quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Aquele sismo leva poucas e boas

Quando a bandeira é estendida, mesmo no fim, a minha mãe questiona inconformada: mas ainda se fazem coisas destas? Ainda, até eu que vejo muito mais treta fiquei surpreso, com tal esteoritipada, valente cabeçada, metes-te nelas e depois queres o quê? San Andreas é o Anabelle dos filmes catástrofe: respeita na totalidade o género onde está inserido e, em paralelo, é uma valente merda. O que aborrece, pois normalmente são projectos mais caros, mais raros, mais acontecimentos. E se acham, de nariz franzino que os fenómenos naturais não se podem reger por duras regras, como a gritaria, enganam-se, é um universo pouco nada flexível: 

- casal protagonista divorciado que no final se desdivorcia, e beija-se cheio de feridas e costelas partidas. Normalmente há um terceiro elemento, casado já com um deles, que morre ou vai embora. Em San Andreas é o senhor fantástico, não este, o anterior, se bem que a que me dá mais pena é a gaja do Twister. O marido da Amanda Peet no 2012 também era porreiro;
- filho, filha, jeitoso, jeitosa, do casal protagonista, que conhece alguém jeitoso do sexo oposto com quem vai partilhar a aventura. Esta personagem está sempre afastada porque sim, e os pais têm de ir lá buscá-la. A filha de San Andreas é a razão de eu ter dado uma estrela, até poderiam ter sido duas, em homenagem ao par. Mesmo assim continuo a preferir a jornada do Dennis Quaid para ir salvar o Gyllenhaal, o que nos leva ao seguinte ponto;
- o amigo do cientista morre sempre, como este último que cai lá num centro comercial cheio de neve. Ou o chinoca do San Andreas. Ou aquele velho no Dante´s Peak, lá agarrado e levado pela água;
- isto porque nunca ninguém ouve inicialmente os avisos, facto que é comum em todos, mas mesmo em todos. Ah malta olhem lá, isto vai dar porcaria. Ah e tal não acreditamos em ti porque tu és só o melhor especialista do mundo na área. É um plot que precisa de intervenção. Ou então tentar mudar tudo, não sei.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Sci-Fi da semana

Infini é um sismógrafo eufórico, que risca e risca, sobe e desce, sobe e desce. Arranca seguro, rápido, prático, mas depois - apesar de continuar bem fechado e bem feitinho - arrasta-se na batatada dos infectados. Muito tempo de olho vermelho, porrada, porrada, gritaria. Para no final voltar ao clique, volte face, alerta "afinal temos aqui qualquer coisa". Se calhar temos mesmo.

O verdadeiro quarteto fantástico

Apanhei o Scream 2 um dia destes. Já nem me lembrava que a Buffy levava umas facadas valentes. Foi naquela altura que também apanhou forte no Verão passado. Só lhe fazia era bem. Mas a minha reflexão não se prende com ela, ou pelo menos só com ela. É a saga toda, que naquele feliz zapping me chegou de empreitada, foi o secundário de novo, em todo o seu esplendor. E esquecendo a nostalgia aborrecida e repetitiva - foda-se quase que choro - a verdade é que a quadrilogia, com todos os seus podres, marcou de forma incontornável o género. O primeiro obra prima, o segundo tem o início no cinema, aquelas palmas, o terceiro ainda mais dentro dos bastidores - sempre em círculo, sempre em espelho - e o último atualiza. Resumindo tudo, com aquele que é talvez o melhor arranque. Tudo é o filme do filme do filme. Um ciclo, uma volta que regressa continuamente a manhã, como qualquer vida. Nenhum um outro produto se assume e ironiza, se circunda e se recicla, como este quarteto.

Batalhas musicais, do início ao fim (III)

Torneiras com pressão a menos ou pressão a mais? Ou demora muito, tentando recolher cada e toda gota, ou é a bombar e ficamos de calças molhadas, do género mijado. Penso muito nisto. Nisto e naquela outra eterna: início do Chariots of Fire ou final de The Bodyguard? Ah pois, ambos têm discurso religio-inspirador a anteceder um musicão daqueles.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Ansioso pela tradução

Tem o melhor nome de sempre. Isso já ninguém lhe tira. Conseguia ficar aqui a dizer Cop Car até 2018. Mas como todos temos mais de fazer, vou baixar o facho, e alertar para o facto desta malha ser um cruzamento feliz entre The Rover e Fargo, roubando a desolação de um e a ironia macabra de outro, ou a desolação de ambos. Enormes planícies, muito pouca gente, muito pouco futuro. E a história que há, não interessa muito. Isto porque em tamanho perder de vista, há anos que se desistiu. Fica então a ideia despachada da fatia, do pedaço, muito cru, muito eficaz. Porque do todo, andamos nós enjoadinhos de todo.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Golpe baixo

Pronto ganhaste. The Martian, novo trailer. Rocka em demasia. Que tu eras mestre neste pré jogo já eu sabia. Agora ires buscar o All Along The Watchtower é KO técnico, nas fuças pisadas de qualquer fã. Do espaço e cenas galacticas. Sacana de um corno.

