sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Terror em dose trip(l)a

Começando, excepcionalmente, pelo número 5 vou falar de Saw. Este último capítulo para além de não adicionar nada de novo à saga vem demonstrar que esta está saturada e sem ideias. Sentimos perfeitamente que todas as revelações que vão sendo mostradas foram adicionadas à força, sem qualquer tipo de coesão ou harmonia. Uma coisa é termos um belo quadro que vai sendo destapado aos poucos, outra coisa é termos o mesmo quadro e irmos pintando novas formas à volta, estragando a arte inicial. Ficamos então com um filme obrigatório por ano que se arrasta na prisão de ter mesmo de existir. E o Costas Mandylor é das piores coisinhas que a série B já pariu, chiça.
Depois das torturas físicas passei para o terror psicológico, onde um casal se vê amedrontado por um trio de estranhos com estranhas máscaras. Falo de The Strangers com Liv Tyler, que conta uma história, supostamente real, e aquilo que poderia ser tensão transforma-se numa enorme monotonia, onde os sustos regressam compulsivamente aos mesmos lugares. Para além disso no início do filme é nos contado o fim, o que cria sempre uma enorme expectativa e aumenta o efeito surpresa (atenção isto é uma ironia).
Por fim, e porque o melhor fica sempre para este parágrafo, Eden Lake. Filme inglês que conta também a história de um casal amedrontado (Michael Fassbender e a belíssima Kelly Reilly), desta feita por um grupo de bullies num idílico lago à beira de uma pequena aldeia. Não é uma história verídica mas poderia perfeitamente ser e é aqui que este filme realmente assusta e incomoda, pois vemos naquele grupo de delinquentes um dia a dia que se sabe cada vez mais presente na nossa sociedade. Com uma ausência completa de valores e uma fome de sangue o gang entra numa espiral brutal de violência contra este casal de turistas, com cenas verdadeiramente arrepiantes e momentos em que nos ajeitamos no sofá tal é o desconforto. E para aumentar o nosso enjoo somos confrontados com a vida de um terra pequena, onde os seus se protegem e se calam, onde não há fuga nem ajuda possíveis. Existem lagos como este e este filme de terror inglês foi o melhor que vi do género este ano, e também aquele me deixou mais incomodado durante o maior número de dias. Tão cedo não vou acampar.

8 comentários:

C. disse...

Gosto do trocadilho do título! :D

Os outros não vi, mas do Saw (e correndo o risco de me repetir) desisti ao 2º filme.

Ricardo-eu disse...

só uma coisinha, o The srangers é o remake americano de um filme francês de à dois anos chamado Iles (eles na língua de Camões, tendo estreado cá faz mais ou menos um ano), esse eu vi e gostei bastante, agora, como de costume as americanadas nem sempre correm bem.

Miguel Ferreira disse...

O que sempre gostei no Saw foi o facto do Jigsaw levar sempre a melhor, em esquemas complexos onde antecipa sempre o próximo passo do adversário. Gosto disso, gosto do emblemático game over final. Agora, esticar isto até aqui já não faz qualquer sentido, não há história que aguente esta estrutura que devia ter ficado quieta na simpática sequela. Agora já só volto a ver o Saw 15, só para matar saudades na altura.

Ricardo acho que estás enganado, o The Strangers não é um remake do Ils. São histórias distintas e a nível de analogia o mais perto destes que falei é mesmo o Eden Lake. Já vi o Ils e também gostei muito, bastante realista e assustador.

Beijos e abraços

Ledbetter disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ledbetter disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ledbetter disse...

Ainda estou para ver o Eden Lake...está quase!:)
O Saw 5 foi apenas mais um passo evitável na demolição dos créditos ganhos no 1º e 2º filme. O 3º foi forçado e dispensável. O 4º foi simplesmente ridículo. E o 5º foi a gota d'água na asneira. Os argumentos inteligentes e elaborados (e sobretudo coerentes) dos primeiros filmes deram lugar ao puro disparate forçado.
O The Strangers, contudo...devo dizer que não desgostei dos primeiros 40 minutos de tensão psicológica do filme. Dispensava a explicação inicial daquele narrador viril. Mas achei porreira a entrada do suspense com o bater de porta naquela casa vazia. É simples e por isso acho que resultou bem. Fiquei um pouco desiludido no final mas penso que foi apenas a reacção natural de quem deseja perceber melhor o que se passou. Estão lá muitos lugares comuns, é certo. Mas acho que a inovação está na simplicidade com que as coisas vão acontecendo. Não é um filme extraordinário, mas vale por uns bons minutos de suspense com ruídos estranhos e planos de câmara irrequietos.
Que achaste do Transsiberian?
Abraço

Ricardo-eu disse...

peço desculpa, mas tinha quase a certeza que era este o filme, a propósito devo ter feito confusão com The cottage.

Miguel Ferreira disse...

Led concordo com a simplicidade de The Strangers e acho que ao início consegue realmente criar bons momentos de suspense. Mas depois estica demasiado a mesma fórmula e acaba por voltar aos mesmos sustos, uma e outra vez.
Ainda não vi o Transsiberian mas já o tenho cá. Que achaste? Já ouvi muito boa crítica a seu respeito!

Ricardo sem problemas;)

Abraços