quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Finalmente


Cenas à chuva - 8

Revolution: a terceira parte do Matrix, também conhecido como o filme em que o Keanu Reeves não faz de Keanu Reeves. A cena é a batalha que põe termo à saga. A chuva de proporções bíblicas anuncia o final. É filmada de perto, faz parte da luta, interfere e acompanha todo o desfecho apocalítico, dando ao Matrix style parte do significado que o tornou mítico.


Nota: A cena que aqui deixo não está completa, mas chove o suficiente para nos molharmos todos.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Juno


O nome próprio não engana ninguém. Primeiro porque é invulgar, Juno, segundo porque é curto, Juno, e terceiro porque é de uma pessoa, Juno. Diferente, pequeno e singular.

Juno inaugura a festa com uma belíssima canção, um passeio a pé e um grupo de corredores passa. Instantaneamente entramos no problema da jovem adolescente e da sua gravidez precoce. Conhecemos as restantes personagens, o pai, a madrasta, a melhor amiga, o rapaz que a engravidou e o casal que vai ficar com a sua criança. Mas, e apesar de todo o elenco estar realmente muito bem (até a Jennifer Garner!), falar desta comédia é apenas elogiar até à exaustão a majestosa interpretação de Ellen Page. O problema é dela e o filme também. Veste de tal forma a personagem, tem rasgos tão verdadeiros, que pensamos mesmo estar a ver ali uma vida, nutrimos reais sentimentos, bons ou maus, por aquela miuda. Bebemos realmente do mundo dela, quase que o conseguimos ver e cheirar, um mundo que se resume na resposta genial que ela dá quando o pai lhe pergunta o que esteve a fazer: estive a lidar com situações muito acima do meu nível de maturidade. Das melhores interpretações femininas do ano (arrisco-me a dizer a melhor), um papel que parece simples mas é duma complexidade elevedassíma pois o foco de luz está sempre nela, não divide o palco com mais ninguém, carrega toda uma história através dos seus sorrisos, lágrimas, piadas e seu enorme barrigão.
Uma comédia fantástica em todos os aspectos que podia ter ido por centenas de caminhos mas conseguiu escolher o certo, fugir a todos os clichés, a todos os estereótipos, e presentear-nos com final no mínimo inspirador. Um dos melhores filmes de 2007.

E um grupo de corredores passa.

(+) Todos os minutos em que aparece Ellen Page, ou seja, todo o filme.
(-) Ellen Page não ganhar o óscar.

Amanhã vou falar de um óptimo filme


Sabem qual é?

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Cloverfield


No final do filme, na fila de trás, saiu um Está certo em forma de suspiro, em jeito de desilusão. Era só isto? perguntam os que se sentem defraudados. Enquanto logo no lugar da frente eu pergunto Como é possível ser tudo isto?. Uma coisa é certa, Cloverfield não é um filme consensual, vai dividir a plateia ao meio, em amores e ódios e serão mais aqueles que pedirão o seu dinheiro de volta do que aqueles que anseiam por uma repetição. Vamos então esclarecer os adeptos da pipoca, em Cloverfield não há nenhum adolescente assustado nem nenhum cientista idiota divorciado. Não há ninguém que contrarie o exército e tenha a solução para o problema. Não há nenhuma canção dos Aerosmith ou do Puff Daddy.

Posto isto e mandando o Michael Bay às urtigas, devo dizer que já não sabia o que era ser realmente entretido numa sala de cinema. Já não me lembrava o que era estar realmente nervoso, irrequieto, sem pensar em mais nada, apenas de queixo caído e unhas ferradas na cadeira. Vemos tanta palha, comemos tanta coisa igual que quando nos chega uma iguaria à boca o sabor é ainda mais incrível. O início começa calmo, com a vista sossegada da cidade, tempo de adaptação à irrequieta câmara, à história. Quando já estamos bem sentados e bem envolvidos no pano, a primeira explosão, e depois a segunda, pânico e correria, levando o espectador sempre às costas num incrível sentido de realidade, de experiência quase palpável. Somos os peões que se vêm na televisão, somos a carne para canhão que foge desvairada nas ruas (óbvias comparações com o 11 de Setembro), somos o que nunca antes tinhamos sido num filme. Luta pela sobrevivência amarrada a uma história de amor: o protagonista percorre Manhattan e regressa à zona problemática para ir salvar a sua mais que tudo. Romance este mostrado em pequenos cortes na narrativa central, pequenos recuos, pois a cassete da tragédia grava por cima de um encontro solarengo entre os dois apaixonados. Mecanismo esse que funciona de modo sublime, mal se sente, mas carrega a vontade e a persistência daquele homem em salvá-la e reforça também a ideia da inconstância da vida, de um momento para o outro que altera os nossos conceitos de ser e estar.

