Não é fácil contagiar o espectador. Se por um lado é necessário um certo anonimato, por outro tem de haver calor. As personagens têm de actuar como esferas num tabuleiro, recipientes da mensagem maior, para que o conjunto chegue a quem esteja a assistir. E Contagion não passa no exame. Este tipo de filmes que decidem abolir as personagens, espremê-las até à espessura de uma folha, só têm a ganhar com rostos novos, caras desconhecidas, que consigam mais facilmente a tal dupla tarefa. Blindness tinha já fortes directivas, do seu material de origem, para o fazer, não existiam nomes, era o médico, o velho, etc. Não o fez, deu asneira. Soderbergh, tão adepto do experimentalismo e dos rostos frescos decide fazer um filme epidémico com todos os actores conhecidos do mundo. Até está lá o Demetri Martin. Não se percebe.
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