Um dos meus grandes desgostos, um dia que seja pai de um ser pensante e bem falante, é ter de lhe dizer, confessar, que ele, não poderá ver um novo filme do Woody Allen. Que aquela certeza, bala que mata, no calendário futuro, o pequeno aconchego anual do grande génio terminou. Filmografia finita, preservada para o bem da sustentabilidade. Não vejas logo todos filho. E Irrational Man nem é um grande filme. Tem aquela piscadela da lanterna e as geniais (tradicionais) perturbações irrequietas, mas vale bem mais pelo que representa. Hoje, e especialmente, amanhã.
sábado, 31 de outubro de 2015
Piraflix em Portugal com menos doze filmes BrRip para sacar que nos EUA
Piraflix em Portugal, finalmente. Para quem não conhece o Piraflix, trata-se uma mega plataforma com uma série de conteúdos ilegais, em torrents ou noutros formatos que eu agora não quero estar a descrever, e que estão acessíveis para o mundo inteiro. O primeiro mês é gratuito e os restantes também. Há apenas um custo associado à manutenção de conta que é de 0 cêntimos ano. Porém, este tesão quase ejaculatório, murcha um ou dois centímetros, pois, ao que parece, existem, pelo menos, doze obras BrRip que não estão disponíveis para o público português, incluindo o novo filme do Max, o cão da bófia. Augusto Parroto, chefe da direção de conteúdos e marketing do Piraflix, garante que o filme do Max, o cão da bófia, não é grande merda, mas que os restantes estarão disponíveis em breve, e que o público tem de ter alguma paciência. Relembra ainda que não é fácil manter uma oferta e estrutura tão inovadoras quanto estas, quando no mercado competem lugares como o Netflix, onde se tem que pagar uma mensalidade de 8 euros e pode-se aceder a 10 filmes e 2 séries, sendo que uma delas já deu no Axn, ou cinemas, onde o bilhete para uma pessoa que não estude e não seja velha ronda sempre os 7 euros, ou ainda falsos beatos e demagogos, que usam o novo eu nunca me masturbei como eu nunca saquei. "É fodido", esclarece. Portanto, é esperar que o futuro sorria a esta arrojada e fresca aposta.
terça-feira, 20 de outubro de 2015
O outro trailer
Não sabes fazer nada que não tenha ovos? Uma omelete. Um minuto e quatro. Faltavam quarenta segundos para terminar o trailer de O Leão da Estrela. Ainda tentei. Ainda cheguei longe, se formos ver, até estou orgulhoso. Refazer, redescobrir, nada tem a ver com a ausência de tudo, com os não sotaques misturados em gagues, colados à escarreta numa não história. Navegando à sombra, ao sabor do nome.
Também eu
Também eu tenho algo a dizer. Peça a colocar, neste castelo bonito que é a crítica cinéfila. Ou só os bitaites acerca de cenas, maioritariamente filmes. Trailer, Star Wars: The Force Awakens. Primeiro uma palavra para aqueles que não gostaram, que disseram que tem muita explosão, pouca canela, que é parecido ao Episódio I, que estão preocupados, que é só bonecos, que é só para vender, que têm dói dói no pipi, e por aí fora: epá vão todos levar nas nalgas. Isto porque realmente temos de respeitar todas as opiniões e gerir os sentimentos com calma. Em segundo, terceiro e infinito, venha ele foda-se. É este o cartão, é assim que gere um aperitivo, um regresso. É apelar e pedir para voltar, e nisso o Abrams ganha cem a zero ao resto da maralha. Ela diz que não é ninguém, para se ir construindo nas antigas histórias, que afinal são verdade, afinal temos o que é preciso, connosco, basta abrir os braços. Passar esta ideia, gerir estes conteúdos e transmitir esta mensagem, esta história de décadas com a história de duas novas horas é obra. É o segredo. Dia 17, lá estaremos.
