Ironia, tamanha vizinhança: Miguel Gomes, sua trilogia, Bruno Nogueira, seu novo som. Ironia pois ambos caminham na desolação. O primeiro no título - ainda não vi - e o segundo no modo como constantemente se renova, no seu cansaço e desalento. Procurando caminhos na destruição e posterior reconstrução dos seus temas, dos seus dias. E depois da inesquecível Odisseia, premeia-nos com mais um desatino, uma nota fora de todas as outras cantigas. A experimentar. Com muito de muita coisa, dos passeios de carro às confissões, virando tudo muito nosso. Hoje a música popular, seus corpos, suas personagens, desarmadas à espera de entrar em palco, em cantos e recantos, como heróis esquecidos. Nogueira revê-se nestes pequenos becos, e transforma-os em amplos auditórios. Tornando-se ele próprio no herói que interessa lembrar.
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