Pouca sorte de uns, muita audácia de outros, mestres, que regressam a casa. Onde foram felizes. Um ano antes Martin Scorsese voltava a ser um bom rapaz. Descia até Atlantic City dos anos 20 e realizava o episódio piloto de “Boardwalk Empire”. Um acontecimento, que marcou e disparou sobre as expectativas. Luxuriante, não só a nível visual como a nível de elenco trazendo na bagagem nomes como Steve Buscemi, Michael Pitt, Michael Shannon e Kelly Macdonald. As grandes luzes e festas, com o mar ali ao lado. Nos passeios no longo passeio. Cristalino e pronto para assistir a um império. Lei seca. O detalhe e o pormenor histórico davam outro requinte à história, à arte que imita a vida: Enoch L. Johnson um político que ascendeu nas décadas de 20 e 30 em Atlantic City, New Jersey. Na série Enoch “Nucky” Thompson (Buscemi) colide com todos, desde os plurais dos comuns até aos singulares dos mafiosos, criminosos, polícias e políticos. Conhece inclusive o Al Capone, protagonista da história e também de outras duas séries, adaptações televisivas do livro de Eliot Ness, “The Untouchables”, situadas antes (1959) e depois (1993) do épico cinematográfico de Brian De Palma (1987). Reconhecida com inúmeros galardões ao longo destes últimos anos, incluindo o Globo de Ouro para Melhor Série Dramática em 2011, continua atualmente a ser um refúgio certo de um género e de um estilo únicos. Já com a confirmação de uma quinta temporada agendada para o Outono de 2014, esta será uma epopeia com página garantida em qualquer manual televisivo. Terence Winter, o seu criador, já vinha com alguma experiência de argumentista e produtor executivo na mesma casa, HBO. Recuamos assim até ao último fôlego da década de noventa.
Texto publicado na Take 33.
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