The Human Centipede tornou-se daqueles clássicos botecos, obrigatórios em noites pegajosas de cerveja, e outros desvios. Como a deep web, neste caso a deep filmes de merda sem grande jeito. Porém o primeiro e o segundo mantinham uma certa - certo que não muita mas estava lá - tensão e aflição. A tentativa de uma possível fuga, psicopata jeitoso asqueroso. Este terceiro deita a aura centopeia por terra, ao tentar celebrar e amplificar, confundindo o horror com o over e bad acting. Chega a ser insuportável tal gritaria, sem nada que flua ou exista sem o descabido propósito do nojo. Acaba a gritar, claro, na certeza evidente que o Tom Six morreu no Three.
sábado, 30 de maio de 2015
quinta-feira, 28 de maio de 2015
O desamor
Enorme banhada. Ainda por cima armei-me em certinho, betinho, estúpido, idiota, aluguei. Como se carregar na merda de um botão fosse alugar, mas pronto: Rio, Eu Te Amo. Tenho de ter as minhas mitologias em dia, e a saga Cidades do Amor é uma delas. Das muitas. Então, depois do fracasso amoroso nova-iorquino, conseguiram ainda piorar mais o desgosto. Como se os cacos não fossem já fragmentos de uma enorme derrota. Desconexo, mal interpretado, e acima de tudo vazio dos espaços. Querem-se celebrações da cidade enquanto organismo vivo e não notas de autor de um local anónimo. Gostei da curta do Meirelles, pela gracinha. O resto esqueçam e sigam, Shanghai a seguir.
terça-feira, 26 de maio de 2015
Cinema Animal - Cão
Blogosfera, três ilustres, um animal, poucas regras. Ah, esqueci-me, cinema, em força, do jeito que cada um bem quer e respira. Hoje foi o cão. Vamos ver que dentadas daqui saíram.
Nuno Reis
AntestreiaQuando este convite/desafio que muito agradeço me surgiu, queria algo marcante. Podia ter ido para “Cães Danados” ou ter brincado com as palavras e ir rever “Dogma”. Não adiantava pensar em filmes com cães que eram todos demasiado fofos. Queria algo sobre o lado animal do homem, mas que fosse selvagem e cru. Portanto, algo que não fosse sobre cães domesticados. A sorte de ter um cão no título foi pretexto para voltar a falar sobre um dos meus “filmes favoritos que não vejo vezes suficientes”: “Alpha Dog”, um filme sobre as matilhas que se formam entre os jovens que, tal como cães vadios, são deixados ao abandono, sem rumo, por progenitores que trabalham para lhes darem o melhor que o dinheiro pode comprar, esquecendo-se de estar lá para falar e ouvir quando eles mais precisam.
O cão é o animal mais próximo dos humanos. Acaba por ser quem está sempre por perto para nos ouvir e animar, nunca criticando, sempre dedicado e fiel. Não admira que seja considerado o melhor amigo do homem. O contrário não é dito com a mesma facilidade. O homem nem sempre tem paciência com o animal. Maltrata-o, abandona-o, zanga-se, usa-o. Os cães não merecem isso.
Inspirado na vida de Jesse James Hollywood, “Alpha Dog” narra como os nervos e inexperiência da juventude podem empolar as pequenas coisas e os pequenos imprevistos em algo terrível. Como o elemento alfa leva os outros a fazerem o que sabem ser errado, pagando todos em consciência - e por toda a vida - pelo que é simplesmente um momento, uma decisão precipitada, uma pessoa com a cabeça quente. Em especial entre os jovens, quando uns procuram orientação e outros se querem impor como líderes sem ter juízo para isso.
