Um elenco de luxo ao qual se junta uma boa história, um realizador com pés e cabeça e algumas ideias frescas e originais. Resultado:temos aqui um dos bons filmes deste ano….
Às 12h23 minutos de uma solarenga tarde de sol em Salamanca, Espanha, o presidente dos Estados Unidos da América será alvo de um atentado terrorista. À primeira vista a premissa de Vantage Point de Pete Travis apresenta-se do mais banal possível , olhamos para o ecrã e parece que estamos perante um simples thriller político, voltado para a fragilidade, cada vez mais constante, dos símbolos patrióticos de um país que nunca se ergueu devidamente do 11 de Setembro e onde as feridas demoram a sarar. O alvo aqui será a figura do seu presidente ou o desespero e a impotência da ausência deste perante o desconforto que a ineficácia dos serviços secretos do país apresenta perante as ameaças cada vez mais reais à segurança e integridade da nação.
Tudo isto está errado pois Vantage Point transforma-se num filme frenético, onde a verdade se encontra escondida 23 minutos antes do atentado, a figura maior do estado Americano ,vista pelos olhos daqueles que realmente quiseram ver tudo o que se passou à sua volta. Somos subitamente mergulhados num ritmo quase que alucinante onde a intensidade por vezes se confunde com o calor do abrasador sol Espanhol, com as perseguições no meio da rua, com sentimentos de culpa e redenção. Os rostos que nos guiam perante esses 23 minutos fatais antes da tragédia vão desde o presidente, ao simples turista, até mesmo aos próprios terroristas que perpetuaram o atentado em nome da fé e da relutância contra o imperialismo americano tão badalado na sociedade dos nossos dias. É através destas personagens que vamos descobrir o que realmente se passou até à última e reveladora surpresa final. O filme vive precisamente da acção quase claustrofóbica que carrega o piano a toda trama e do quebra-cabeças a qual obriga o espectador a estar a tento em todas as movimentações das personagens resolvendo um a um os enigmas que lhe são apresentados. Os actores apresentam uma boa intensidade na história ,mais uma vez Dennis Quaid encontra-se a um excelente nível como já nos habituou , mas o melhor desempenho de entre as estrelas do filme é sem dúvida Forest Whitaker ( mais uma grande performance do Último Rei da Escócia), William Hurt está igual a si próprio,e Matthew Fox ( o Jack da série televisiva Lost) uma boa surpresa e um actor a ter cada vez mais em conta .
Enfim Vantage Point transforma-se num bom ensaio cinematográfico, uma referência à insegurança e paranóia em que muitos americanos vêem as suas vidas mergulhadas no desenrolar constante de tragédias, um filme a ter em conta mas que terá o estigma de ser confundido com o filme pipoca no qual cada vez mais se aposta para levar as massas populares ao cinema…
Capaxinhos
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