quinta-feira, 29 de junho de 2017

Um minuto de silêncio


Hoje saiu o tal trailer do tal recenas do Jumanji. Cor, CGI, palermice, o The Rock, mais cor, mais CGI e mais palermice. É pior ainda. Mas o momento é de dor. Respeito por aqueles que já foram felizes no tabuleiro. 

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ainda assim, se alguém quiser abrir o debate aqui estarei


Neste género de desafios, em que muitas peças são montadas no pós-filme, por ti, têm que ser cumpridos certos requisitos. Mínimos, para se passar, à justa ou não, mas para se passar. Vá anda lá, já tens um metro e meio, podes seguir no miolo deste cavalheiro atraente. Podes ficar a levitar mas tem de haver faísca para voltares à cama, sofá, chão, de tecla em tecla. À procura de resposta, de troca, de conversa. Buster's Mal Heart é um filme bonitinho, uma desconstrução solitária do eu, do final dos dias, assente num sempre competente Rami Malek. Mas no final, o que sobra em suposto engenho escasseia em suposta curiosidade. É preciso fazermos alguma coisa de facto, mas também é preciso o ímpeto. Que ficou lá, no meio de conspirações e inversões. 

terça-feira, 27 de junho de 2017

All that she wants


Muita coisa para ver, escrever e derreter no calor de The Bad Batch. Por isso temos que ser práticos, abotoados no essencial. Sem números, um dois três, o filme envolve e revolve. Nos primeiros minutos já estamos lá dentro, a caminho de nenhures, cheios de pó e desorientados. Depois de estabelecidos, movemos-nos ao sabor das batidas - Ace of Base, que delícia - numa espécie de disco do Apocalipse. De final esquecido e improvável. Numa estética tão pintas, tão cheia de estilo e identidade que apetece colar todos os planos daqueles calções na parede da sala. Já. E por último o elenco, um irónico encontro de náufragos. Uma festa-exílio, de esquecidos e mal tratados, liderada por uma novata, como se fosse ela luz de algum tipo de redenção. Como se fosse necessário salvar alguma coisa nesta pequena maravilha. 

domingo, 25 de junho de 2017

Os dois is


É sempre arriscado dizer que a terceira temporada de Fargo foi a minha favorita. Foi a minha favorita. Sendo então redundante estar aqui de mapa na mão, com longas indicações de poesia e genialidade. O início do episódio 4, Pedro e o Lobo, por exemplo. Ou o diálogo final, o frente a frente que cai na nossa própria resolução. Mas não queria ir embora sem dizer que esta série é a única que consegue - aqui nos ombros da inesquecível Carrie Coon - ilustrar a imbecilidade e a invisibilidade. Uma, consequência da outra. A solidão, a fechar o ramalhete, como desespero, como grito bem encarnado no meio daquele infinito imaculado. Viver rodeado de imbecis, incompetentes, intolerantes torna o ser desperto invisível. Fargo filma isso como mais ninguém.

Para todos os "time loopers" desta vida


Oh tempo volta pra trás. Sim senhor. E lá regressamos aos time loopers, aqueles eternos prazeres, com muito doce e pouca culpa. Blood Punch na calha, descoberto entre amigos, dá cá um conselho e a seguir dá outro. Nunca o tinha visto mais sangrento e que bela surpresa. Praticamente só com três atores, três desconhecidos, estabelece-se rapidamente na multidão, utilizando a falta de ferramentas sempre a seu favor. Elaborando um tom, nunca arriscando em demasia - podia nalguns momentos ter tentado - e sendo sempre fiel ao género dentro do género, às suas regras dentro das suas leis. Hilariante, violento e surpreendente, este pequenito vem do nada e fica na lista malta, fica de imediato na lista. 

Crítica aos últimos 5 minutos de "Fintar o Amor"


Apanhei os últimos 5 minutos de Fintar o Amor. Gostei muito. Primeiro porque foram só 5 minutos e segundo porque, lá está, foram só 5 minutos. Se apostarmos neste tipo de visionamentos, neste tipo de comédias romantolas, conseguimos sentir algum bem estar. O Gerald Butler está com cabelo à João Manzarra 2017. Estaciona, sai do caro e diz a uma criança, que deve ser o seu filho, que agora voltou de vez. Prometes? Diz o petiz. Sim, responde o canastrão. Entretanto aparece a Jessica Biel, que anuncia: afinal já não me vou casar (com outro gajo qualquer). Ai ai, andavam chateados não é? Mas onde é que o menino andou a enfiar a pilinha? Já está tudo bem. Riem muito os dois e a câmara pendurada no drone levanta. Ficam os três a brincar na relva e eu mudo de canal. Assim vale a pena.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Mas nós não interessamos nada


