Meteram-se com a série errada. Não é esta, não é de todo Black Mirror, que querem comparar, calcular e pesar. Como se de um morto e circular programa se tratasse. Há demasiada vida para fecharmos a cola quente o termo "temporada". É mais um serão/festival/festim. Um desafio, uma provocação, uma certeza. Que nem ovo kinder de última geração. Abrimos, sempre cientes mas nunca preparados.
Mas não é só a surpresa que faz figurão, o risco e o experimentalismo aparecem logo ali. De todas as cores e todos os géneros: a velha ficção científica, o chuvoso policial, o negro pós-apocalíptico ou a colorida história de amor. A maternidade. E por fim aquele musealizar irónico e introspectivo, onde a série se coloca ao nosso lado, como visitante do seu próprio espólio. Do seu único negrume.
Incrivelmente bem escrita, não menos bem interpretada, Black Mirror continua a ser um agente provocador essencial, com um impacto único na visitação, discussão e interpretação. Que continues aberto por muitos e bons anos.