terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Oscars Night Reprise

Já quase tudo foi dito e bem dito. Deixando de parte as expectativas que se cumpriram, as relativas surpresas que foram salpicando a noite, a justiça, as apostas, a tipicamente longa e quase interminável cerimónia, na maior parte das vezes sem piada (apesar do brilhante esforço do Jon Stewart para salvar um guião em que ainda se viam as letras finais da palavra greve), tenho só uma dúvida:

Fui só eu que achei obscenamente más as músicas nomeadas?

Tirando a referência temporal ao Jon Stewart, a descrição geral podia servir para qualquer cerimónia, nos últimos (pelo menos) dez anos. A esta acresce a ausência de um discurso especialmente inflamado ou emocionante/ado. Mas a fórmula (de sucesso, apesar de tudo) é uma fórmula gasta, enfadonha, repetida, lavada vezes sem conta e que ainda não encolheu. Pensando bem, não há muitos motivos racionais para acompanhar aquilo em directo. Mas até pró ano.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Quase obrigatório


Actriz Secundária - Cate Blanchett
Actor Secundário - Javier Bardem
Actriz Principal - Ellen Page
Actor Principal - Daniel Day-Lewis
Realizador - Joel e Ethan Cohen
Filme - No Country For Old Men

Até já, depois de eu falhar isto tudo.
[Afinal 4 em 6 não foi mau de todo. Até pró ano.]

E eu que não vou poder ver

Em jeito de resposta aqui estão os meus vencedores:

Melhor Actriz Secundária - Amy Ryan
Melhor Actor Secundário - Javier Bardem
Melhor Actriz - Ellen Page
Melhor Actor - Daniel Day-Lewis
Melhor Realizador - Ethan e Joel Coen
Melhor Filme - Juno

Ganhe quem ganhar este é um ano acima da média. Tão cedo não vamos voltar a ver tantas interpretações de encher o olho, tanto cinema reunido numa só sala. Não deixa de ser uma cerimónia cheia de vícios e dificeis contas matemáticas, mas hoje com uma rude sinceridade e qualidade a fazerem-se sentir. Quem quer que suba ao palco e agradeça ao mundo inteiro, quem quer que saia vencedor, eu já ganhei.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bom fim-de-semana

Síndrome de Stendhal


Não me lembro de muitas vezes ter saído da sala do cinema assim. Algures entre o extasiado, exausto, absorvido e completamente de rastos com o que acabava de ver. Há filmes assim. O recente Into the Wild, apenas a título de exemplo, superou todas as minhas (altíssimas) expectativas e teve um efeito semelhante. Mas neste caso não foi a história, que até é boa, nem o filme, que até é muito bom.

A interpretação do Daniel Day-Lewis é que me deixou completamente rendido. Da surpreendente primeira até à última épica cena. O que Daniel Day-Lewis faz em There Will Be Blood a poucos vi fazer. Uma das interpretações mais sublimes e arrebatadoras que já vi. A roçar a perfeição.

Recorro à memória e assim de repente são poucas as interpretações que tenham tido em mim o mesmo efeito. Robert de Niro em Raging Bull, Edward Norton na América Proibida, Al Pacino no Perfume de Mulher, Dustin Hoffman no Kramer vs Kramer e o mestre Marlon Brando no Apocalipse Now.

Interpretação daquelas que elevam a arte da representação a um nível de excelência. No caso de There Will Be Blood, e longe de mim menosprezar a grandeza do Paul Thomas Anderson e a afirmação do puto que não fala no Little Miss Sunshine, Daniel Day-Lewis fá-lo sozinho. A força da história e a mestria da realização estão lá, é mais do que certo. Mas está também a sensação de que o Daniel Day-Lewis não precisaria delas. É uma interpretação gigante. Maior do que o filme e maior do que o público.


