Pior que as adaptações "ao vivo" da Disney estão as...quer dizer, pior pior, não há nada pior aquele novo Rei Leão. Logo a seguir vá, vêm os remakes que só mudam o elenco e a língua, como aquele filme dos telemóveis à mesa, que contou com 72 versões papel químico. Ainda à espera claro da versão portuguesa, andas a dormir Diogo Morgado! Acontece muito americanizar um produto estrangeiro, como fizeram com o meu querido Nueve Reinas, com o Abre los ojos, com o El secreto de sus ojos ou com o Spoorloos, que teve aquela versão com a Sandra Bullock e um happy ending. Não esse final feliz, malandragem, acaba é de uma forma mais simpática e menos negra que o seu original. Este último caso conduz-nos exatamente à praça central deste texto: o que leva um realizador a recriar quase tintim por tintim uma obra sua? Um filme que resultou, que foi bem recebido, que enche de orgulho a família inteira - inclusive o tio que era contra ele ir para artes - para quê voltar a encenar tudo de novo? Porquê? Foi isto que aconteceu a Erik Van Looy que em 2008 realizou o thriller belga Loft, sobre cinco amigos, bem sucedidos, casados, que decidem compartilhar um loft. Nesse espaço de convívio podem então em segredo, mandar umas facadinhas e fazer chichi fora do penico à vontade. Claro que dá merda e numa bela manhã de Primavera um deles descobre uma rapariga morta no espaço, presa à cama com algemas e começa então um jogo de "foste tu não fui eu". Ao jeito dos policias do Oriol Paulo, a intriga dá voltas e contravoltas, vai destapando o passado de surpresa em surpresa, e se conseguirmos passar aquela barreira do rebuscado, a coisa resulta bastante bem.
Em 2010 aparece o primeiro remake, diretamente dos Países Baixos. Outro realizador, que entretanto leva com uma andaime em cima e é substituído provisoriamente por Van Looy. Já o remake americano, em 2014, foi realizado na íntegra, de novo, por ele. Oh moço, isto é que está aqui uma bela panca. Tem malta conhecida: o Scofield a na personagem do mais feinho/tímido e o Dredd como o mais safado dos cinco. O Cameron do Modern Family e o Teddy do Westworld. Ah e o cavalheiro belga a interpretar exatamente o mesmo papel. Não vi, mas fui picando assim aos saltos só para confirmar que era tudo igual: cena a cena, fala a fala, resolução e final. Pronto, agora uma sabática, para depois atirar mãos à obra aos remakes filipino, chinês e argentino.
3 comentários:
E o que dizer do remake do Funny Games?
Esse e outro excelente exemplo sem dúvida. Só vi o remake, infelizmente.
Tive a sorte de ver o original no cinema. Quando começou eram cerca de 15 pessoas a ver, quando acabou éramos 4
Enviar um comentário