Eu sei que estão em pulguinhas para ler o textinho que se segue, mas se não viram o Arrival - não é o The Arrival do Charlie Sheen, é o outro - então vão ter de sair está bem? Vou abrir o livro, pôr a boca no trombone. E começar pela questão chave de um Villeneuve não ser sempre um Villeneuve, não só pelos géneros - que mudam - mas pelo modo como os desenrola, ou os interpreta. Claro, que o factor guita, cheta, money, impera e este é, até à hora, o seu blockbuster. Por isso, talvez, seja o seu filme mais imediato, mais explicado, mais didáctico. Não era preciso. A história é tão bonita e tão cheia de sonhos, que esses próprios devaneios faziam grande parte do trabalho. Porque de facto, a fotografia, continua a ser única e cheia de espaços, continuam a existir momentos, onde se pára. Como a chegada à nave, com o canário, passo a passo. Respira-se. Tão bom. A linguagem a desenhar cada frame. Íntimo, nada a ver com os aliens, a fazer lembrar aquelas últimas coisas do género vizinho, como The Babadook, ou do mesmo género, como Gravity. Os monstros, as naves, são veículos, são figuras e representações para o luto, para a dor, para as relações. Ouvi, num dos muitos vídeos explicativos de um fã, que a conclusão e decisão final dela, é que apesar da doença, da perda, todos os momentos que viverão, fazem com que a chegada seja sempre muito mais importante que a partida. Para além de um filme único, é um filme de cada um.
1 comentário:
Também gostei muito, e Villeneuve pode variar o temo mas há algo no estilo que é típico: por mais fantástica e cinematográfica que seja a coisa (p.ex. confrontos tensos entre heróis e vilões no último acto do filme no caso do Prisionerios e do Sicário, ou a resolução fantástica do Arrival) o tipo faz sempre aquilo parecer sóbrio ao ponto de o filme ser documental. Tenho medo que o factor mais fantástico do Arrival acabe por ser difícil de aceitar nas próximas vezes que vir o filme (cientificamente é bastante absurdo), mas pelo impacto inicial e a sensação com que saímos do cinema o filme já merece muito crédito.
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