quarta-feira, 16 de abril de 2008

REC

Quando vi pela primeira vez A Curva fui atingido pelo chamado arrepio na espinha. Esta pequena incursão por uma das lendas da Serra de Sintra, apesar de monótona, de ter actores fraquinhos e de pouco ou nada trazer de novo, nos segundos finais conseguiu o que poucas longas-metragens tentam vezes sem conta, assustar. Desde a câmara ao ombro até ao terror na nossa língua, algo ali realmente resulta.

Em REC sucede-se precisamente o mesmo. Muda o conteúdo: uma equipa de reportagem decide passar a noite num quartel dos bombeiros retratando um noite normal na vida destes homens. A rotina é quebrada quando respondem a uma chamada de socorro, uma idosa está presa na sua casa num dos andares de um velho prédio. O que parecia fácil acaba por ser uma luta pela sobrevivência e está dado o pontapé de saída, que rapidamente nos assola (aos 10 minutos já está o caldo entornado) e nos prende às escuras num prédio podre de vida.
REC não traz nada de novo ao género, nem no modo jornalístico de filmar nem na temática zombie que é abordada, contando com actores que, não chegando a comprometer, também não enchem o écran, havendo mesmo um ou dois momentos em que o ridículo quase toma conta da situação. Por outro lado o ritmo é verdadeiramente alucinante, com momentos muito bem conseguidos (medalha de ouro para a cena final) e que metem o nosso pobre coração a bater mais rápido. Sem muito mais para explicar, é uma fita realmente eficaz e que a nós portugueses, irmãos de língua, nos afecta especialmente (apesar de sermos os maus da fita).

Já alvo de uma cópia americana (do mais descarado e desnecessário que pode haver), vencedor do Fantasporto deste ano e detentor dos mais diversos elogios, REC é sem dúvida merecedor de uma ida ao cinema. Tendo sempre presente o que nos propõem: experimentar o medo, pois é isso que o filme é, uma experiência (nunca chega a ser o filme completo e fechado que é Cloverfield). Como última nota chamo a atenção para o criativo trailer onde são mostradas apenas as reacções das pessoas na sala de cinema, muito bom.




(+) Toda a experiência em si.
(-) Alguns momentos que trazem gargalhadas em vez de gritos.

2 comentários:

Jp disse...

Já há umas semanas que quero ir ver este... E a repórter é toda enxuta!!

P.S. - Não sei se era tua intenção, mas o trailer que puseste não é o que referes no texto...

Miguel Ferreira disse...

O trailer com as reacções do público está linkado quando o refiro. Vai ver que vale a pena.Um abraço