Falta-lhe porcaria. Baldes com esterco. Humidade. O desequilíbrio dá-lhe uma certa graça sim, um toque genuíno de série B. Para aqueles dias em que ser trapalhão até pode ser uma mais valia. Tudo muito claro e fácil, mas com um certo charme de espaço, de velho castelo assombrado. Mas falta esse âmago de violência suja, dos sentidos. É muito pipi, muito arranjadinho, plástico e plástico, a pensar em nós e nosso bem-estar. 

terça-feira, 20 de junho de 2017

E pus de parte toda a nostalgia


Raccord muito bom, logo ao início, quando transita dos milhões de anos para o há bocadinho. E aparece a vaca. A própria câmara parece querer dizer alguma coisa. Melhor, o próprio filme atrasa-se na tentativa, no tear narrativo das personagens. Forçado, teenager, levezinho. Claro. Mas ao menos há aqui uma brisa paterna, ou materna, que nos tenta levar. E a Ranger rosa, sim senhora. Go go, que o próximo já vejo no cinema. 

quarta-feira, 14 de junho de 2017

O Feiticeiro que é Oz


Andou aos trambolhões, mudou de nome, mudou de pasta, foi apagado, foi readquirido e finalmente foi devorado. Mil desculpas, para The Blackcoat´s Daughter, uma das pequenas maravilhas do ano. Para ficar sentado nos créditos, a preto e ao som, como em Personal Shopper. E se aqui não temos a liberdade nem o espaço para reinventar, somos por outro lado surpreendidos por uma eficácia gélida e prática. Uma desconstrução da mais simples das histórias, da amargura, que de outra forma não existiria mas que assim nos mantém sempre atrás, à distância, à procura de uma referência. Afinal era isso, bolas, sim senhor. Muito bem feitinho senhor Oz Perkins

Se já não estiver lá liguem que eu mando


Gostava muito de ter estes bonecos do Los Parecidos. Isto sim, mercadoria à antiga, para encontrar daqui a 50 anos numa venda de garagem. E quem ainda não viu, pode parar de ler e fazer-se à estrada. Ah mas não há em lado nenhum. Certo. Quer dizer, errado, Netflix, lá mesmo para o fundo, bem abaixo do outro refugo. Ele e seu irmão El Incidente, as duas gemas do retorcido e revigorante universo de Isaac Ezban.

Ninguém respeita os penteados


Se cruzarmos a Lei de Roberts - que diz que qualquer filme com a Julia em modo piruca ruiva de caracóis não pode ser alvo de reboot - com a Lei de Bacon - que diz que qualquer filme do Kevin com cabelo à Bon Jovi não pode ser alvo de reboot - com a Lei de Sutherland - que diz que qualquer filme do Kiefer com o cabelo um bocadinho menos redneck que no The Lost Boys mas ainda não normal não pode ser alvo de reboot - com a Lei de Baldwin - que diz que qualquer filme com o William, incluindo o Presa Fácil, não pode ser alvo de reboot - chegamos à conclusão que esta parvoíce é um enorme crime. Atentado. Morreste? Ai e tal agora vou eu, ai ai, e depois vou eu. Mas o que é isto? Um saltitão num festival de verão? Tenham respeito e vergonha, Flatliners, 1990, VHS, cabelos fodidos. O resto é dor de cabeça e fogo de artifício.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Se eu te tivesse visto


Não vi. Mas se por acaso tivesse visto We Are the Flesh chamar-lhe-ia instalação de arte. Como a própria construção, que se vai colando e juntando, caverna. Como me contaram, que eu não vi. Não ia estragar o meu domingo, com grandes planos de escrotos, orgias, canibalismo e cortes psicadélicos. Explícito, agri agri, sem um sentido de obra; o que se vai erguendo sucede e não conclui. Instalação, lá está. O meu amigo que viu, diz que o final é a gracinha, a piscar à crítica social, ao estado a que chegaram, ao México. Diz que é isso mas não chega, não cola. O meu amigo que viu ficou fodido. Ufa, safei-me de boa.