Ainda cá temos os cabos

Nos regressos dos velhos monstros, ficam normalmente pequenos detalhes. Como aquele De Niro em que ele vai à procura do filho e nas viagens de comboio olha para os cabos do telefone. Para as linhas que ele produziu quando vivia. Entre as conversas. Fiquei com essa, daqueles quilómetros que nos ligam. O mesmo com Danny Collins, qual exercício de final de carreira - que é claramente - qual tentativa de voltar à mestria - que é claramente e diga-se de passagem muito bem conseguida - o que sobrou foi aquele final, das duas formas de nomear, duas setas naquele agora. Dos fechos mais inspiradores do género. Que permanecem, como os monstros, que volta e meia batucam, lembrando que ainda os temos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Ba ba

Não é por acaso que o puto diz ba ba. Se não é ba ba lembrou o Babadook. Porque é que não vou confirmar se é realmente ba ba? Porque me borrei todo de medo. Venha ele.


sábado, 15 de agosto de 2015

Todos nós

O João avisou, e bem. A Sofia chegou, e avisou também. Tanto, que: tenho de perceber o que se passa. Em boa hora. Bloodline é das melhores coisinhas que vão ver este ano. Primeiro porque é uma série que se fecha e arruma. Apesar da sua - inevitável - continuação, a temporada trabalha por si, para si. Em segundo, não engana ninguém: família, segredos, morte. Desde cedo isso, alertando para a importância, não da finalidade do nó, mas do processo, do passo a passo com que encaramos o mesmo. A complexidade do conjunto refém de "planos" episódios, de cicatrizes, chega a ser irónico. Terceiro, fotografia, planos afastados, mirones, como se apesar de família e personagens, eles fossem em última instância outros vizinhos, estranhos que jamais poderemos realmente perceber. Por último o melhor embate, de dois titãs da representação, desde Breaking Bad e Justified. Pele atrás de pele, no ambiente suado, gasto e desconfortável. O final só poderia ser à chuva, mesmo no calor é ela que lava todas as manchas. Ou as arrasta para outro lado. Altamente obrigatório.

Barras passadas

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Ultimamente

Num dos chats desta vida, no triturador da concorrência, falávamos na lógica - alastrada depois a justiça - em comparar duas temporadas com argumentos e elencos distintos. Numa orgânica cada vez mais presente, as séries fecham-se nestes pequenos loops, mantendo o nome, mudando o resto. Fica o tom, mas o que é o tom? Será ele suficiente para juntar numa mesma caixa cancros tão diferentes? Podemos pedir justificações, por esta não ser a outra? Não sei. Fazemos com o cinema a toda a hora, com a sequela da sequela, com o realizador espertalhão que virou cagalhão, com o clássico e o reboot, com o vai a seco ou halibut. Está na nossa natureza, perseguir a unidade e comparar. Conclusão? A segunda temporada de True Detective viveu refém do primogénito. Nas críticas esparguete da especialidade, era só: a primeira tinha a pilinha maior, a primeira tinha o cu mais definido, a primeira fazia a roda e a rodada. Massa enfadonha, de uma letra a seguir à outra, que não soube de facto ver o óbvio: foi um policial bestial. Do início ao fim. Tenho saudades de policiais foda-se. E este foi bestial, já disse? Personagens oleosas, embriagadas, num cenário cheio de formigas mas vazio de sentido, sempre muito violeta da noite/cidade, e muito amarelo/laranja do deserto. Com os cabrões todos nos seus sítios, todos recompensados. E o final - vinte vezes superior ao da primeira, ai bate na boca que já estás a comparar - resolve o crime, mas, mais importante, resolve as almas penadas. Havia outra saída de tal labirinto? Não. Poderia acabar noutro lugar que não a Venezuela? Não. Ficará Velcoro e a puta desta música a matutar indefinidamente no interior? Obviamente que sim.

Batalhas musicais, do início ao fim (II)

No seguimento da eterna questão, Bed of Roses ou Always, surge outra não menos importante: início de Inside Man ou final de The Breakfast Club? Ou seja pay strict attention ou sincerely yours?



sábado, 8 de agosto de 2015

A iminente picada da abelha

Nos posters do Nicky as pessoas estão quase sempre a mamar-se na boca. Exprimi-me mal. Quase sempre a quase mamarem-se na boca. Nunca há beijinho. O que também é bom. Para manter o respeito. Mas a pergunta super divertida é: se, numa armadilha tipo Saw, tivessem de levar com um ciclo de cinema Nicholas Sparks, e só pudessem excluir um, qual excluíam? 

Da categoria do impressionante

A lotaria dos cristos

De vez em quando lá se encontra um saco de pancada. Um mal necessário. Um John Carter que se publicita flop, bem antes de o ser, bem antes dos filmes do lado, para garantir o vazio. Este ano Fantastic Four na rifa. Shyamalan, pode ser que te safes. E pimba porrada na jovem promessa, no quase autor, que se chateou com o estúdio porque lhe roubaram os olhos. A questão é: quando é que o dito procedimento não acontece? Quando é que o filme dos grandes é realmente do pequeno génio? Nunca, claro. Vivemos é com uns mais putas que outros, mais velhos, mais cansados, mais mudos. É só isso. Ao início ainda me deixava levar, num ou noutro. Hoje estou cansado. Ant-Man é muito giro, é um heist movie, é uma revolução, é um novo caminho. Foda-se não é nada pá*. É um filme onde um gajo fica pequenino e luta com um mau que também fica pequenino, tudo porque este último quer criar super soldados e governar o mundo. Ou ficar só rico, sei lá. A sério? Com pessoas que ganham a vida a escrever não conseguiam nada mais intrincado, nada depois da quarta classe? Nada? A sério? E é o quarteto que acaba a meio? Oh formiguita tu nem chegas a começar.

*Honey, I Shrunk the Kids é, em todo o seu esplendor, mais interessante, mais violento, mais aventureiro e mais formigueiro.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Batalhas musicais, do início ao fim

Nestas pausas mais quentes, depois de tentar, desesperadamente, descobrir quem foi o cabrão que inventou o verão, passo para outra dor de cabeça. Qual é melhor, o início de Exit Through the Gift Shop ou o final de Tinker Tailor Soldier Spy?