Ui ui ui. Ui, ui, ui. Eu a pensar que o Saw 3D não tinha adversários na zona de despromoção. Afinal: olá Miguel, tens cinco minutos para encontrar uma coisa boa neste Spiral: From the Book of Saw, ou então, esta caixa VHS gigante onde estás preso irá encher-se de farinha de milho, sal, alho em pó, pimenta moída e vinte ovos batidos, e abrir-se-á de seguida para uma frigideira gigante de azeite a ferver. Já fui. Estou a brincar, a ideia é bem intencionada, na sua ingenuidade e admiração de fã, e tem aquele toque suado, quente. Não são só os filtros, vemos mesmo a malta a transpirar, a penar. De resto, infelizmente - e eu estava entusiasmado! - este filme não cumpre os mínimos. Um Chris Rock completamente fora de tom, à procura de uma personagem que não é sua, semicerrando os olhos, gritando, ali à beira do sketch, apoiado numa série de canastrões, maus diálogos e armadilhas sem construção nenhuma. A saga Saw, teve os seus altos e baixos, mas uma coisa que sempre tentou manter foi a estrutura do puzzle, não só a grande fotografia, onde todos os filmes têm lugar e encaixam uns nos outros, mas também individualmente, onde cada novo drama era uma nova charada, que jogava com os tempos, espaços e se esforçava sempre por surpreender. Hoje não, cai-se no mais previsível e banal dos policiais, usando apenas a espiral como marca, e nunca tentando sair para a frente, iniciar um novo ciclo, com novas regras, novos medos.
terça-feira, 8 de junho de 2021
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