vão agradecer à Academia, à família, aos colegas, ao realizador, ao arrumador, ao tozé dos milheirais, e ao raio que vos parta. Metam os papéis no rabo e usem o tempo. Percebam que têm direitos, mas também deveres, e que são importantes para outrém, que conseguem fazer pensar, conseguem mudar. E pôr a girar. Até o Homem-Aranha sabe que com grande poder vem grande responsabilidade. Se calhar esta canalhada também sabe e não pode. Como o Sean Penn a apresentar o Melhor Filme, ditando lentamente e custosamente umas balelas, que nem refém do Estado Islâmico. Tem calma chefe, que um dia destes nós vamos aí salvar-te. Até esse dia chegar, e como qualquer vídeo de ontem poderá acidentalmente causar uma tedianite aguda, deixo aqui o Glenn Medeiros a passear na praia. Para o ano à mesma hora.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Aguenta MacGyver

Fala-se do filme desde o tempo da outra senhora. Com realizador e tudo, James Wan, o puto do terror, agora dos popós, foi o nome escolhido. Depois, nunca mais. O que aconteceu? Burocracia? Merdas com guita? Ou a simples constatação de que MacGyver é peça única? A última, só pode ser a última. Rapidamente entrando no exercício de tentar encontrar um novo rosto, rapidamente percebemos que não dá. Não dá. Demasiado fechado, não só na figura de Richard Dean Anderson, mas no que ela representava. A ingenuidade das décadas por onde transitou, suportada por uma inteligência difícil de replicar; o conceito de homem comum de ação da ciência, que hoje possivelmente seria traduzido em qualquer tolice terminada em sexual. Não dá. Já tentaram, com Young MacGyver, merda. Não dá. Ele é o guardião de cada arrepio ao som do genérico. E isso somos nós, a fechar calorosamente os portões com ele. Aguenta, és o maior.

Dois filmes, um bom, outro horribilis horrendus

Ficou tudo doido. Neill Blomkamp, Alien. Ao que, fugindo ao óbvio processo de castração química por parte do estúdio, eu pergunto: mas ninguém viu o Elysium?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Teorias invencíveis

Se eu começar a linha com "acabei por ver", parece que jantei o resto do parágrafo. Mas infelizmente professores, não há muito para trás. Acabei por ver Unbroken e The Theory of Everything em parelha. Um a seguir ao outro, mas em dias diferentes porque também já não tenho 20 anos. Malucos. O irónico deste reflexão é que ambas as obras se completam deficientemente, falhando uma onde a outra abusa. O capricho de Jolie -ciumenta, não pôde ver o marido ganhar um Oscar por um filme onde um gajo leva pancada durante duas horas - tem coisas bonitas. Especialmente a história, e as imagens. Problema? O sacrifício ser justificado abusivamente com a fé, com o isolamento da bolha "eu e deus", como se o resto fosse espectador. Americanada a entrar pelas traseiras, como quem não quer a coisa. Faltam as relações e os laços, aqueles da vida antes e da vida durante. Bem desenhados pelo candidato ao Oscar de Melhor Filme. E o que gostei mais foi a simplicidade dos mesmos. Quando não funciona o assumir, o desconforto de quem já não consegue. Problema? É apenas o íntimo, fica curta a ciência, e seus feitos. A obra, no tempo e no espaço, como ela mesmo se apelida. Não existe. Conclusão, dois contos de dois invencíveis, com fé a mais e ciência a menos.

I believe in angels

Artigo porreiro da melhor série do mundo. Numa altura em que o genial especial de Natal tinha acabado de passar por aqui. É cada coincidência que parecem duas. E como também me acho pecaminosamente envolvido com Black Mirror, deixo aqui o meu top e depois os ABBA. Por esta ordem. 

7. The Waldo Moment
6. The National Anthem
5. Be Right Back
4. Fifteen Million Merits
3. White Bear
2. White Christmas
1. The Entire History of You


Tem a Julliete Lewis

O que, vivendo nós de fotografias, deveria ser mais do que suficiente. Se não for basta dizer que é o round televisivo de Shyamalan, o filho não querido, outrora menino de ouro, dos Odiosos. Um povo quente que vive nas colinas do Embirramento, e que empunham do Anel da Chatice. Só os feitiços Piretes conseguem dar luta às lâminas da Moda. Piretes e porros. Eu gosto do gajo, de tudo. Por isso amigo mago, sê bem vindo ao pequeno écran, território proibido desta tribo E que mais podíamos pedir do que uma vila sinistra onde não dá para sair?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Remake de Conta Comigo

Só com gajas, num restaurante. Conta com migas. Ansioso.

