Room 104, série da HBO criada pelos irmãos Duplass, propôs-nos em 2017 o seguinte conceito: todos os episódios decorrem no mesmo espaço, um quarto de motel; tudo o resto muda. Ou seja a única regra é que a ação se desenrole ali, e dali podemos seguir para um sonho, um pesadelo, um musical, um drama, um documentário, agora ou num futuro apocalipse, durante uma tarde ou ao longo da vida, o que quisermos. E a beleza desta proposta, é que apesar de altos e baixos, cada entrada era uma experiência. Faltou-me isso na nova aventura de Bruno Nogueira y sus muchachos. Essa identidade em cada episódio. Reconheço o arrojo, gosto da margem de erro/experimentalismo da proposta, mas a verdade é que raras foram as vezes em que me ri ou me senti investido. Depois da estreia - que tem o jantar mais interessante e mais coeso - a série fica refém dos mesmos vícios, do escrever de olhos fechados, do gritar em maiúsculas, do uso e abuso do absurdo, em detrimento de um enredo. Uma amálgama de cenas que cai na armadilha dos programas em que os apresentadores e convidados se divertem muito mais que o espetador. Com esta malta esperava outra resposta ao inesperado. E é que no fundo bastava dar a cada refeição o que título promete: um princípio, um meio e um fim.
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