Não só tem fantásticas cenas de acção, como momentos de verdadeiro terror (a cena no metro é fenomenal), sempre contados na primeira pessoa, com planos casuais pensados ao pormenor, cada ângulo que não mostra é cada ânsia que se prende às outras e aumentando a vontade de saber o que se passa, e acima de tudo aumentando a vontade de fugir. Tudo montado na perfeição, com o ritmo certo, com o tempo certo (85 minutos) e com bons actores a liderarem a aventura.

A campanha viral que antecedeu o filme e o transformou logo numa big thing foi realmente muito eficaz e inteligente, mas Cloverfield fala por si, sozinho, mostrando-se como uma óptima lufada de ar fresco que nos refresca neste ambiente cada vez mais saturado dos blockbusters. Sem dúvida um dos melhores entretenimentos que tive nos últimos anos!

(+) Tudo.
(-) É um filme de cinema. Em casa perderá metade da sua magia.

domingo, 27 de janeiro de 2008

sábado, 26 de janeiro de 2008

Cassandra's Nightmare

"This year I'm a star, but what will I be next year? A black hole?"

Woody Allen disse isto em 1977. É óbvio que a estrela já brilha demasiado para que nunca - nunca - se venha a transformar num buraco negro. Mas Cassandra's Dream foi o primeiro filme do Woody Allen que me desiludiu. Bastante. Não é um mau filme. O pior filme possível do Woody Allen não é de certeza um mau filme. Mas a sensação de desilusão é pior do que a sensação de ver um mau filme.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Cenas à chuva - 9

É um beijo de pernas para o ar. Um beijo, entre um super-herói invertido e a sua amada de sempre, em pé, no seu estatuto de humana, a recordar o abismo que os separa e que lhes trará as mais diversas dificuldades. A emblemática cena, não teria metade da força senão fosse a chuva a abençoar o beco escuro. Por um lado a mostrar o mundo lá fora, do frio, do vento, mas por outro a fechar o momento num recanto só dos dois, tão intímo como o próprio acto em si. No final, apenas as gotas a cair no corpo encharcado, envolto num quente e delicioso sorriso.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A minha vida dava um filme

Do Alexander Payne.
E a vossa?

Not So Serious Awards

Foram anunciados os vencedores dos IMP Awards, que todos os anos premeiam o que de melhor se faz na arte do poster. Já tinha falado dos nomeados aqui e de modo geral concordo com os vencedores: Sweeney Todd tem mesmo um poster soberbo (teria escolhido Zodiac mas este vinha logo a seguir) e Charlie Wilson´s War tem mesmo um poster horrível, não percebo como é que alguém achou que aquela imagem, que parece tirada duma pausa nas rodagens, poderia aliciar quem quer que fosse. O resto vai desde o mais assustador até ao mais divertido terminando nos Not So Serious Awards, um conjunto de categorias absolutamente deliciosas e palermas, do qual escolho a:

Longest Tag Line: Goes to September Dawn for its three paragraphs describing the plot. Otherwise, we might have mistaken the film as being a remake of Zardoz, with Jon Voight playing the giant flying head.

Antes de adormecer (Tiny Dancer)

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Cenas à chuva - 10

O cenário é Rwanda em plena guerra civil. Ano de desgraça de 1994. A guerra cujos massacres viriam a causar um milhão de mortos e milhões de refugiados. A história é verídica. A angústia, ainda mais. Don Cheadle, gerente de um hotel e salvador de centenas de pessoas de ambos os lados da batalha, simboliza todo um povo entregue à sua (má) sorte. Este é o momento em que as tropas da ONU abandonam o país. Os estrangeiros são postos a salvo, os nativos abandonados e com data marcada para a morte. Chove. A chuva é o pormenor mais irrelevante no meio do ódio racial, da impotência e da desilusão. Os brancos fogem. Os pretos morrem. Tão cru quanto real. Porém, a chuva agudiza o inferno à espreita daqueles que ficam e serve como meio para a expiação possível dos pecados daqueles que fogem.

A chuva

"La lluvia es una cosa
Que sin duda sucede en el pasado"

Jorge Luis Borges

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A noite mal dormida

3:10 to Yuma


O início de 3:10 to Yuma é uma respiração asmática e pesada duma criança. Ao seu lado, um grande plano do irmão acordado, suado e tenso, focado pela luz da vela. Sentimos logo o ar a fechar, a tensão enrola-se e dá início ao fogo que só se apaga passadas duas horas de filme.