A questão não é se o Daniel Day-Lewis deve ter o Óscar.
O Óscar é que devia ter um Daniel Day-Lewis.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Cenas à chuva - 7

A chuva é rainha em acalmar desentendimentos. Grandes discussões sobre a fúria das nuvens. Enormes zangas que depressa acabam em abraços, com a água a arrefecer os ânimos e a converter os apaixonados em seres imunes ao tempo, como se mais nada importasse. E os gritos molham-se em beijos nas gotas da paz.
Não só chove a potes nesta cena como choveram lágrimas na sala de cinema. Uns sorrateiros snifs levantaram a suspeita e os olhos inchados à saída da sala confirmaram. É lamechas? Sem dúvida. É á típica história de amor do juntos para sempre?É sim senhor. É um bom filme? Com certeza que é. Simples, linear mas acima de tudo muito honesto. Com dois pares muito interessantes, tanto o velho como o novo, destaca-se por não ambicionar mais do que isto, contar uma história de amor...

Trademark

Não sou particular fã da cerimónia. Ainda menos da importância, exagerada mas manifestamente marcante, atribuída ao galardão. Não obstante, é inegável o peso do carimbo que a marca Oscar imprime num filme vencedor. Tempos houve em que vencer um Oscar estava para a qualidade do filme como as críticas de muitos dos jornalistas do Público. Ainda assim, e deixando de lado o enormíssimo empurrão comercial que o Oscar proporciona, há um preconceito positivo que acompanha a antevisão do filme vencedor (ou, numa diferente escala, do filme largamente nomeado). A expectativa em relação à qualidade aumenta sobremaneira. Se, por um lado, são as mais ou menos surpreendentes nomeações como as do Juno que dão uma visibilidade extra a filmes de "baixo" orçamento e cuja máquina publicitária menos oleada não seria capaz de alcançar per se, não é menos verdade que as sobrenomeações acarretam um peso devido aos julgamentos que o público inevitavelmente fará a priori.

A expectativa criada crescerá exponencialmente no caso do filme vencedor, que as salas de cinema tratarão de repôr, ao mesmo tempo que destacam largamente (e compreensivelmente, afinal it's all about the money) o número de estatuetas (andava a fugir ao termo) logradas. Eu preferia entrar numa sala sem saber que estou prestes a ver o melhor filme do ano para as gentes da Academia de Hollywood, que ganhou o prémio nas principais categorias, que é unanimemente aclamado. Ainda não subestimo a minha inteligência a ponto de me tornar incapaz de formar opinião própria, mas o juízo, o preconceito e a expectativa estão lá, o que branqueará o arrebatamento ou exponenciará a desilusão, consoante o caso.

Apesar de, em caso de reposição, tudo isto ser perfeitamente normal e aceitável, é mais difícil de evitar quando a estreia do filme é posterior ao prémio (sim, já sei, pirataria). E mesmo não sendo por enquanto o meu palpite para melhor filme, há uma questão que me ocorre neste momento (são estranhas, as noites insones):

Que complexo processo mental leva a que o No Country for Old Men só estreie em Portugal imediatamente depois dos Óscares?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Dark end of the street

Brilhante desculpa para te ver de novo Ellen

Só um cheirinho

Gosto muito de trailers. Não gosto muito da outra coisa pequenina, que aparece antes e que dá pelo nome de teaser. A maioria dos teasers aparecem mesmo antes do filme estar concluído e chegam a ser constituídos apenas por letras ou vozes, sem mostrar absolutamente nada daquilo que queremos ver, apenas pura divulgação de uma data. Não é para isso que servem os posters? Como o novo Star Trek ou o Código Da Vinci, dizem-nos apenas o que qualquer espectador minimamente atento já sabe há meses. É claro que existem excepções, quer sejam já verdadeiras sequências de filme, como verdadeiros rasgos criativos que quebram todas as regras. É o caso de Estranhos Prazeres, Indiana Jones e Última Cruzada e esta relíquia que descobri numa viagem atribulada pelo youtube.

