segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Os melhores filmes de 2025 | Créditos Finais

And I contain multitudes. Foi assim 2025, cheio de coisas. Dois predadores, dois Michael B. Jordans, dois Perkins e muitos Patinsons. Destes vinte, onze vi no cinema. Passo à rasca, mas a resistir, a encontrar a energia necessária: seja num puto de braços abertos ou numa perna cabeluda. Continuamos a ter esse bilhete de fuga connosco, para o encantamento. E para aprimorar, o ano fecha com a primeira ida ao cinema da Ferreira Júnior. A magia já não é só minha.

https://letterboxd.com/miguel_ferreira/list/best-movies-of-2025/

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Primeiras obras: a estrada

Fica em ebulição, como um ovo a colidir com as paredes do tacho. Com os toques metálicos a chamar o diálogo, a conversa, a discussão. It Ends deixa-me, ainda hoje, passados os dias, profundamente confuso. Não pelo mistério em si mas pelo facto de, se calhar, não ser mistério nenhum. Não pelo terror em si, mas pelo facto de, se calhar, não ser terror nenhum. Existe uma viagem, nem sempre viciante, com personagens, nem sempre bem exploradas. Mas a verdade é que a primeira obra de Alexander Ullom marca o nosso asfalto com contornos únicos e inesperados.

domingo, 14 de dezembro de 2025

Confissões de um futuro Bond

Que grande maldade Josh O´Connor. Roubas este filme inteirinho e ainda lambes o prato, não sobra nada. Uma primeira parte fulgurante, conduzida por ele, que depois desagua num mistério cativante - como sempre - mas demasiado extenso, enrolado numa floresta de vais não vais, e num conjunto de personagens que não têm grande espaço para serem reais suspeitos. Senti falta do confinamento e da bizarria de Glass Onion. Ainda assim, fecha uma trilogia sólida e apresenta-se como uma das propostas mais interessantes do advento.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Ep.17 - Dangerous Liaisons/Valmont


Miguel descobre um pedido de ajuda de António, numa velhinha máquina de arcada. De um momento para o outro dá por si dentro de um servidor informático, mas em vez de estar vestido com aqueles fatos fluorescentes e discos de jogar na praia, está com as roupas da corte francesa do século XVIII. Lá, encontra o seu companheiro de podcast e a única maneira de conseguirem sair com vida é chegarem a um consenso sobre qual é a melhor adaptação de Les Liaisons Dangereuses. Sedução, saudosismo e quiçá os melhores de 2025 numa inesperada cena escondida.

Episódio disponível aqui.

Baumbecos

Há um momento em que estão todos a regressar do almoço, a pé, naquele campo toscano, e Jay Kelly está sozinho. Vem sozinho, enquanto à frente e atrás vemos conversas ou parelhas. Esse momento, lá ao longe, é mais certeiro e simbólico que todos as outras conversas que nos tentam vender no resto do filme. Propositado ou não - na sua raíz meta - soa tudo a ensaiado, forçado, deixando pouco espaço para as personagens realmente colidirem. Tenho saudades do Baumbach da década passada, onde os diálogos se sobrepunham sem autorização, onde as histórias eram quotidianas, estranhas. E verdadeiras.

Pergunta: Qual das cenas num comboio em que alguém conhecido fala com os passageiros, acham mais ridícula, esta ou a do Darkest Hour?

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Pendentes

Ando com este texto há vários meses, nas esperas, nas calçadas, nas garfadas. Até no trânsito, a gotejar enquanto o da frente avança mais um metro. Lembrete para não deixar passar três séries que de alguma forma me salvaram. Uma e outra vez quando a nossa boa vontade é obliterada por dinossauros mutantes e embalagens de Snickers.

do caos

The Bear, e o seu quarto prato. Com o domínio completo da sua orquestra e de quem são os seus, a série atira-se numa edição tesoura de podar, quotidiana, de saltos e contrassaltos. Sem transições ou agendas, todos a cuspir diálogo, de um sítio para outro. Com o coração ao alto - ou debaixo de uma mesa - Carmy, Syd e Richie têm a sua rendição - porque nunca sara realmente - num final mestre, de fade to black, cena sim cena não, enclausurados num desabafo. Nunca pára de surpreender.

da criatividade

Lego Masters: Australia, teve este ano a sua edição Grand Masters of the Galaxy. Série, que nos seus títulos e dinâmicas, parece idêntica aos bolos, às espadas, aos aquários. Mas não, há um regresso à unidade, à imaginação sem aditivos: diferentes pares de construtores são desafiados semanalmente a construir algo. Uma página em branco, uma dúzia de horas e milhares de peças de lego, formas e feitios. Um tema. O resto é o que quiserem, como quiserem, sem dramas nem novelas. E esta oferenda única ao processo de criação - com muito de cinemático - deixa-me sempre a correr por mais.

da amizade


Cobra Kai chegou ao fim no início deste ano, com a parte 3 da sua sexta temporada. Já vi esse trailer dezenas de vezes, vou agora ver de novo, por falar nisso. [Pausa para ver o trailer de novo] Continua bom, sempre a arrepiar. Vamos mostrar a esta malta como se fazem as coisas aqui no vale. E mostraram, não só à vilanagem, mas a todas as outras sagas de que é possível respeitar e saber crescer com as figuras de outrora. Não há Caça Fantasmas séniores assentes em deixas ocas. Há segundas oportunidades, caminhos que nem sempre são óbvios e um grupo de personagens cheio de coração. Pode ser meio ingénuo e novelesco a tempos, mas esta malta estabeleceu um laço único. Daqueles que deixa buraco. Sai o trailer mais uma vez.