I Congresso Internacional de Cusacks - Programa Primeiro Dia

 27 de junho de 2015 (Centro de Congressos do Estoril)



9:00 - Recepção dos participantes


9:30 - Wellcome drink (só há moscatel)

10:00 - Cusack: uma nicolas cagezização do penteado?
Rui Moscada (PhD numa merda qualquer de pirucas)

10:30 - Campanha "Adopta um Cusack"
Isabel Perene (Associação de associações municipais do interior)

11:00 - De 2012 a 1408: a matemática Cusack
Jorge Francisco (Departamento de Matemática da Universidade Dependente)

11:30 - O mistério de Serendipity
Pipoca Mais Doce (do blogue A Pipoca Mais Doce)

12:00 - Con-air: se tirarmos o "i" e o "r"
Erica Fontes (XBIZ Awards – Foreign Female Performer of the Year)

12:30 - Almoço 

14:30 - Workshop "Construção de um origami do Jonh Cusack"
Um chinês

16:30 - Workshop "Recriação da cena final de O Júri"
Carlos Alexandre (vigilante)

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Sempre eu

Confesso que estou desiludido. Não com o dia em si, mas com as gentes. Tanta hora para colocar vídeos de O Amor Acontece, e nada. Podem sempre dar a desculpa: é mais natal. Certo, mas então e o Dia dos Namorados do Garry Marshall?!? Horrível e pastoso o suficiente para merecer atenção, ou não? Cambada de ingratos. Tenho de ser eu a salvar o 14. Aqui fica o final do Namorada Aluga-se e não digam que vão daqui.

E ainda não vi o tau tau

Pior que o fenómeno filme, é o fenómeno atenção. Sim, confere, estou aqui e esta é mais uma tentativa a juntar à pilha. Ao que o Ferreira chegou, dizem os sábios do bigode. Também tenho contas para pagar oh farfalhudos! A questão é que o filme tem sexo, ou proclama ser sexo. E o cinema não tem sido generoso com o coito. Quantas cenas de sexo vimos no grande écran nos últimos 10 anos? Pipoca, sala cheia, e tudo a que temos direito. Quantas? Sexo, sexo, não as tretas cheias de roupa. Quantas? Não tantas como os anos, de certeza. Já não se fazem para o grande público, o instinto fatal morreu, viva ao instinto fatal. Ao invés - e aqui é que a coisa ganha piada - estes êxitos polidos, que dão a falsa sensação de atrevimento, sossegando e apaziguando. A ousadia da ditadura comercial. Suportada claro está por uma, ainda mais inexplicável, atenção mediática. Muita gente, filas, bilhetes esgotados. O último filme do Vasconcelos também foi um enorme sucesso: onde estavam as análises? Onde estavam as reflexões sobre a solidão e abandono da terceira idade? Pois, não estavam, porque isso, ao contrário duma palmada no rabo, aleija a valer.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Boom shak-a-lak

Freddie Mercury cantava e bem:

Bring it back, bring it back
Don't take it away from me
Because you don't know
What it means to me


Ninguém sabe. Nem os Farrelly sabem, o que representaram. Escala bem definida, o antes e o depois dos manos. Revolucionaram e vieram estabelecer um novo incorrecto, cheio de provocação inteligente. Com um equilíbrio milimétrico, tudo certo, irresistivelmente certo. Mas a comédia é madrasta, e não quer cá a mesma cria, à mama, durante anos. É ingrato? É. Exigente? Sem dúvida. Tem dado frutos? Nem por isso. A reinvenção não tem de facto reinventado nada. Alguns fenómenos, aqui e ali, mas vivemos substancialmente de sequelas. E suspiros. Dumb and Dumber To é uma sequela e um suspiro. Tem coragem de voltar, mas não sabe como. Como quarentão que tenta outra vez os dezoito, desenquadrado, com a camisa demasiado enfiada no cu, desajeitado a dançar as novas modas. Não se ergue nem monta, porque também não tenta, limita-se ao estatuto, colando uma série de clichés, e esperando festinhas na cabeça. Desta vez não rapazes, desta vez não.

Sondagem aqui ao lado

Ando com um vontadão de rever esta malha bebéziana, com andaimes, gorilas e bandidos.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Uma série de coisas, que ainda não vos contei

Acho que ainda não vos contei, uma série de coisas. Quando fui ver o último hobbit, já no final, quando o Bilbo e o Gandalf voltavam para casa, pareceu-me ver o Willow, montado no cavalo. Depois fiquei triste e fui de emergência ouvir, e ouvir, e ouvir.