A história é simples, um homem honesto oferece-se para escoltar um perigoso criminoso até ao comboio que o leva à prisão, em troca de uma certa quantia que pagará todas as suas dívidas e salvará os seus da miséria. As duas melhores coisas deste western percebem-se nos primeiros minutos: a constante tensão tão característica do género (estamos sempre em sobressalto, sempre à espera que a pistola saia do coldre) e a força da personagem principal (Christian Bale), que mais do que notas e lutas físicas, trava consigo mesmo uma batalha de carácter em que se elevam os valores íntegros da família. Arrancando este início sucedem-se as mais diversas peripécias, repletas de tiros e cavalgadas, criando um excelente entretenimento cheio de ritmo e recheado de óptimos diálogos. Desde Imperdoável (em tudo superior) que não via uma cowboyada assim tão sólida e coerente, mas com tudo resto, pó, tiros, dinheiro, saloons, assaltos e sangue. E eu que não sou grande fã do género.

O que para mim constitui a grande falha do filme é o grupo de criminosos: Russell Crowe, que não me convence nem nunca me convenceu, devia funcionar como o outro lado da balança essencial na dupla central do filme, devia criar ambiguidade, o ser humano implacável mas no final sempre o ser humano. Mas não consegue, deixa-se estar no seu registo usual de pastelão e não conseguimos sentir o que quer que seja pela sua personagem, nem perceber porque é mau, porque é bom, se é assim tão mau ou se é assim tão bom. Esta nulidade é depois acrescida da excentricidade do seu fiel companheiro vilão Ben Foster, jovem actor fora do seu registo normal e com uma estupenda caracterização mas que, à semelhança do seu chefe, não me convenceu. Por outro lado Bale continua tão bom que esquecemos, ou perdoamos um pouco, esta lacuna, tendo a certeza que se as escolhas tivessem sido mais acertada estaríamos perante uma obra em tudo maior.

De um modo geral estamos perante um óptimo entretenimento que recomendo a todos os cowboys e cowgirls perdidos por esse mundo fora e que andavam à espera da próxima viagem. Carreguem a pistola pois ela está aí.


(+) O seu incrível ritmo e tensão constantes.
(-) Os maus da fita não convencem nem um bocadinho.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Stay out super late tonight

picking apples, making pies
put a little something in our lemonade and take it with us
we’re half-awake in a fake empire
we’re half-awake in a fake empire

Waitress

Assim que o silêncio se cala e começamos a ouvir a música de abertura, acompanhada pelas mais diversas manobras culinárias no fabrico de tartes, é solto um perfume de fábula. Desde os primeiros minutos que Waitress marca o seu tom e o mantém durante todo o filme, fiel ao que quer contar e com uma personalidade marcante que não abandona. Aqui reside para mim uma das principais virtudes desta fita “pequenina”, pouco anunciada e que, resumindo o resumo, conta a história de uma empregada de mesa, com o dom de fazer as mais deliciosas tartes, e de todos os problemas que enfrenta para alcançar a real felicidade. À sua volta monta-se um incrível leque de personagens, o patrão, as colegas de trabalho, o marido possessivo, o ginecologista preocupado, o cliente do costume, entre outros, formando uma obra de grupo, onde o conjunto cria todo o suporte ao indivíduo central. Este cerne é Keri Russel, que consegue com este fantástico desempenho, mostrar toda a angústia de ser prisioneira da própria infelicidade. Sempre narrando o que pensa, dando os nomes mais inventivos às suas tartes, Russel dá aqui um enorme passo interpretativo e cozinha a credibilidade de uma excelente actriz.

Suave como o chocolate que corre para a forma, Waitress é um filme que se deixa ir até ao final, até as nossos desejos serem já os dela e juntos encontrarmos finalmente a saída.

(+) A surpreendente Keri Russel e todo o ambiente de conto de fadas moderno.
(-) Passou ao lado do público em geral e provavelmente irá directo para a prateleira dos DVDs.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Did, Lazarus, Dig!!!

No ano passado, Nick Cave e três dos membros dos Bad Seeds (Warren Ellis, Martyn Casey e Jim Sclavunos) juntaram-se para formar os Grinderman e gravar um inesperado, desconcertante e brilhante álbum de rock electrizante, que rompia com as últimas tendências e gravações dos anteriores álbuns de Nick Cave. Agora, regressa a formação completa dos Bad Seeds e já tem data marcada a estreia do novo álbum da banda. Dig, Lazarus, Dig!!!, inspirado na narração bíblica da história de Lázaro (que Jesus resuscitou) e nos feitos de Houdini. O álbum sai no dia 3 de Março e o vídeo do primeiro single, que dá nome ao álbum, já está disponível no site da banda e é mais ou menos assim:

A letra


The air is heavy, heavy as a truck
We need the rain to wash away our bad luck

A que canção pertencem estas duas linhas?

