A certa altura do filme ela apresenta os entrevistados em desconfortáveis silêncios. Olham, voltam a olhar e depois agitam-se no sofá ou cadeira. E agora? Perguntam sem perguntar, como tudo o resto, um jogo de múltiplas questões que se vão enrolando umas nas outras, questionando o próprio ponto. Polley bem repete que quer demonstrar como a mesma história se transmite e reproduz de modos distintos, dependendo do orador. E que muitas vozes serão uma oratória mais completa. Fiel? Diz e volta a dizer, como se quisesse de facto acreditar. O irmão tenta virar a câmara e o pai refere o facto de a edição ser por si só um modo de contar. Tudo afecta tudo. Ela esconde-se e vai filmando. Não será ela própria o cerne? A entrevistada que se foi construindo entrevistando? Era isso? Não sei, muito para ficar e guardar num dos mais fantásticos filmes que vi este ano, Stories We Tell.
2 comentários:
Grande, grande, grande filme. Sem definir muito bem as fronteiras da ficção e do documentário, como adoro. Choraminguei quase o ano todo por ele e quando o vi não me desiludiu.
É um híbrido de várias formas que se vai construindo e desconstruindo, sem nunca nos deixar parar. Gostei imenso.
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