segunda-feira, 29 de setembro de 2008

The Air I Breathe


The Air I Breathe é a prova de que não basta ter um bonito tabuleiro de xadrez com figuras de marfim. É preciso saber jogar o jogo. E Jieho Lee não soube.

Este mosaico de histórias é um sem número de passos em falso e escolhas erradas. A começar pelo tempo dado a cada um dos intervenientes, colocar Brendan Fraser e Sarah Michelle Gellar com o maior tempo de antena, atirando para segundo plano Kevin Bacon e Forest Whitaker, parece-me uma decisão de quem não conhece o cinema americano dos últimos 10 anos, e então colocá-los juntos parece-me uma decisão de quem não conhece o cinema de todo. É um casal de protagonistas fraquíssimo, com pouco ou nenhum carisma, e que enche por completo mais de metade do filme, obrigando-nos a engolir minutos pesados de aborrecimento.

O que realmente queríamos ver acaba depressa e está mal explorado, fica quase sem interesse e sentimos inúmeros talentos ali desperdiçados (como Julie Delpy e Emile Hirsch), como de visita a um sítio que nem eles percebem. Um local onde realmente falta adesão e coerência para poder ser lido como um todo, para nos transmitir algo mais que imagens - e o filme bem tenta escrever mensagens, baseadas num antigo proverbio chinês, mensagens sobre a alegria, o amor, o arrependimento e o prazer. Estes sentimentos, títulos de cada capítulo, não se conseguem expressar na narrativa contada [poucas vezes a história tem real sentido] e todas as acções causa-efeito, transições de uns degraus para os outros, parecem forçadas e pouco casuais. Falta a fluidez do dia corrido.

No fim não restam dúvidas: faltou habilidade para construir um bom filme. Fica para a próxima.

(+) Qualquer pretexto é bom para ver o senhor Kevin Bacon.
(-) Todo o desperdício de talento.

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