Pergunta

Em que filme um polícia destroçado come latas de ananás fora do prazo?

O diverso mundo de Jack

Assim que nasceu já tinha nome. Jack.
Mas qual Jack? O que é apenas isso, miúdo num corpo de velho, Jack? Ou o Sparrow e seus barcos amaldiçoados. Quero lá que o meu filho seja pirata, nem pirata nem estripador, pode ser que seja Dawson e venha ser o king of the world, mas depois morre de frio, apaixonado. Que tal Jack Bauer? Assim de repente encontro 24 motivos para que sim, mas a vida não é só um dia, talvez Burton, dispensando claro as garras do Mandarim. Provavelmente seguirei o rebanho, Jack Shephard, se está perdido rapidamente se encontra. Não é assim Jack?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Nizlopi

No dia 9 de Novembro de 2006, a fazer a primeira parte do concerto de Jamie Cullum no Coliseu dos Recreios, aparecem-me em palco estes dois artistas. Um aparentemente mais velho, com olhar esgazeado à Steve Buscemi, apresentava-se disposto a tocar contra-baixo, guitarra, harmónica, percussão nas costas do contra-baixo e parecia ter uma mesa de mistura ventríloqua. O mais novo raramente se arriscava na guitarra mas tratou de encher a sala com a voz, enquanto esbracejava como se convulsionasse ao ritmo de cada acorde. O resultado foi meia hora de música improvável e extremamente contagiante, que já valia o preço do bilhete. Ainda hoje me apanho a trautear o refrão deste ExtraOrdinary. Um espectáculo.


Turn out the lights switch off the telly
We’re making love extra-ordinary

Antes de adormecer

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Every day I come by your house

and I pick you up. And we go out. We have a few drinks, and a few laughs, and it's great. But you know what the best part of my day is? For about ten seconds, from when I pull up to the curb and when I get to your door, cause I think, maybe I'll get up there and I'll knock on the door and you won't be there. No goodbye. No see you later. No nothing. You just left. I don't know much, but I know that.

The Nines


Assim como se divide em três narrativas distintas, este The Nines dividiu também o que eu ia sentindo ao longo do seu visionamento. Começa lento, com dificuldade em agarrar o espectador, demorando quase 20 minutos a lançar o mistério base da história, ou histórias. Quase sonolento agarrou-me de seguida num desenrolar estranho, recheado de sinais que vamos apanhando, tentando desesperadamente montar o puzzle antes do fim. Rendido sem dúvida levo com uma resolução frouxa e mal explicada, balde de água fria para um tamanho potencial.

Juntando tudo em poucas frases, são-nos apresentadas três histórias distintas, unidas por Ryan Reynolds e pelo mesmo leque de secundários. São três filmes diferentes, com as mesmas pessoas: um actor em prisão domiciliária, um argumentista com problemas de consciência e um pai de família perdido no meio de nenhures. Todos eles sentem que algo de errado se passa, estranhas vozes lhes dizem Look for the nines, Look for the nines. A premissa é óptima e a ordem e forma dos contos é a ideal, lançando pequenas luzes que se vão enrolando e destapando um pouco a solução do problema, construído num mundo de televisão, de computador, de écrans e pixeis. Mas, uma boa ideia não faz um bom filme, e John August (argumentista de algumas maravilhas Burtonianas) não soube conduzir o filme pelo caminho certo e perdeu-se num final confuso. Fica a pairar a desilusão. Queria muito ter encontrado os noves, mas não consegui. Podia estar aqui um daqueles óptimos objectos de culto, mas não está.

(+)O argumento.
(-)A resolução trapalhona que nos deixa francamente desiludidos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Romance & Cigarettes

Uma deliciosa surpresa. Romance & Cigarettes. Uma espécie de musical que é uma espécie de comédia romântica que é uma espécie de drama. Surpresa pelo James Gandolfini, deliciosa pela Kate Winslet.

Do you love me the way you kiss me
Because you kiss me like you love me?