quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Anotem este nome

Vírus, putos infectados, massacre na escola. Adultos devorados. Mais um dia no escritório. É território da comédia de terror, já muito visitado, mas onde sabe sempre bem voltar para um passeio sem compromisso. Cooties é essa revisão, com tudo a que temos direito: gore, personagens definidas, bem estereotipadas e depois, amigos, possivelmente o melhor badass do ano. Com direito a punchline final e tudo. Só por ele merece sequela, e sequela, trilogia porra.

Bem haja

E ao sétimo dia. Fez-se, finalmente, fez-se Ridley. Temos Scott. Deixou-se dos pastéis históricos e histórias de algibeira para voltar à base. Onde nasceu como alienígena. The Martian não nos salva, mas enche-nos de palavras. HAJA COR. Com tom, muito toque, muita certeza do que se quer. HAJA RITMO. Desviando a anca em cada buraco lamechas, para chegar lá. De problema em solução em problema em solução. HAJA VIDA. Cheio de personagens, como se de real facto se tratasse, ante-visão de qualquer história maravilha. Os corpos voltam a bailar no espaço, como no Marte de De Palma. Deslizam, para se encontrarem, para a colisão. Não ao com as canções, mas com o tempo e contra ele. O futuro acreditamos nele, e de música em música já terminou. HAJA FILME. É assim que se sobrevive ao sistema. Com esta pequena lição de entretenimento.

sábado, 26 de setembro de 2015

Procura-se

Desapareceu no passado ano de 1982, depois de ter realizado Blade Runner. Tinha calças de ganga, um chapéu encarnado e um maço de boas ideias no bolso. Diz-se que volta para a semana. Vamos todos torcer para que venha são e salvo.

Programa eleitoral


Esta campanha é um típico flop de bilheteira. Andaram todos aos linguados, mas hoje ninguém se conhece. Como aquelas rabudas do Secret Story. A culpa da má montagem, mau final, mau ritmo, maus actores, é sempre do outro. Das birras e decisões de terceiros. Os espectadores, esses, fodem-se num tempo regulamentar demasiado extenso. E o que me lixa, acima de todos os caprichos e idiossincrasias do capitólio, é o facto de ainda ninguém, mas mesmo ninguém, desde que a campanha começou, ter referido o facto de os hdrips andarem uma bela merda. Tremem, falta qualidade. Um cidadão quer chegar a casa, e ao menos poder usufruir da sua missãozinha impossível ou da sua cidadinha de papel. Vai a ver nada. Abram os olhos por amor de deus.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A estação

O meu pai adorava cinema, o cinema. Um bom filme. Nos outros adormecia, patetices teimosas, bodegas barulhentas da pipoca. Lá ia, ressonava aqui e ali. Dick Tracy, sestinha no meio daquele enxoval de chumbo. Hook, teve de levar um toque do lado. Mas se o bocejo castigava a macacada - nada de fantasias e afins - o gozo e interminável conversa coroava uma obra cheia. E maior que tal satisfação, no carro, a caminho de casa, bestial, excelente, só mesmo os meus olhos de cachopo, a medir as paixões, aprendendo e construindo. Gosto ainda mais de Barton Fink. Não cessa A Barreira Invisível. Quatro Casamentos e Um Funeral, ou qualquer Woody Allen, ria sempre. Gosto sempre. É sempre um Woody Allen não é? É sim pai. E em casa. Tinha os seus intocáveis. Filmes que durante um determinado período de tempo mostrava às visitas. Já viram A Estação? Mais uma volta, obrigatória. Atento às reações, lá se perdia, pela enésima vez. Já dá para sacar A Caça? Dá sim pai. Belíssimo. Vi-o depois, e subscrevo. Sei disso tudo, todos e todos. O meu pai faria hoje anos. Celebrá-lo e recordá-lo, dizer que o amo. Gritar no vácuo, mas gritar. Tu és o meu cinema companheiro, hoje e sempre. Parabéns!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Das grandes canções

Brian: Tony and I think that if you close your eyes you can see a place or something that's happening. It's like being blind but because you're blind you can see more. Don't you think it's a spiritual kind of thing?

Murry: I don't know what the hell you're talking about. I closed my eyes. Didn't see a thing. I don't know. Maybe it could be something. With the right arrangement.

