Vi-o de antemão (graças ao convite deste grande amigo – obrigado!), com direito a lugar e crachá do The Comedian. Depois foi folhear um sem número de opiniões que se sentam no meio-termo. Como elas lá transpiro igual euforia, resfriada por uma ou outra amargura.
A grande questão aqui é: até que ponto esta minha opinião (muito positiva) é influenciada pelo facto de ter lido anteriormente a novela gráfica de Alan Moore? Bem, acho que é até ao ponto em que não faço a mais pequena ideia. É difícil perceber o que um desconhecedor deste universo sente ou avalia perante aquilo que é contado. É impossível separar as águas e esquecer o background que levamos no bolso.
Posto isto vamos já para a casa de partida e é aí que o filme nos agarra como há muito uma obra não fazia. Se a inicial morte do The Comedian está incrível, com o Unforgettable a contrastar com uma acção dura e crua, o que se seguiu foi história: os créditos ao som de The Times They Are A-Changin' de Bob Dylan são dos pedaços introdutórios mais bem desenhados e poderosos que eu já vi. As imagens estáticas rompendo ao som dos flashes, evoluindo aos poucos para o movimento que conta a ascensão e declínio dos heróis. Nunca uma música foi luva tão perfeita de uma sequência. Fantástico. [Para os curiosos este início já está a correr por aí. Recomendo a quem viu a revisão incessante e a quem não viu que guarde o espectáculo para o grande écran]
Outro tiro vencedor foi a escolha dos actores. Num casting certeiro cada cara corresponde milimetricamente às agonias e dores das suas personagens: os dois períodos de Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan), da guerra ao desespero; a divina calma Dr. Manhattan (Billy Crudup); a raiva destrutiva de Rorschach (Jackie Earle Haley) e a sua brutal cena na prisão, na qual ouvimos a frase mais emblemática de todo o filme; o cansaço e a saudade de Nite Owl(Patrick Wilson); as curvas amargas de Silk Spectre (Malin Akerman) e a superioridade arrogante de Ozimandias (Matthew Goode). Todos nos trazem as tristezas duma sociedade à beira do colapso, de um mundo que já não os quer.
Com um elenco perfeito, temos direito ainda a cenas de acção portentosas e brutais. Em especial o resgate de Rorschach da prisão. Todas elas com sangue, fracturas expostas e tripas com fartura. Já tinha saudades dum filme sujo e sangrento, sem as pressões da venda e do lucro. Também há anos que já não via uma (boa) cena de sexo no cinema e, ao som da música, é mesmo caso para gritar aleluia!
O que falta então a esta adaptação? A nível de fidelidade com a obra em questão, esquecendo o final, absolutamente nada. Cada cena é um quadradinho, retratado ao mais ínfimo pormenor, respeitando a ordem e montagem da acção. Tiveram claro de existir cortes que nada complicam pois para o DVD está já prometido um gordo Director's Cut! Sentimos porém a necessidade de uma assinatura mais vincada por parte de Zack Snyder, de algo que faça o filme irremediavelmente seu. Era preciso um desenho mais próprio que desse coesão à narrativa, uma escolha de um fio condutor que cimentasse todas as histórias paralelas que nos vão sendo apresentadas a espaços.
São estes pequenos defeitos que não deixam Watchmen ser uma obra de cinema completa. Fica a faltar uma estrela, mas no meio daquilo que já foi alcançado isso não interessa muito.
(+) O inesquecível começo.
(-) Falta alguma coesão a todo o conjunto.
A grande questão aqui é: até que ponto esta minha opinião (muito positiva) é influenciada pelo facto de ter lido anteriormente a novela gráfica de Alan Moore? Bem, acho que é até ao ponto em que não faço a mais pequena ideia. É difícil perceber o que um desconhecedor deste universo sente ou avalia perante aquilo que é contado. É impossível separar as águas e esquecer o background que levamos no bolso.
