segunda-feira, 30 de junho de 2008

Aulas de cinema


Já passa do meio-dia. Lá fora o mercúrio deve estar a rebentar e o bafo quente a secar qualquer fresca flor. Cá dentro o ar é espesso, a luz morta e o professor continua a falar. Do quê perguntam vocês? Não faço a mais pequena ideia, vou apanhando bocados rasgados “excepto para quem faz estudos de cinética” em minutos que vão e vêm “a nossa análise pode ir mais longe que os compostos estáveis”. Como não estou cá decidi vir até aqui apanhar um pouco de ar. “Por outro lado podem-nos levar até outros sítios”, acho que ele está a falar de colóides mas genericamente concordo com ele, levam-me para outros lados: se por acaso assaltassem isto, com metrelhadoras e mau feitio, não sei bem por onde sairía, fazem tanta falta aquelas condutas de ar onde o Bruce Willis tão habilmente se esconde; teria de ser pela janela, um salto único e gigantesco, quebrando o vidro e aterrando um andar e meio depois, no chão, em segurança [até podia deslocar o ombro mas voltava a encaixá-lo como o Mel Gibson]. “Estão ali 999 partes que estão a mais, este é o problema da matriz” diz o meu professor que faz lembrar um conde, sim até podia ser o Doku se tivesse por perto um sabre de luz, ou então gangster americano, já daqueles velhões, imponentes e cavernosos; só espero fazer bem a entrega, senão é a minha família que sofre as consequências. "Nitrato de níquel”, na altura em que sou um rapazola da NASA e ouço atentamente a minha próxima missão, juntamente com os meus quatro colegas de carteira, astronautas. O comandante lá explica a arriscada missão, mudando o fato que visto, militar de momento pois vamos para uma cidade rebentar com tudo, And god bless uma coisa qualquer. Acende-se a luz. Wake up. É hora de ir almoçar, à tarde volta a sessão, aqui na sala de aula, aqui num filme qualquer.

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