quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Praias sem bandeira azul


Fui para o filme logo de pé atrás. Então mas vou ver uma obra que não teve nenhuma standing ovation em Veneza? É que já nem é se teve, é se teve mais do que 4 minutos. 8,3 no IMDb mas 2 minutos de standing ovation, só? Mas ando aqui a perder o meu tempo ou quê?* Exceção porque é o tio Shyamalan. Siga. Ao entrar, toalha, guarda sol, e nada de All Saints, um filme de praia sem All Saints? Mau. A partir daí é um descontrolo narrativo completo, como se o realizador, mais preocupado com os - sempre cativantes - movimentos de câmara e suas composições, desse uma palmadinha nas costas a cada ator e dissesse "pronto vai lá fazer a tua cena". A total desorientação de um envelhecimento fugaz devia servir como apresentação, contexto, para que depois se seguissem etapas de resposta. Old espartilha todas essas tentativas, aparecendo apenas de novo no último ato: uma resolução interessante, em linha com as interações mais reais (das crianças), fechada o suficiente para apagar qualquer cena pós créditos e qualquer ligação ao Unbreakable, que isto nunca se sabe.


*Para uma atualização completa do universo das standing ovations consultar episódio 11, temporada 8, de Nas Nalgas do Mandarim.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Toca a animar


Quando se sentirem pequeninos e chorosos, quando acharem que o Hayden Christensen é o pior Anakin, ou que nenhum Kyle Reese merecia o Jai Courtney, ponham a cassete do Collision Course*. Jay LenoPat Morita oferecem-vos aquele quentinho do fundo, aquele fartote incrédulo, aquela garantia luminosa de que nada poderá ser pior: nenhum papel, nenhuma deixa, nenhuma personagem.

* Arma Mortífera da dimensão paralela nº 157, em que o Malato também tem um filme de ação com o Ljubomir

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Segundas oportunidades

Então não é que o irmão do Scofield teve uma segunda oportunidade para ser um vampirão a sério, naquele Air Force One de Bram Stoker, e não a aproveitou. Ai ai ai. O Drácula porteiro da Kadoc (Blade: Trinity) não se esquece sozinho amigo, precisamos de sangue fresco e memória nova. Pode ser que à terceira seja mesmo de vez.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Fact-checking

Só confirmar que a tapeçaria inicial do Robin Hood: Prince of Thieves continua a ser a melhor introdução do mundo. Esperem um bocadinho. 

Sim, continua. Bom fim-de-semana.

Londres Fora de Horas

É  ao nono episódio, da segunda temporada, que Ted Lasso chega ao seu After Hours. Todas as cartas e azares na mesa do Treinador Beard, num daqueles capítulos para guardar com respeito, carinho, ali ao lado da mosca e dos outros contos desajustados. Inesquecível.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Sexta-feira 13 - Parte 6

[SPOILERS] Zero pessoas nuas a banharem-se no lago. Zero cenas do "ah e tal e que tal tirar a roupa toda no meio deste caniçal para ficar mais à vontade". Zero pinanço, zero mamas. Agora a nível de "ressurreição em contexto cemitério com recurso a vara do gradeamento seguida de relâmpago" nisso está irrepreensível. Eu percebo o entusiasmo com este regresso (número um em muitos tops de toda a saga): há uma certa energia tresloucada, bem humorada, numa cavalgada imparável de um novo Jason. Deixamos de ter a carne e osso e damos o salto para um morto vivo como inimigo. Essa mudança traduz-se num maior descomprometimento, uma fuga mais constante e ritmada, mudando a lógica de os heróis só darem pela presença deste malandrão no terceiro ato. Porém, passando este salto, continuamos com um Tommy Jarvis desaproveitado (mais um ator fraquinho), unidimensional, a não conseguir oferecer aquele bailado final que se pedia. Voltamos ao artesanato das catanadas e nada mais. Se calhar sou eu que ia com aquelas expetativas. A seguir acho que vem uma chavala telecinética, como não ficar outra vez em pulgas? 

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Nem Cyber nem Daft Punk

I feel it coming. Nada. Não estou a sentir. Um pouco como o Keanu na banheira, a pensar que Matrix é este. Falta-me escala,  falta-me ambiente, falta-me o queixo caído. A diferença pode ser aqui o rastilho necessário para um admirável mundo novo, isso é bom, mas caraças, queria estar ligado, queria agarrar neste trailer e revê-lo até à cefaleia. Simplesmente não está a bater.