Porque faz falta uma boa aventura. Tão raras como as ararinhas azuis. Já só existem em cativeiro. Ou então no mar, onde decorre Black Sails. Voltou agora, com uma força inacreditável e um vilão zarolho. É a melhor série do momento, que nos faz acreditar na conservação do entretenimento. Nos tesouros, nos piratas, nos navios, na nossa fantasia, que tanto queremos recuperar.
Por último Foxcatcher. Numa conversa Carrell diz que determinada situação é como um coal canary (canário nas minas de carvão), perguntando de seguida se Tatum gosta de aves. Em português traduziram a expressão do canário para prenúncio, que é realmente sinónimo, mas que descola completamente da pergunta que viria a seguir. Desta vez passa, mas para a próxima tenham mais atenção a esta merda.

Remake de Cães Danados

Só com gajas. Cadelas Danadas. Ansioso.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015


Jovem procura música

Eu gostava muito de saber qual a música final de The Drop. Como não sei, meto aqui esta. Na esperança de vos convencer amigavelmente a me passarem tal informação.

O jogo da acumulação

Panfleto ilustrativo de como os Óscares são hoje uma volta. A soma de uma série de inconsequências. Quem corre sabe disso. E vende a performance dessa forma: olhem olhem, nós somos os que ganhámos mais etapas, logo somos os que merecemos vencer a prova. É infantil, é pobre, é triste.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Trailer do Velocidade Furiosa 7


A Lista de Schindler num Zoo

The Zookeeper's Wife tells the account of keepers of the Warsaw Zoo, Jan and Antonina Zabinski, who helped save hundreds of people and animals during the Nazi invasion.

Este sim é o fim

O desalento é tão quente, que só não suamos por ser fevereiro. A última obra apocalíptica. Digna de lugar no panteão das verdadeiras, do caos e desespero, do sexo, anarquia, morte. Que já aconteceu, apenas sabemos ser fantasmas nessas horas finais. Mas, o que aqui nos colocam é o que levamos depois: se queremos acabar em nós. Se mesmo quando não há nada pretendemos assegurar o nosso tudo.

Sócrates dá entrevista a Créditos Finais

Não vou colocar aqui a entrevista na íntegra porque, aqui que ninguém nos ouve, não foi grande merda. Tem o TVCine & Séries mas não saca nada. Ainda não viu um único filme dos Óscares nem o novo trailer do Fast & Furious 7. Perguntei-lhe se estava ansioso pelo Jurassic World e ele disse que só gosta do 2. Em especial da cena que a miúda faz umas acrobacias. Assim não Sócrates.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Pássaros e raposas

Tem aquela cadência de filme da vida, pesadão. Demasiado longos, os planos, sem qualquer requinte na fotografia, concluindo no pântano do desnecessário. Por outro lado, esta secura de quem corta fiambre, resulta na incapacidade da resposta. Não se procuram grandes porquês ou justificações. Elas talvez existam em grande escala, ou não fosse o final um urro patriota, mas na intimidade ficamos burros. E aí sim Foxcatcher conquista e amedronta. Suportado por um Carrell fora de série, não na maquilhagem, que isso é carnaval, mas no resto, que é todo um inesquecível trabalho de ator. O corpo, e o olhar. Porra aquele olhar, descaído e vazio, em contenção absoluta, que nos faz provar a impotência de quem nunca conseguirá ler um ser humano.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O filme nunca vai ser bom

[Texto elaborado segundo o acordo de quem já viu o filme há muito tempo para não ser esbofeteado por só o ter feito há pouco] Contínuo a deslocar o queixo na direcção do chão, ou mais discreto coçando os lóbulos da frente, sempre que penso no conjunto, o que esteve por detrás do mesmo e como um levou ao outro. Como tamanha desordem se reformulou na obra-prima? Poderia ser de outra maneira? Acho que não. Cada peça, por mais desconstrutiva, serviu para erguer a história. E que queremos nós senão histórias dentro de histórias até não podermos ouvir mais? Hearts of Darkness: A Filmmakers Apocalypse é chave obrigatória para quem quer continuar rio acima. Para todos os que gostam de cinema, e do que ele implica. A génese. Do desespero ao reconhecimento, Coppola leva-nos na sua vontade. Sempre esteve tudo lá, lá dentro do génio. Que não só vê aqui, como para lá, ou não fosse o seu discurso final uma previsão (assustadoramente) certeira do futuro da sétima arte.