Brian: I have French horns on it and flutes, tambourines, sleigh bells, piano, bass. Real complex key shifts.

Murry: Frankly, if you really want to know, I don't care for it. It's too wishy-washy. "If you leave me, why leave me? Life will go on. Why go on living?" It's not like a Beach Boys song. Your brothers are going to hate it.

Brian: It's a love song.

Murry: It's a suicide note.

Bons como as cobras

Não era fixe que o The Good Dinosaur fosse uma espécie de The Good Son mas com dinossauros. Com um dinossauro bonzinho e bonitinho que afinal era a nona reencarnação de belzebu. E tentava matar o primo dinossauro, esse sim bonzinho e bonitinho de verdade. A Pixar a aceitar novos caminhos de demência e maturidade. Gostava tanto.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Tem o puto mais genial de sempre

Este sim, o acontecimento. Tudo a fazer sentido, sua visão a ganhar real forma. Estado final de metamorfoses, de buscas sucessivas em planos, reviravoltas e fantasmas. Sempre foi neles que residiu o seu cinema: vê-los ou não conseguir esquecê-los. As narrativas, constantes maratonas redentoras, para o perdão ou silêncio, paz. Sempre em busca, como ele mesmo. Este sim, o acontecimento. The Visit é não só o melhor filme de Shyamalan, como é um dos melhores do ano. Para além disso é também uma pequena maravilha. Sinopse curta: dois irmãos vão visitar os avós pela primeira vez. É isto. É o quê? É found footage gourmet, quase uma nova categoria, o éden. Não só para o susto - que existe e é do bom - mas para o desarme das crianças. Do casal protagonista, dos irmãos e seus medos, que vão evitando e olhando para outro lado até ao final. Exorcismo já antes usado mas que aqui se assume como real, muito carnudo, daí o documental. Mesmo à flor, até explodir. E nós agarrados que nem balão inchado, a transpirar do ar em excesso, da falta dele. Para voltarmos a nós, e podermos rir. O bizarro é divertidíssimo. Saber demonstrá-lo, por outro lado, é complicadíssimo. Hoje não, hoje tudo foi fácil. Acho piada aos que gozam irónicos: ah e tal diziam que ele era o novo Spielberg. Foi a melhor coisa que lhe aconteceu, não ser o novo Spielberg, se não estávamos a levar com aqueles dramalhões de guerra, dos cavalinhos ou das pontezinhas dos espiões. Foda-se deus me livre. Manteve-se fiel ao que interessa. E por isso, na saúde e na doença, terá sempre a minha visita.

Batalhas musicais, do início ao fim (IV)

Mas que filmes são aqueles da Sininho? Todos os anos mais um filme da gaja com o seu cartel de fadas e bichos e merdas. Mas o que é isto afinal? Vem de onde? Penso muito nisso. Nisso e na clássica: dança de rua do Tropa de Elite ou dança de sala do Antes do Anoitecer? Oh sim, fartos desta vida ou prontos para perder o avião?


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Quando ando mais sensível

Vi o filme da gorda. Epá eu sei. Eu sei, porra eu sei. Mas querem o quê, depois de jantar fico uma besta nostálgica. Pus na cabeça que se este fosse engraçado - obrigado malta que fingiu que isto era bom - o novo Ghostbusters seguiria o rasto, céus seria espectacular. Beijaria com todos os meus dentes a cara de Paul Feig, este génio, este messias, e não. Claro que não. É péssimo. Gorda a cair, piada sim, piada não sobre cuecas cagadas e ainda há espaço para uma selfie de pila entesada. Agora chora.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

But this stork is quite tasty, isn't it?

No reino do Ferreira, todos os cursos, de todas as universidades, mostram aos seus caloiros, no primeiro dia de aulas esta cena. Depois podem ir praxar, foder, beber. O que quiserem, mas antes levam com a melhor anedota/momento/reflexão/aviso/classe de sempre. Pode ser que ajude. 