(como pista deixo a foto da fantástica Samantha Morton)


quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

É só muito parecido


Os dias estendem-se às semanas e durante a volta rimo-nos pouco. As comédias são cada vez mais um território pantanoso que ou corre muito bem ou então, maioria das vezes, muito mal. É de cara sisuda que hoje entrei no The Movie Blog e me deparei com um texto sobre uma distribuidora de filmes, The Asylum, que lança cópias descaradas de sucessos recentes, estreando-os em DVD quase ao mesmo tempo que os originais. Já conhecia o seu Alien vs Hunter (que, segundo um amigo meu, a única diferença entre o Predador e o Hunter é que este último tem uma panela na cabeça) mas foi ao ler o Snakes on a train que comecei a rir forte e feio. E a lista não fica por aqui, depois de uma breve passagem por casa destes senhores descubro pérolas como:
- 100 MILLION BC
- DA VINCI TREASURE
- WAR OF THE WORLDS: THE NEXT WAVE
- I AM OMEGA
- PIRATES OF TREASURE ISLAND
- TRANSMORPHERS
Parece que vieram para ficar e garantem que os seus filmes entretêm muito mais que os originais. Uma coisa é certa, à parte da qualidade (que acho que é mesmo mesmo muito ruim) resulta muito bem num serão com os amigos, a comer amendoins e a beber cerveja (muita de preferência). Será o fim de noite ideal para acordar bem disposto!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Melhor poster de 2007







Todos os anos a IMP Awards faz uma selecção dos melhores posters do ano que passou, em diferentes categorias. Desde a melhor frase até à imagem mais engraçada, todos têm lugar nesta selecção que premeia as melhores ideias e formas de publicitar um filme. Os vencedores são anunciados a 23 de Janeiro e estes são os nomeados para a categoria principal, a de melhor Poster de 2007.
O meu voto vai para o Zodíaco. A Golden Gate na penumbra do nevoeiro com a noite da cidade ao fundo é uma imagem absolutamente incrível que transmite toda a essência do filme, do oculto e do chuvoso, acoplado com a brilhante frase (também nomeada) There's more than one way to lose your life to a killer. É um poster que conta o que vamos ver mas que deixa tudo o resto em aberto, dá-nos o ambiente e convida-nos gentilmente a entrar. Simples e bonito.
Qual é a vossa escolha?

Antes de adormecer



If you could save me
From the ranks of the freaks
Who suspect they could never love anyone

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Lado Parvo

Começo a acreditar que a mania dos tradutores dos títulos de filmes para português de estragar/ deturpar/ perder (por vezes isto tudo junto) informação nas traduções que fazem é obrigatória. Deve ser um artigo de um qualquer código de ética lá deles.

O Into the Wild vai ter em português o título O Lado Selvagem.
Não sendo gritante a transformação para o português, há alguma informação que se perde. Em primeiro lugar, porque o filme mantém o título do livro que lhe dá origem (por uma questão de princípio acho que os título dos filmes originais deviam ser mantidos sempre que possível, mas adiante).

Em segundo lugar porque se perde a idéia expressa em Into the Wild. O Lado Selvagem omite a força da mudança implícita na viagem rumo ao interior do "selvagem", força essa que é demonstrada numa das frases com que o livro se inicia: "I now walk into the wild".


Aproveito a deixa e deixo aqui a minha tradução preferida:
Analyse This - Uma questão de nervos.
(Que é justamente o que estas traduções me provocam)


Aproveito a deixa da deixa e pergunto:
qual é a tua?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Jogos de Poder

Em Charlie Wilson's War, baseado no best-seller do mais ou menos recém-falecido George Crile com o mesmo título, mais do que as idiossincrasias no mínimo interessantes do Charlie Wilson (álcool, mulheres, droga, troca de favores), é de realçar a assutadora facilidade com que um único congressita americano (Tom Hanks), influenciado por uma multimilionária texana (Julia Roberts) e ajudado por um desocupado agente da CIA (Philip Seymour Hoffman), foi capaz de mudar o rumo da história recente da humanidade.