Na altura em que o filme chegou a Portugal, sabia que tinha Bruce Willis e Sharon Stone envelhecidos e uma cambada de gente jovem. Fui ver confiando plenamente no realizador e acabei por descobrir toda uma geração de estrelas como Anton Yelchin, Olivia Wilde, Amanda Seyfried, Amber Heard, Ben Foster e Justin Timberlake. Tirando Emile Hirsch que tinha visto em “The Girl Next Door”, era a primeira vez que via toda aquela gente em papéis de algum relevo. Na altura parecia uma passagem de testemunho de cães velhos que ainda sabem truques, para uma nova geração de cachorrinhos. O tempo encarregou-se de demonstrar que os velhos continuam por cá e os novos continuam a construir as suas lendas, mas ainda espero por um casting tão certeiro como este no que diz respeito a jovens talentos. Não é todos os dias que se consegue projectar o elenco de um filme uma década para o futuro e dizer que todos eles se tornaram figuras relevantes da nossa cultura.
O cão é o animal mais próximo dos humanos. Acaba por ser quem está sempre por perto para nos ouvir e animar, nunca criticando, sempre dedicado e fiel. Não admira que seja considerado o melhor amigo do homem. O contrário não é dito com a mesma facilidade. O homem nem sempre tem paciência com o animal. Maltrata-o, abandona-o, zanga-se, usa-o. Os cães não merecem isso.
Inspirado na vida de Jesse James Hollywood, “Alpha Dog” narra como os nervos e inexperiência da juventude podem empolar as pequenas coisas e os pequenos imprevistos em algo terrível. Como o elemento alfa leva os outros a fazerem o que sabem ser errado, pagando todos em consciência - e por toda a vida - pelo que é simplesmente um momento, uma decisão precipitada, uma pessoa com a cabeça quente. Em especial entre os jovens, quando uns procuram orientação e outros se querem impor como líderes sem ter juízo para isso.
Na altura em que o filme chegou a Portugal, sabia que tinha Bruce Willis e Sharon Stone envelhecidos e uma cambada de gente jovem. Fui ver confiando plenamente no realizador e acabei por descobrir toda uma geração de estrelas como Anton Yelchin, Olivia Wilde, Amanda Seyfried, Amber Heard, Ben Foster e Justin Timberlake. Tirando Emile Hirsch que tinha visto em “The Girl Next Door”, era a primeira vez que via toda aquela gente em papéis de algum relevo. Na altura parecia uma passagem de testemunho de cães velhos que ainda sabem truques, para uma nova geração de cachorrinhos. O tempo encarregou-se de demonstrar que os velhos continuam por cá e os novos continuam a construir as suas lendas, mas ainda espero por um casting tão certeiro como este no que diz respeito a jovens talentos. Não é todos os dias que se consegue projectar o elenco de um filme uma década para o futuro e dizer que todos eles se tornaram figuras relevantes da nossa cultura.
Quanto ao filme, por vezes cai em facilitismos. Muita gente o terá já esquecido. Mas várias cenas e situações perturbadoras serão recordadas e esta tão inverosímil e semi-verídica história causa enorme impacto no seu todo. No final, mesmo não sendo dita ipsis verbis “Basta um cão raivoso para contaminar os dóceis” é a mensagem que fica.
João Lameira
O cão no cinema costuma ser uma figura simpática, o melhor amigo do herói, às vezes seu parceiro na luta contra o crime, como naqueles filmes dos anos 80 em que era detective da polícia e tudo (anunciando os futuros inspectores Rex e Max). Por vezes, o cão é o próprio herói da história, pense-se na Lassie e no Rin Tin Tin. Até da vida real, não tivesse sido uma cadela a primeira astronauta lançada para a órbita da Terra. Quando não têm outra utilidade, servem de comic relief ou cute relief, tão adoráveis são. No entanto, quando são os “maus da fita”, os cães são mesmo maus.
Se, em The Omen/Génio do Mal, Damien é o Anti-Cristo e Mrs. Baylock é pavorosa (não só como ama mas como pessoa), o que mete mais medo são os “hounds of hell”, a aparecer por todo o lado num cemitério e a guardar furiosamente a criança dos infernos. Mais do que os humanos, eles são a verdadeira manifestação do Mal absoluto, pelo qual têm uma fidelidade canina. Carnívoros, raivosos, sanguinários, imparáveis, indestrutíveis, são outra encarnação da Besta. Os cães de The Omen são os piores inimigos do Homem.