domingo, 12 de setembro de 2021

Não me chateies que eu agora estou na Lua


Há muito que devo esta linhas a For All Mankind. E o magnífico tema de abertura do post anterior, da autoria de Jeff Russo, foi o lembrete necessário. Quando a série saiu em 2019, passou fora da minha órbita de ação, faltou-me entusiasmo. Até que, já este ano, numa conversa com o amigo Pedro Nora (Os Críticos Também se Abatem) voltei a cruzar-me com ela, num conselho sério de que estava aqui a melhor série de ficção científica da atualidade. E, sem tirar qualquer valor a The Expanse, de facto está. Esta corrida espacial de Ronald D. Moore, numa linha temporal alternativa - onde os russos foram os primeiros a pisar a Lua - começa morna, à procura do seu ritmo e das suas histórias. A primeira temporada vai crescendo, em qualidade, arrojo, mas só no arranque da segunda, é que as coisas aterram. Arrisco-me mesmo a dizer que este conjunto de 10 episódios, que foram para o ar este ano na Apple TV, são um pequeno acontecimento. Dando um salto temporal para a época seguinte - entramos nos anos 80 - podemos de uma forma simples trocar votos com as personagens. O intervalo temporal faz com que elas se coloram, com que as coisas aconteçam, despoletando também aquele sentimento imediato das peças que faltam, de um novo quem é quem. Todos os arcos ganham nova energia, coesão, e desde Lost que não sentia tamanho apreço por um grupo de malta. [SPOILERS] Talvez por isso, ainda meio no abalo, considere a cena inaugural - da tempestade lunar - e a cena final - do sacrifício - das peças mais bonitas que vi em televisão. Um entusiasmante circulo que se fecha. Agora é contar os dias para os anos 90. Marte aí vamos nós!

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Sexta-Feira 13 - Parte 5: O Regresso

 
[SPOILERS] Neste aqui Calcanhotaram a saga, Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta, Sexta-feira sem Jason. Sou eu,  assim sem você. Depois de, no capítulo anterior (suposto final), ter levado com umas catanadas valentes do Corey Feldman o nosso psicopata favorito tem um filmezito de descanso. Vamos então ao encontro de um Tommy Jarvis já adolescente, meio esquisito e traumatizado com os eventos que sofreu em criança, a ser encaminhado para uma espécie de retiro de jovens problemáticos. É então que um assassino imitador, com uma máscara de hóquei e tudo, decide começar a matar à bruta colocando em causa tudo aquilo em que Tommy acredita e trazendo à tona todos os seus fantasmas. Bem, a nível de nudez, mais mamas que nunca, não tenho aqui os números mas duvido muito que algum outro faça frente a tanta mama. Nada a apontar. Depois realçar a coragem de fazer um filme que não tem o antagonista principal e que muda completamente o jogo: estamos no campo Scream, do mistério, do novo filme novo assassino. Eu gosto disso. Há um gajo que parece o Eduardo Madeira e outro o Michael Jackson. Também gosto disso. A questão é que o protagonista não tem mãos para uma alma tão dúbia e pesada como a de Jarvis (não é nenhuma Sidney) e o argumentista não tem lápis para uma resolução minimamente coerente e cativante. Foi um bom esforço, mas agora vamos todos fingir que nada aconteceu e ressuscitar o rapaz.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Rapazes e raposas *

Continuando no verde batemos de frente com o novo David Lowery, autor do meu muito querido A Ghost Story - aquele monólogo à mesa, às vezes lembro-me daquele monólogo à mesa. Nesse nó de ligação, este The Green Knight é mais lasso: muito palavroso, muito de tempos a tempos, sem todos os capítulos a acertar no equilíbrio, a meu ver necessário. Mas passando as (árduas) tarefas é um filme lindo de morrer - tive que tempos para escolher um frame, queria levar todos - que te dá, a ti cavaleiro, a recompensa devida, num final extraordinário. Onde tudo vale a pena porque o caminho agora existe, bem para lá da tela.

* roubado, sem vergonha nenhuma, ao belo álbum do B Fachada.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A maldição nos confins do fundo verde

Jungle Cruise é a sequela Pantanal que o Piratas nunca teve. Sem a Adriana Oliveira nua mas com aquele atrevimento aventuroso herói/donzela/sidekick. Podemos pensar que são muitos, debaixo de qualquer calhau, mas a verdade é que estes filmes "do em busca de qualquer coisa" são cada vez mais raros. Puros, na maldição, nas lianas, na selva. E é nela que reside o meu maior problema com este cruzeiro. Por muito que tenho gostado da dinâmica despretensiosa e da boa química do elenco, não consigo embrenhar-me em tamanho sufoco digital. Nada é selvagem, nada é natural, são toneladas e toneladas de CGI a prender a exploração a um estúdio de 100 metros quadrados. Por exemplo [SPOILERS] aquela cena em que eles descobrem a enorme entrada escondida debaixo de água, onde deveríamos sentir o tacharam de um barco dos Goonies, é a clara economia de recursos que acaba por poupar onde não se quer: emoção.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Sexta-Feira 13 - Parte 4: O Capítulo Final

[SPOILERS] Pontos de interesse, como aqueles sublinhados a vermelho nos mapas do turismo: juventude nua, o George McFly a dançar Jerónimo de Sousa, gémeas tipo Onda-Choc, um cão e a introdução do grande antagonista do Jason, Tommy Jarvis, nas mãos de Corey Feldman. O jovem ator emprega-lhe uma energia refrescante, na dinâmica das máscaras e dos monstros - que ele próprio constrói - na adição de uma família - para além do grupo de malta nova cheia de tusa - e no adeus à inocência naquelas (perturbadoras e supostas) catanadas finais. À semelhança do seu anterior senti que alguns arcos foram desperdiçados, como aquele mocito campista que se vem vingar, mas há aqui mais tempestade, mais chuva, mais terror. Próxima paragem "aquele que não tem o nosso menino".