sábado, 17 de outubro de 2015
Afinal não queremos o Green Inferno já
Foda-se. Anda um gajo a contar os dias, bate tecla hoje, bate tecla amanhã, para que saia qualquer versão, por mais web ou legendada em coreano que fosse, para isto. E o que é isto? Isto é o Eli Roth a desresponsabilizar-se do mundo. Por mais que fosse e tivesse sido, sempre vi nele uma certa ideia, o gore e o porn lá pelo meio, a carregar e a abusar, mas existia um conceito, uma lógica. Knock Knock, por mais insípido que fosse, tinha uma linha, e tal, sim senhor, o gajo pinou, gajas boas, ai ai, era casado, tau tau, um jogo e pronto. Agora, o que sucede, é que, em primeiro lugar não temos atores alguns. É a namorada dele e possivelmente os primos da mesma, ou então um grupo de estudantes de primeiro ano que ia a passar por ali. Alguma coisa, pois não se narra, nem a TVI pratica tal amadorismo. Em segundo, tem um primeiro ato miserável, sem sentido e repetitivo. Mete-os logo na selva caralho. Estás a construir o quê? Nada não é? Então se é nada passa logo para a frente. Para a tribo, terceiro ponto, melhor do filme, mas completamente subaproveitada. Mereciam muito mais, quer o gajo de amarelo quer a senhora que arranca os olhos ao gordo. Os festins são bons. Mas falta o medo e a tensão. Quarto e último ponto. Os gajos presos mas sempre a sair e a fugir. Parece a prisão de Coimbra que a malta sai para ir beber um café ao Cartola e depois volta. Não não não. Tem de haver plano, tem de haver escape, tem de haver perseguição, não é uma gaiola podre de madeira toda a aberta onde de 5 em 5 minutos alguém foge para levar logo de seguida com mais uma seta no pescoço. Muitos dados mamaram aqueles moços. O final, poderia ser o quinto ponto não estivesse eu todo fodido, chateado e tivesse decidido, mesmo agora, acabar o texto aqui.
Batalhas musicais, do início ao fim (V)
Sei lá se quero descontar o que tenho em cartão. Não se apanha assim um gajo, de calças na mão. É preciso avaliar. Bem como a outra, que tantas vezes me interrogam: início do Jackie Brown ou final do Magnolia. Chiça, grau de dificuldade mega bué da elevado.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Piada muito engraçada sobre séries
Série onde um gajo que acredita em extraterrestres tenta ser ilibado de uma acusação de homicídio. How to Get Away with Mulder.
O Vocábulo, o VHS e a Vontade
Tenho andado com o VHS às costas, que nem tartaruga satisfeita na corrente. Quente. Idas e vindas, longas, extensas nos quilómetros de memórias, xungaria, regressos, tantos regressos. É o que importa, e às vezes também eles a conduzir. Muito meta. Num desses muitos, alguém falava da série B e do seu coração. Aquele que nunca mais. Falar é manter vivo, como a rubrica mais recente do Brain Mixer, onde uns quantos ilustres anotam uns calões cinéfilos, dicionário, manual de sobrevivência. Como bom suspeito, canto com o cisne, na última edição - vénia e um agradecimento gigante ao Edgar! Tudo para dizer que conversas como a primeira ou foras da caixa como a segunda mantêm viva, mais que a comunidade, a vontade. O gosto das grandes tempestades partilhadas, dos ritos, das trocas, das dicas, o gosto pelo gosto. Dele, a importância dos TCN Blog Awards - candidatem-se! - como repositório, súmula, memória das cartas de amor mais bonitas, criativas e estimulantes que se fizeram - e fazem - nos media nacionais de cinema. E que possivelmente mais ninguém conhece.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Queremos mas é o Green Inferno, já
O Knock Knock em português: Tentações Perigosas. Título foleiro e ingénuo que traz à tona uma quantidade de tesões dos anos 80. Ligações, tentações, perigosa, sedução, sempre com umas gajas boas e uns bófias à mistura. Sexo em contra luz. Com chuva, às vezes. E nesse âmbito, de thriller pindérico com perigo inexistente este disparate do Eli Roth funciona muito bem. Bons posters, que dariam óptimos VHSs, um par de chavalas de altíssima qualidade e uma cena de sexo à filmes da Playboy, para, à falta de melhor, rebobinar até ao exacto ponto de ejaculação. Mas para isso já temos o Showgirls, ripostam? Pois é. Realmente não tinha penado nisso.