Se, em The Omen/Génio do Mal, Damien é o Anti-Cristo e Mrs. Baylock é pavorosa (não só como ama mas como pessoa), o que mete mais medo são os “hounds of hell”, a aparecer por todo o lado num cemitério e a guardar furiosamente a criança dos infernos. Mais do que os humanos, eles são a verdadeira manifestação do Mal absoluto, pelo qual têm uma fidelidade canina. Carnívoros, raivosos, sanguinários, imparáveis, indestrutíveis, são outra encarnação da Besta. Os cães de The Omen são os piores inimigos do Homem.
David José Martins
Tive que consultar o Google para descobrir o nome da criatura indestrutível do "Dia da Independência" de 1996: Boomer, um Labrador Retriever. Parece haver uma regra não escrita nos filmes mainstream em que o ecrã pode exibir pessoas e cidades inteiras vaporizadas ou massacradas sem pudor, mas as criaturas peludas de quatro patas são intocáveis. E nesse guilty-pleasure da minha juventude foi a primeira vez que me apercebi desse fenómeno. Provavelmente pelo cena totalmente descarada em que o animal escapa por uma fracção de segundo a uma explosão que no mundo real o teria transformado num hot-dog, literalmente. A minha escolha não é a mais intelectual ou pertinente, mas a outra alternativa era uma memória mais antiga de um canídeo acometido de flatulências num filme que não fixei...
O Falcão Ataca e é Novo
É caso para moderar a tusa. Nem salvar nem destruir. Acrescentar, no seu sítio, à sua hora. A provocação e a criatividade, são, obviamente, enormes pontos a favor. Há ali muita ideia, muito fabrico delicioso, complementado por aquele que é possivelmente dos melhores cameos que já vi em vida. Do outro lado, temos apenas uma espécie de Austin Powers Tuga, que se revolve nos tiques e gritos - chega a saturar - utilizando o sumo do universo em detrimento do sumo da história. É capitão sim senhor. Se há tesão para ser meu, isso já são outros cinco tostões.
domingo, 24 de maio de 2015
A máquina não parou
Costumo escrever o texto, depois o título. Hoje foi ao contrário, talvez pela evidência clara da fotografia. Ontem reencontrei a máquina, que durante anos a fio me ofereceu filmes. Foi nela que vi o drácula, o mãos de tesoura, esta loura mata-me, o titanic, o olha quem fala ou o corte de cabelo. Foi nela que fugi de prisões, travei as minhas guerras. Lá me ia endireitando, num auditório minúsculo, projectado num lençol enquanto a fita corria. Vi um star wars, o último grande herói, o quinto elemento, foda-se, a máquina sou eu, a minha vida de cinema, no cinema, para o cinema. Ali resumida num conjunto de peças metálicas que circulam em canais, até à luz. Com os meus. E vê-la é um encolher de ombros, um sorriso, um desabafo, um desentender entendido da saudade: a máquina não parou.
Exposição Posters Caseiros já em exibição!
A exposição Posters Caseiros, do Edgar, chegou ontem à vila morena. Um serão formidável, descontraído e cheio de surpresas! Que, para além da comunicação da ciência, dos esforços e vontades, do cinema português e da arte, mostrou a blogosfera, a respirar e creditar o seu valor, o cinema de cada um para todos, na partilha inestimável de quem ama. Aquela história da alma e coração, aqui em estado selvagem. Apareçam, até ao dia 20 de junho na Biblioteca Municipal de Grândola.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
E sai mais uma musa para o panteão
Não é o íntimo glaciar de Under the Skin. Temos mais créditos do real, mais vidas no vai e volta. Porém continuamos na fotografia do além, como um sereno e quente sossego, enquanto agarramos a pele e nos desconstruímos. Que filme mais bonito, caraças. Possivelmente das coisinhas mais atraentes, certeiras e mágicas que iremos ver este ano. Apetece repetir a dança - já histórica - do Isaac.
