Voltar a Scream 2, que viagem. Já não o via há muitos anos. Trazia a ideia de uma obra à sombra do original, decalcada, contida. Nada disso. É verdade que mantém as desconstruções mas agora habilmente refletidas sobre si mesmo: aquele início, de campos e telas, da tragédia versus entretenimento, é um exercício possível só por alguém em pleno domínio da linguagem do género. Voltar ao sítio, mas reencená-lo; todos personagens, todos espectadores. As mortes sincronizadas, o grito, caraças é possível que goste mais deste começo. Depois, todas as pequenas pistas que vão apontando o filme ao derradeiro némesis são inseridas de um modo muito silencioso, alargando o historial das personagens e invertendo a lógica de clássicos como o Sexta-Feira 13. Por cima, todo o cenário do teatro, da tragédia grega, do eterno fado de Sidney que aqui tem a derradeira noção de que a paz nunca lhe cairá bem. Por último, para além destes novos (e entusiasmantes) detalhes dei por mim acompanhar todas as falas, parecia O Rei Leão, boyfriend killer, boyfriend killer, colocando-me de imediato num tempo em que o cinema era manhã, tarde, noite. Em que tínhamos a banda sonora, em que víamos e revíamos, teorizávamos, ansiávamos. Voltar a Scream 2 foi como alugar qualquer um desses dias.
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