Chafurdar

Punch Drunk Love é um dos meus filmes. Daí doer um pouco esta minha falta de pachorra. Para o último P. T. Anderson. Até posso ser mais: para os últimos três P. T. Andersons. As interpretações são sempre soberbas, com o seu espaço e estética, mas existe algo demasiado asséptico. Desinfetado. A realizar de luvas, com medo do excremento, do orgânico. Como se o vidro se sentisse de facto, ali sisudo, a manter a fronteira. Gostar mas nunca cair de cabeça, porque ele próprio foge dos germes. Da adoração. E aos poucos vamos então procurando outras poças, outras lamas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

É a da direita

Há uma matemática essencial no lixo de horror: menor a qualidade, melhor o gajedo. Duas curvas, uma sobe e a outra desce, em proporção. A marcar o passo. O que obrigaria Os Galões (The Gallows) a ter uma musa ao nível Kate Upton. Nada disso, nem isso. Safa-se uma gaja só boa e um trailer porreiro. Qual porreiro, o trailer é genial quando confrontado com tal langonha. Não foi fácil porra.

Simpatias

Até agora, esta moda do troca o género, não me incomodava. Não é que me passasse mesmo ao lado, fazia voos rasantes, à morcego. Ou seja, já foi, ventinho na orelha e tal, um palavrão ou outro, mas nada de mais. Até hoje. Pois do panteão de épicos intocáveis reservados à testo, Road House aparece no top 1. Agora reboot com aquela matulona que tem a mania que bate em toda a gente. Já chega malta. É altura de deixarmos de ser simpáticos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Where is my mind?

Tão problemática como a trama, esta minha perdição. Começou cheia, com aquele maravilhoso piloto. Perdeu luz, segundo, terceiro. Interregno. Bate papo com mais malta desiludida. Mas que armanço aos cucos é este afinal? Querem chegar mesmo a algum lado? Ou é só a viagem? A moca. Bate papo com malta que continua a ver. Voltei, agora de pilão até ao fim. E amigos, pelo menos os amigos que já viram, desculpem por tudo, pela falta de fé. Sim era necessário todo aquele engenho, todo aquele formigueiro de mentes retorcidas, de monólogos desesperados e gente, a gente. Que se foda a sociedade. Não é todos os dias que nos desafiam, que nos exigem atenção, todos os bastonetes e cones que existirem na puta da nossa retina, todos, ali parados e especados. Porque é mesmo preciso. E querem saber onde foi o meu K.O., onde me vendi e queimei o nome da série no antebraço? Oh onde está a minha cabeça, vocês já sabem. É que não é só um cover maravilhoso, uma cena, um final, uma homenagem, é uma afirmação de que continuamos aqui. Sejamos nós quem formos.

Mais um dia no escritório

O Pau do Sul (Southpaw) é bem capaz de ser a maior desilusão. Reescrevo, desperdício, do ano. Então mas oh Fuqua, com um espaço destes, com matéria prima deste calibre, vais espetar os cornos exatamente nas mesmas rochas. Os postes do costume. Morre, fica com a gaiata, black Mr. Miyagi, mau sul americano e pimba. Choradeira, vitória vitória. Tudo refém de uma transformação e do melhor ator da atualidade. Não chega. Tão formatado e sensaborão que nem parece real.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Agora já podemos cantar à vontade, bora lá malta: I have a dream


Sim, não deixa de ter piada. Para além disso, a seguir ao do Jorge Mendes, é o casamento do ano. Que maravilha.

Os desolados

Ironia, tamanha vizinhança: Miguel Gomes, sua trilogia, Bruno Nogueira, seu novo som. Ironia pois ambos caminham na desolação. O primeiro no título - ainda não vi - e o segundo no modo como constantemente se renova, no seu cansaço e desalento. Procurando caminhos na destruição e posterior reconstrução dos seus temas, dos seus dias. E depois da inesquecível Odisseia, premeia-nos com mais um desatino, uma nota fora de todas as outras cantigas. A experimentar. Com muito de muita coisa, dos passeios de carro às confissões, virando tudo muito nosso. Hoje a música popular, seus corpos, suas personagens, desarmadas à espera de entrar em palco, em cantos e recantos, como heróis esquecidos. Nogueira revê-se nestes pequenos becos, e transforma-os em amplos auditórios. Tornando-se ele próprio no herói que interessa lembrar.