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
The Dying Girl, em português, A Tal Miúda
É o não sei quantos desta década. O qualquer coisa da nova geração. O ontem de hoje. É a tal história do recicla e recicla. A bem dos recursos, que são poucos e todos nos lembramos o que aconteceu aos pequenotes da ilha da Páscoa. Certo, é que no meio das minhas caralhadas, gosto sempre de usar o chavão: Me and Earl and the Dying Girl é o The Breakfast Club deste novo século. Na medida em que aponta armas à esperança. Ela, que se partilha e divide, para existirmos todos uns nos outros. Fé, não só no que podemos retirar de cada mas também na arte que a divulga. O cinema, constantemente revisto aos olhos de quem vai nascendo, filmando-o de novo, para o passar. Compreender. É isso que a dupla faz, procura significado no jogo dos títulos, no legado, sendo obrigada por último a criar. O novo. Sem excessos na montagem, sem lamechice fácil. Para se encontrar no final, a si própria, como obra absolutamente fresca, de um futuro por escrever. Bestial.
terça-feira, 6 de outubro de 2015
E palpita e palpita e palpita
Eu acho que vi o 2. Mas não tenho bem a certeza. Aquele em que os cabrões já voam, esse, não desbundei de certeza. Nem a prequela. Até estava em paz comigo. Não fosse ver o trailer de Tremors 5: Bloodline. Agora em África, com o Michael Gross eternamente jovem, o Jamie Kennedy gordo que nem uma morsa e mais uma catrefada de falsos, com uma cena homenagem ao Jurassic Park. É difícil dizer que não.
É triste ser
É bom chegar a um filme desfecho. Aquela obra que justifica as somas passadas. E lhes dá conclusão, significado. Nebraska é esse feito. Um maravilhoso retrato do interior, quer geográfico quer humano, ou o geográfico como pretexto do humano. Da quietude, e solidão. Payne, sempre a procurou, de uma forma ou de outra, mas nenhum outro lugar a aceitou assim. A estrada, o preto e o branco. Não há esperança, existem apenas os dias. Dentro dos dias. Das coisas mais bonitas que já vi.
Vamos falar daquele início?
Arte provocatória ou lixo pretensioso? É esta a inteligente - e essencial - questão que vive no título desta crítica ao regresso de The Leftovers. Inteligente na medida em que resume os pontos de vista, e essencial na medida em que precisamos de os ter connosco. Não podemos fingir, ou mergulhar neutros na piscina. Temos de ir para o terreno, para a rua, discutir, cuspir e voltar a pensar. São guerras tão necessárias como a água, e só saem de quando em quando. A série, como aqui já tinha versado, arrebatou-me rapidamente, segurando-me bem até ao final. E o que este recomeço faz, não é apenas um agarrar, é espremer contra o peito. Subir e voltar a descer, até não podermos mais de estímulos, pistas e novos. É tudo novo. Nova intro - ironicamente maravilhosa - novo sítio, novas personagens - intensamente incríveis -, novo plano. Dentro da metáfora do desaparecimento, uma nova construção. Com seus novos ritos, mitos e símbolos. Mulheres das cavernas, pássaros em caixas, raparigas nuas na floresta, cabras degoladas em cafés. De onde vem tudo isto? Provocador na medida que se eleva e que se procura noutros campos. Arte, pois nessa demanda não deixa de ser fiel aos seus escritos, ao seu luto, ao que quer Mr. Robot é a ficção mais importante do ano. Aproveitem-na enquanto dura.
extrapolar. A par com
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Falta a cabeça do porco
Este ano vou de The Riot Club à Comic Con. Depois parto um acrílico e tento pagar os estragos com uma nota de vinte. Espero que dê. É o que se arranja. Longe da pinta destes meninos, pirralhos, cabrõezinhos, primeiros-ministros. Sem grandes normas ou padrões. O filme constrói-se e prepara-se muito bem para o jantar. Ou fim dos tempos. Sim, é mesmo ali que os tempos terminam. Foge com perícia à apetecível reviravolta criminal, do excesso excessivo, ou seja, há sempre uma linha que mantém os acontecimentos em órbita, de forma a que o fantasma do verídico nunca descole. Importante, pois é ele que nos belisca. E cospe na cara.
Mesmo bem escondido
O filme pode ser do campo mas se tiver uma dupla de irmãos realizadores automaticamente se moderniza. Fica com pinta, estilo. Valente bosta mas aquele The Gringo Brothers dá logo a basófia necessária para questionarmos tudo o que ficou para trás. Epá se calhar isto até foi bom. Tudo por causa de Hidden, dos - rufar rufar - The Duffer Brothers. Que felizmente não precisam dessa soma para conseguirem uma das surpresas mais eficazes do ano. Apocalipse, vírus, abrigo subterrâneo e família. Desconstrução típica que depois se desconstrói nela própria, numa reviravolta sólida que se aguenta sem pretensões de mudança. Tem a Andrea Riseborough, que eu aprecio bastante, e tinha com certeza lugar em qualquer sala de cinema. Só fazia era bem.
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