terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Corpos e pescadinhas

Alguém já percebeu porque é que as garrafas de polpa de tomate ficaram com os vidros fumados? Já não se pode agarrar naquele casalinho de polpas descansado, para ter sempre na despensa; temos de abrandar passo para olhar vezes sem conta, rodar, ver o que está lá dentro e pensar - Mas o que é esta merda? Bem continuando. Bodies. A série da Netflix, não confundir com o filme Bodies Bodies Bodies, do ano passado onde no final (spoiler alert) afinal era só jajão. E não, não pensem em Bodies Cinematic Universe, não vai haver um Bodies Bodies no meio ou um 4Bodies a seguir. Esta minissérie de 8 episódios apanhou-me meio na curva, neste caso num beco e nunca mais me largou. Baseada numa novela gráfica de Si Spencer conta a história de quatro detectives, em quatro épocas diferentes, que investigam o mesmo homicídio. O mesmo corpo, a mesma bala. Para além daquele festival causa-efeito que me assenta no cachaço que nem cachecol de seda, existem quatro histórias bem feitinhas. Quatro versões de uma investigação/obsessão, quatro retratos do tempo, e quatro peças que se vão juntando das formas mais inusitadas. Nada se perde. É verdade que a conclusão precisava de mais tempo, para poder servir de contraponto justo a tudo o que foi construído, mas ainda assim reside neste corpo uma das propostas televisivas mais interessantes do ano passado.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Os (maus) efeitos do fim do mundo

 

- São flamingos?

Acho que é o Ethan Hawke que pergunta, no filme de Sam Esmail, Leave the World Behind. Ou então é a Myha'la, não me lembro. O outro diz que sim, que são flamingos, ali a chapinhar na piscina. Ao que eu contra respondo: não, não são flamingos, o que estamos a ver são flamingos em CGI. Foda-se, mas será que é assim tão difícil arranjar meia dúzia de flamingos verdadeiros? Um salto à herdade da Mourisca, filmam os marotos no estuário, os atores embedam-se em Setúbal, o turismo agradece e o espectador pode acreditar. Ganhamos todos.