Posto isto vamos já para a casa de partida e é aí que o filme nos agarra como há muito uma obra não fazia. Se a inicial morte do The Comedian está incrível, com o Unforgettable a contrastar com uma acção dura e crua, o que se seguiu foi história: os créditos ao som de The Times They Are A-Changin' de Bob Dylan são dos pedaços introdutórios mais bem desenhados e poderosos que eu já vi. As imagens estáticas rompendo ao som dos flashes, evoluindo aos poucos para o movimento que conta a ascensão e declínio dos heróis. Nunca uma música foi luva tão perfeita de uma sequência. Fantástico. [Para os curiosos este início já está a correr por aí. Recomendo a quem viu a revisão incessante e a quem não viu que guarde o espectáculo para o grande écran]
Outro tiro vencedor foi a escolha dos actores. Num casting certeiro cada cara corresponde milimetricamente às agonias e dores das suas personagens: os dois períodos de Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan), da guerra ao desespero; a divina calma Dr. Manhattan (Billy Crudup); a raiva destrutiva de Rorschach (Jackie Earle Haley) e a sua brutal cena na prisão, na qual ouvimos a frase mais emblemática de todo o filme; o cansaço e a saudade de Nite Owl(Patrick Wilson); as curvas amargas de Silk Spectre (Malin Akerman) e a superioridade arrogante de Ozimandias (Matthew Goode). Todos nos trazem as tristezas duma sociedade à beira do colapso, de um mundo que já não os quer.
Com um elenco perfeito, temos direito ainda a cenas de acção portentosas e brutais. Em especial o resgate de Rorschach da prisão. Todas elas com sangue, fracturas expostas e tripas com fartura. Já tinha saudades dum filme sujo e sangrento, sem as pressões da venda e do lucro. Também há anos que já não via uma (boa) cena de sexo no cinema e, ao som da música, é mesmo caso para gritar aleluia!
O que falta então a esta adaptação? A nível de fidelidade com a obra em questão, esquecendo o final, absolutamente nada. Cada cena é um quadradinho, retratado ao mais ínfimo pormenor, respeitando a ordem e montagem da acção. Tiveram claro de existir cortes que nada complicam pois para o DVD está já prometido um gordo Director's Cut! Sentimos porém a necessidade de uma assinatura mais vincada por parte de Zack Snyder, de algo que faça o filme irremediavelmente seu. Era preciso um desenho mais próprio que desse coesão à narrativa, uma escolha de um fio condutor que cimentasse todas as histórias paralelas que nos vão sendo apresentadas a espaços.
São estes pequenos defeitos que não deixam Watchmen ser uma obra de cinema completa. Fica a faltar uma estrela, mas no meio daquilo que já foi alcançado isso não interessa muito.
(+) O inesquecível começo.
(-) Falta alguma coesão a todo o conjunto.
4 comentários:
Finalmente um filme baseado numa graphic novel que, segundo as criticas, vai estar devidamente ao nível desta e sem "falsas partidas" como alguns outros.
Por agora vai o filme vai ficar em lista de espera ate acabar de ler os livros, mas mal acabe quero ver tudo a mover-se xD
Já faz uns anitos que li e reli o trabalho de Moore. Tou ansioso por ver este!
"Se a inicial morte do The Comedian está incrível, com o Unforgettable a contrastar com uma acção dura e crua, o que se seguiu foi história: os créditos ao som de The Times They Are A-Changin' de Bob Dylan são dos pedaços introdutórios mais bem desenhados e poderosos que eu já vi."
Não poderia estar mais de acordo. Até postei os créditos inicias no meu blog, créditos esses que já vi e revi vezes sem conta. Um dos melhores da sétima arte. E aquele Unforgettable é qualquer coisa de genial.
Ao filme dou o 9 em 10 ou as quatro estrelas e meia. Um excelente pedaço de arte e uma das melhores adaptações de bd que já vi.
Cumps
Marco e MytyMyky assim que puderem comprem um bilhete para o filme, serão dos euros mais bem gastos do ano ;)
Fifeco foi no teu blogue que vi o video e vi também a tua exclente critica preenchida pelos excertos musicais!;)Acho que a opinião aqui é unânime!
Abraços
Enviar um comentário