sábado, 10 de junho de 2017

Gadot no País das Maravilhas


Vamos começar pelas coisinhas boas? FIM. Estou a brincar. Ai que grande brincalhão eu, tonto. O grande ponto positivo de Wonder Woman é de facto Gal Gadot. Verdade que a maioria dos castings para estas ramboiadas de super-heróis acertam no ou na protagonista, mas aqui há quase uma aptidão nata. Uma orgânica, não só no facto de ela ser mesmo muito bonita - e o filme usa bem esse frame - mas de ter uma sinceridade e vontade contagiantes, como aquela gargalhada a subir a torre. Diverte-se, e isso ajuda a existir. Para além disso o filme consegue ter uma narrativa, contar uma história de forma regrada e estruturada. O que para estes orçamentos é missão cada vez mais escorregadia. Poucos buracos. Boas cenas de luta. E é isso. O resto é aquela leveza infantil de quem está a explicar o que faz no seu trabalho a uma criança de 5 anos. Assim devagar, a gesticular muito o maxilar, especialmente no início, digno das grandes produções novelescas da TVI. A Hipólita, a Antílope, tiros, lágrimas, vingança. O próprio vilão é daqueles truques que se vê cá de fora da sala, eu estava a jantar e já sabia quem era. A própria senda dela, a questão deus versus homem, que eu gostei, poderia e deveria ter sido rematada com outro ponto, e não com CGI, remédio santo para todas as dores. E isso tira vida. Por exemplo, as roupas das Amazonas cheiram a plástico no meio de todo aquele chroma key. Onde estão aqueles riachos e aquele crepitar das grandes fantasias? Perdidos, por aí. No final, sem cena escondida - obrigado! - fica o travo de um quase lá.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

A melhor série de televisão da década


Nunca antes se provaram tamanhas façanhas, tão elevados riscos. Em prol da criação, mais ou menos cristalina, mais ou menos sincera. Muita, muita coisa, a sair, agora, enquanto conversamos. Não podemos virar a cara ao laboratório vivo que hoje se instalou no pequeno écran. E dele, não devemos nunca esquecer The Leftovers. Projetar e perceber o seu impacto, as suas futuras lições nos quadros da escola, é um exercício apetecível mas inútil. Voltar a elogiá-lo, o mesmo, o mesmo. Resta aquele descabelado obrigado, com tudo na mão e os pássaros num frenesim. Estamos aqui, estamos aqui. 

Até ao fim


- Ontem vi este - nunca tinha ouvido falar dele. Nunca o tinha visto mais gordo, e o meu irmão lá o tirou da cartola, do colar infinito de pérolas. Sugestão atrás de sugestão. Especialista na matéria, conhecedor do género, agitei, cheirei e bochechei. Comprei a garrafa. Investimento seguro, sólido e sem grandes avarias. Não quer inventar, porém reinventando e rompendo, especialmente no campo da interpretação. Que dupla amigos. Relativamente desconhecidos, dirigidos por um estreante, emprestam, dão, vendem, morrem e renascem, vezes e vezes sem conta; uma espécie de prova a representar outra. Dois terços da fé, são eles. O que sobra somos nós, nossos lutos e anjos da guarda. Uma bela surpresinha.

sábado, 3 de junho de 2017

Reboots comigo


O Créditos Finais, anunciou, na passada quinta-feira, a produção de uma série de reboots portugueses de obras estrangeiras, com o intuito de dar visibilidade, não só à blogosfera, mas também a mim. Por isso é que são todos comigo.

Personal Blogger
Sou um Personal Blogger, escrevo os posts de malta famosa que não tem tempo para ter um blogue. Entretanto o blogue do meu irmão gémeo desaparece e eu começo a ver blogues que já foram apagados.

Mission: Impossible - Rogue Blogosphere
Sou um agente da blogosfera que tem de lutar contra uma instituição de sites que roubaram uma lista com o nome de todos os bloggers de cinema no ativo. Que obviamente ninguém sabe quem são.

Alien: Bloguenant
Uma nave só com bloggers deixa a terra para ir colonizar outro planeta que tem as condições ideais para a sobrevivência da blogosfera. Só que entretanto recebem um pedido de ajuda de um antigo blogue de arte urbana e vão ver o que se passa. Dá merda, Facemorfos e Sitemorfos com fartura.

Beauty and the Blogger
Mais uma vez, eu, amaldiçoado por pensar que o meu blogue é muito bom e fazer troça do Facebook. O tempo começa a contar e se não encontrar uma blogger de moda de unhas de gel e gelinho que leia um post meu, de livre vontade, fico para sempre aprisionado no Cinema SAPO Mag.

John Blogger: Chapter 2
Há uma sociedade secreta de bloggers cinéfilos que opera nas sombras. Nela o mais temido de todos, John Blogger. Desta vez não lhe apagam um post, pior, rebentam-lhe com o blogue todo. Alguém vai ter de pagar.  


quinta-feira, 1 de junho de 2017

Qual o ator criança que mais detestam?


Ou detestaram. Ou detestaram e ainda detestam. Não vale dizer Elijah Wood, demasiado fácil, e também não vamos chatear as 345 miúdas que fizeram de Annie. Eu, para despachar isto meto já aqui o elenco inteiro de The Little Rascals. Ah mas são crianças e eram os 90 e, pois está bem, levem lá com um bocadinho e depois não precisam de voltar a pedir desculpa.