de Armas
Assim é fácil brincar ao trocadilho. Já pareço a A Bola, quando inspirada. Certo é que esta marota vai fazer grandes maldades ao John Wick, que agora é pai de família mas aprecia uma boa rambóia. É o segundo trailer de truz truz.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Alguém tem de manter o nível
Tonterias, a torto e a direito. Claro que sim, a palermice de acumular o máximo de situações inacreditáveis. Certo é que estamos lá para mais uma volta, porque a malta diverte-se e só existe para nos divertir também. Gozo e ganho mútuo, bem feito, acelerado, mas, no final do dia, com requinte inocente que diferencia. Ah e claro, se não for esta saga a assegurar a cota de boas mamas e bons cus que temos direito quem é? O Bond Sénior? A Missão Possível? Ganhem juízo.
E no final, a princesa
Gostei tanto que me vejo engasgado na obrigação pateta do aviso. Como se eu me preocupasse. Mas pronto, lindo menino, se não viste e não queres adquirir conhecimento em demasia, esta pequena reflexão não é para ti. Se viste, vem daí. Cena da igreja? Claro, a par com aquela sauna do Jonh Wick, é possivelmente das agressões mais estimulantes dos últimos valentes anos. Que reduto este Matthew Vaughn, ainda a fazer o que gosta e a mostrar que consegue. No final não é o herói a ir ao cu à princesa, é ele mesmo a ir ao cu ao sistema. Muito muito bom.
Tem dores?
Meio adoentado, com umas cenas. Meio internado, já inteiro do lado de cá. Só pensava como tinha adormecido algures no filme da enfermeira 3D. Como?
terça-feira, 5 de maio de 2015
Este post é um bocado sério
Até que ponto, faz sentido, sequer pensar, na alteração/censura de um filme devido ao que se passa do lado de cá? San Andreas irá manter a sua data de estreia mas repensar o marketing, devido ao sismo no Nepal. Já Wild Tales foi dilacerado nos media, com exposição integral da sua primeira curta, graças ao acidente da Germanwings. Existirá algum tipo de dever por parte das indústrias criativas? Ou será apenas a eterna guerra da hipocrisia?
Até sempre
Não te podia deixar ir embora sem antes, também eu, te escrever em qualquer sítio. Sem flores, nem carolices, apenas um tirar de chapéu. Justified era a série que seguia há mais tempo, sem acasos nem imprevistos. Sempre deliciado com os apetrechados diálogos, a tensão inigualável e aqueles dois. Foda-se. Como deixar ir uma parelha tão definida e construída, vivida na sua própria indefinição e construção. Cliques, ou alinhamentos, de quando tudo está certo. Telefone em baixo mas certos porque viemos. Obrigado malta.
The Courtyard of the Ballads II
O Nuno Markl vai adorar. O Luís Miguel Oliveira vai detestar. Mas bocejos à parte, continua a ser perturbador a incapacidade de um dito cinema comercial não conseguir construir a merda de um trailer. Já nem pedimos um filme, só o trailer. Devem existir tutoriais para tal façanha, ou mesmo que não existam deve existir alguém amigo que depois diga não. É desconexo, é incongruente, é mau. O que só piora a catástrofe.
8 anos
Chupa. Este ano, até um dia antes. Minucioso, que nem velho chinês. Deu para recordar o primeiro mês e tudo. Maio de 2007. Engraçado agora ver, como tentei encher os dias: estou lá eu do início ao fim, um legado em 25, novo e sem os brancos. Willow, Lost, Namorada Aluga-se, Truman Show, Mulheres do Sul. Um cubo do melhor que a minha memória guarda, logo assim na primeira jornada. Muitas vezes voltei a estes sítios, nos tempos que passaram, provavelmente sem nunca saber que os tinha dado de bandeja. Oito anos depois e este meu mapa continua a surpreender. A funcionar como contínuo refúgio de uma identidade. Sem agenda nem hora, à procura apenas de mais um suspiro, mesmo antes do refrão. E por falar em cantigas: sou finalmente avô ou não?
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