A história de como um único homem, ainda por cima sem ser figura de topo da diplomacia, economia ou política norte-americanas, consegue armar os al mujahedin (futuros talibã) afegãos, derrotar o até então invencível exército soviético e precipitar o final da Guerra Fria, não fora incrivelmente verídica e seria um excelente argumento de humor/ paródia à política externa norte-americana.


O legado mais importante do filme é pôr a nú o facilitismo com que se aprovam secretíssimos orçamentos destinados à guerra, sem os devidos esclarecimento e escrutínio por parte do povo, ou sequer da totalidade do Congresso. A possibilidade de ser um homem comum a tomar decisões deste calibre, apesar de inspiradora (Charlie Wilson's comove-se indeed com o sofrimento do dizimado povo afegão), torna-se arrepiante, se pensarmos que o secretismo do financiamento e apoio à "causa" guerra se pode repetir nos mesmos moldes.

O filme traduz igualmente a hipocrisia dos líderes (dos Estados Unidos e do Médio Oriente) em acordos secretos devido a interesses pontuais em comum, e o sofrimento a que o povo que os elegeu é abandonado no final da crise, espelhando uma história que se vai repetindo e a intemporal falta de uma estratégia que não a dos interesses económicos. Falta de estatégia que neste caso é agudizada (e agonizada) pela ironia dos al mujahedin terem sido armados pelos eternos inimigos que mais tarde viriam a atacar.


Enquanto peça cinematográfica, Jogos de Poder não é demasiado brilhante, mas para making of do Rambo III não está nada mau. Não vi o Closer, pelo que a comparação da mestria do realizador em dois géneros diferentes fica para outra altura. Não deverá fugir aos Óscares, contando com algumas nomeações e é sério candidato a Melhor Argumento Adaptado. É um bom filme, cujo propósito de contar a história do Charlie Wilson e da sua guerra é perfeitamente alcançado. Não obstante, omite a reacção dos líderes americanos - Presidente e Secretário de Estado da Defesa - na altura, pormenor que poderia ser importante para a compreensão do contexto histórico e geopolítico, uma vez que do lado árabe esse enquadramento vai sendo minimamente feito.

O melhor: a impressionante interpretação de Philip Seymour Hoffman enquanto agente da CIA. Valeria o Óscar de Melhor Actor Secundário sem a menor dúvida, se na Academia umas estatuetas não hipotecassem outras futuras. Ainda assim, é a minha aposta no escuro para ganhar o pisa-papéis dourado.

Bom fim-de-semana

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

De fazer chorar as pedras da calçada

O mundo lá fora chora. Chora com tanta força que tenho de fechar a porta e encostar-me ao aquecedor enquanto os vidros escorrem ideias para mais umas palavras. Chora. Nunca chorei num filme e provavelmente nunca irei chorar. Não é a falta de emoções ou sentimentos transmitidos, sou apenas de lágrima difícil. Nem no E.T., nem no Rei Leão, nem em nenhum drama ou paixão. Por outro lado conheço pessoas, na sua maioria do sexo feminino, que basta a mais pequena carícia para se desfazerem num pranto desmedido (tenho uma amiga que chorou no Click, isto é verídico). E sim já estive no escuro da sala de cinema rodeado de snifs snifs e lenços ranhosos, mais especificamente, e se a memória não me falha, nestas três obras: O meu primeiro beijo, A paixão de Cristo e O diário da nossa paixão. É este o meu top três de experiências choronas. Chorem as vossas.

Cenas de dança - 1

E chegamos ao fim desta selecção de danças. Estamos em alto mar, durante três horas e com um saco cheio de óscares às costas. Sempre gostei do Titanic. Sim é lamechas, sim é a Céline Dion que canta e sim o Di Caprio é o actor principal. Eu sei isso tudo, mas é um bom filme histórico, romântico, de aventuras e de todos outros géneros, obra completa, que na altura me fez perder um dia da minha vida numa fila para comprar bilhete. E ver em primeira mão umas quantas cenas que entrariam directamente no livro da sétima arte. Esta é um delas. Tenho saudades do James Cameron.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A série que acaba, o filme que começa


Infelizmente Journeyman chegou ao fim. Encerrou de forma direitinha, sem deixar muitas pontas soltas, deixando sim uma legião de admiradores (onde me incluo) que realmente não entendem o fim de um produto com esta qualidade e originalidade. Merecia mais. Resta-nos então Time Traveler's Wife, o salto da história para o cinema que conta a participação de um dos meus sorrisos favoritos, o da senhora Rachel McAdams.

2008 = Indiana


Por muita fita que se desenrole algo me diz que este ano vai ser dele.