Da história dos grandes conflitos, e das perucas

Fantastic Four divide o mundo naqueles dois grandes grupos: o professor porreiro que sabe que a resposta final está errada mas conta o raciocínio e o professor cabrão que sabe que o raciocínio, até determinado ponto, está bem elaborado mas como a resposta final está incorrecta risca tudo a vermelho, bem grosso. Cabe agora a cada um de nós ver esta valente merda - não me deixem assim - e decidir, que lado tomar. Depois podemos todos andar à marretada ou só beber uns copos, logo se pensa nisso.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Sem saber

Todavia, Catarina, ao descobrir que o seu futuro vai mudar com a morte de António, não consegue esperar mais e decide matá-lo. Sem saber, mata o próprio avô. 
Nunca sabem nada, as personagens das telenovelas portuguesas. Nunca sabem o que são: irmãos que se papam, porque não sabem, ou não sabem que não sabem e afinal não são, mães que são e sabem ou pensam que sabem, e pais, oh deus, quantos cornos que só depois, para permitir que os que não sabiam se possam finalmente papar à vontade. No fundo quem não sabe mesmo nada é quem escreve: a começar pelo título, depois do genial - e mais redundante de sempre - Mar Salgado - o incrível trocadilho Coração d'Ouro, do coração da senhora e da zona do país. Pausa e baba, muita baba. Rita de sempre Blanco, com uma filha que é uma cabra, e mata o velho que é mesmo avô, e depois a mãe assume as culpas, e depois há um irmão que é mau e outro bom. E depois as pessoas gostam muito e dizem que está bem feito. No fundo no fundo, quem não sabe mesmo nada sou eu.

domingo, 6 de setembro de 2015

E tudo foi corrigido

Já tudo foi dito. Visão definitiva de Hanniball. Final maravilhoso. Poesia arrancada à dentada. Sangue na calçada. Não poderia ser de outra forma. Não há outro modo de ler a morte e o sonho, o desejo e o pesadelo, senão nestes corpos que tentam sufocados a vida de borboleta. Saímos do casulo: é lindo, de facto. E caímos, envoltos em tamanha revolta, numa paz reconfortante. Gostávamos claro de aqui continuar, mas se por aqui ficarmos, vamos deliciados e, ponto essencial, totalmente saciados.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A verdadeira conspiração da aranha

É um excelente exemplo de uma série de cruzes, que agravaram e feriram, ao longo dos anos, a sétima arte. A arte e seus laços criativos, a serem já ali pesados, quando ainda tudo parecia bem. Cálculos e finalmente o medo do risco. O milagre que é Mad Max: Fury Road e o milagre que não foi Superman Lives. O documentário ilustra de forma hilariante os excêntricos, os artistas e o quanto é necessário para construir apenas um molde. O que eles tinham era um carrinho cheio de ideias, de desenhos e vontades. Bonecos prontos a ir, a serem atirados para o recreio: naquele auge orgásmico do Burton. Que merda. Ao menos lavamos as enxaquecas e esquecemos aquela terrível imagem do Nicolas Cage. A única imagem deste falhanço quando antes e depois dessas existem outras, muitas outras, que interessam conhecer.

Prestam-se serviços de PT

E o que faz um Personal Trainer de Cinema? Cenas:

- vai com vocês ao cinema, acompanha-vos na compra do bilhete e explica detalhadamente os benefícios e malefícios de cada obra em cartaz. O que parece bom às vezes não é, ou num dia pode não se adequar e no seguinte já ser estritamente necessário. Ultimamente tenho tido casos de muitas pessoas que desconheciam o facto do Minions ser uma valente merda, e que pode até em alguns casos provocar cataratas. São estas pequenas coisas;
- não vos deixa comprar pipocas;
- prepara ciclos de cinema temáticos e específicos, de modo a que o cliente esteja sempre atualizado das sagas que vão saindo. Por exemplo organizei imensos ciclos Terminator, preparatórios para o Genisys. Depois tive um ou dois suicídios mas já fora do meu horário de trabalho;
- não vos deixa fazer intervalo quando vêm filmes no sofá lá de casa;
- por último apoia a escolha do torrent: será que é o torrent adequado? poderei ver com legendas em coreano? é assim tão merdoso? basta HDrip ou é melhor apostar nos 720p? Todas estas e muitas outras questões rapidamente respondidas, tornando a dor de cabeça da escolha num suave passeio de sacanço.

Aviso à navegação, nos sítios do costume