Desde Resolution que o meu miolo não era bicado desta maneira. É para isso que servem, no fundo, os bons, ficar muito para além da hora. Mas o bar já fechou. Aí é que está, só agora abriu. Nas janelas, nos quartos, nas estradas, enquanto apenas um corpo oco se arrasta: a matutar. Assim, todo o dia, sem conseguir de facto chegar a muito mais. Enemy é um filme magnífico, que merece segundo e terceiro visionamentos. Até lá os esquissos, sem ordem nem consistência e com muito pouca matéria lida.
A cena inicial é o final. Já depois da aranha, com a chave na mão e o porteiro que pede para ir com ele. Como se encaixa com o verdadeiro fim, no quarto, não percebi ainda. Estes primeiros destroços são cruciais. O telefonema da mãe, a dizer que gostou da sua nova casa mas que ele não pode continuar a viver assim, que está preocupada. O que aconteceu então para ele chegar aquele ponto? Na minha opinião, o acidente, que vitimou a sua amante e causou o divórcio, destroçou a família que ele ia construir - daí a foto rasgada, sem a esposa. Outra hipótese é ter sido ela própria a morrer. Seja como for assistimos a um homem assombrado que se tenta corrigir, voltando atrás e aceitando a identidade que nunca devia ter deixado. A rotina, o tique taque, o ser engolido sem o medo e a adrenalina.
Vou agora dar uma volta e partir mais um pouco de pedra. Até lá escrevam e opinem. Depois bebemos a imperial.
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