Daqueles extraordinários casos que bate ou não bate. E nunca me tinha acontecido. Pensei sempre que aquele punhadão bem dado, de alguma forma deixava detritos, tipo asteróide. Mas não. Nada. Zero. Tão frio como aqueles corpos lívidos que atendem telefones e folgam saber que tudo está bem. Deste lado nem bem nem mal. Olhando para o relógio, à espera que tal ópera terminasse, ou me surpreendesse. No final, terminou.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
A meio
Se eu fizer um remake de um filme que ainda não saiu, fico eu a ser o autor do original, ou continua a ser um remake anterior ao primeiro que afinal é segundo? Ou terá sido o meu remake a motivar a existência posterior do filme original e sem isso nenhum dos dois existiria? Enfim, quartas-feiras.
domingo, 22 de novembro de 2015
Chegar ao topo, não chegar à resposta
O grande feito de Everest, é mostrar, sem grande dificuldade, a estupidez. Perguntam, lá num dos acampamentos, o porquê? O que se ganha? E é engraçado, que entre risadas e contagens ninguém consegue de facto explicar. O filme mostra essa incapacidade, essa ausência de justificação na subida. Não há planos bonitos ou majestosos momentos de paragem, de contemplação, há umas dezenas de pessoas a sofrer, e a morrer. A pagar para tal, queimadas, amputadas. Isso é estúpido e, independentemente de todos os discursos pessoais e motivacionais que possam existir, será sempre estúpido.
Os limites das estrelas
No outro dia fui ao Letterboxd e logo na entrada estava um gajo a dar 4 estrelas ao Phantom Menace. Fiquei logo nervoso mas se calhar era a primeira vez, da primeira vez acho que também fingi o orgasmo. Depois olho melhor e era um rewatch, sabe-se lá qual. Foda-se assim não.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Dava um bom programa do Malato
Estão todos em círculo. "Mas que bruxaria é esta?" pergunta a avó. Não se sabe bem. Depressa se percebe que em democracia se escolhe quem morre a seguir, até sobrar um. Depois é um festival de berlaitadas durante hora e meia. Ai eu não eu não, eu tenho uma pila muita grande e tal, pimba via buscar, que é para não seres maniento. Simples, tenso e eficaz nalguns trechos, repetitivo e cansativo noutro. Seria um nicho a aplaudir sem espinhas não fosse o final clássico-modernista que dá para tudo. Deviam ter fechado, outro círculo, maior, outra coisa qualquer, sem salvação pah.
A mentira da mentira
Um daqueles filmes clássicos. Nunca visto. Um gajo com tomates diz logo: nunca vi. Mas há quem não queria deitar tudo a perder. Vale a pena estragar a relação, anos e anos de reputação, de amor cinéfilo por uma tonteira, por uma falta de tempo? Então o nunca vi transforma-se em: nunca vi todo. Como se o facto de ter visto um pedaço já perdoasse, já lhe desse o passaporte para o cargueiro da sapiência. Por último, a mentira pode ainda atingir um último estágio de transformação, o final, a garantia mais que certa de aplausos e linguados: já vi mas não me lembro.
terça-feira, 17 de novembro de 2015
O tê tio
Uma vez conheci malta que gritava: quem é o tê tio? Uns para os outros. Em sinal de olá. Ou de festa. Na altura era engraçado. Seja como for, do filme do tio não vou adiantar muito. Tem a nova atriz mais bonita do mundo de sempre, mas isso já sabíamos. Tem mecanismos hábeis de volta atrás e explica lá o twistzinho, mas isso também já sabíamos. Tem a história que prometeu, sem mais nem menos, mas isso também já sabíamos. Ora competente. Não surpreendente. Mas o que eu vos queria mesmo contar, é que a minha avó, mesmo no final, quando está um dos bons a aviar forte num dos vilões principais e depois o limpa, pergunta consternada: mas porque ele matou este rapaz pah? DVD com os comentários da avó já.
O inverno agora também dá para tudo
A propósito da sequela, prequela porque a outra mijou fora do penico, do Caçador e da neve e sei lá do quê que mais parece aquela bicharocada do Oz com a Mila Kunis, a grande questão que interessa perguntar, com tanta bruxinha do frio, do norte, das castanhas, é: terá o Thor pila para isto tudo?
terça-feira, 10 de novembro de 2015
A última dança
E agora sim. TCN. Duas nomeações. Blogue Individual e Blogger, esta última uma estreia para este corpo fininho. Obrigado, valente honra malta. E o resto? O resto já aqui disse, já lá disseram. E o mais triste, também já cantado, como o cisne. São os últimos, pelo menos os últimos neste formato, com este capitão. Capitão este que é mais que um organizador, um agregador, um blogger: é um wrestler. Aquele que mais trabalhou, e alguma vez trabalhará, em prol de uma comunidade, de uma casa que sempre viu como sua, que sempre defendeu e divulgou, no doce e no amargo. Porque acredita, mais que todos, que nela reside o segredo de uns melhores media de cinema e televisão. Criativos, inventivos, produtivos. Novos, fortes. Fora do post, para o mundo. E aconteça o que acontecer, o seu trabalho e titânico esforço nunca serão esquecidos. És o maior Carlos. Aguardo os passos para esta "última dança".
As Mil e Uma Moções de Censura
Numa altura em que todos se comem, uma meia dúzia foi ver As Mil e Uma Noites. Volume 1, em Sines. Obrigado Sines. Esta semana mais meia dúzia, na outra outros tantos. E fecha-se a conta. Os poucos e os muitos, que podem fingir não se conhecer: mas está lá tudo, logo no início. O realizador e entidade pensante, como poucos a assumir posição, murro, onde já ninguém bate. As canções que afinal não são, os poemas que afinal não eram, ninguém quer os pêlos púbicos e públicos arrancados, ninguém quer a comichão. Ai que dói. Miguel Gomes é outro, diz logo, o estado miserável, o governo que deixou o país num estado de miséria. Ponto. É isso que é exposto ao longo de duas magníficas e inventivas horas, que não desistem de si mesmas - no modo como existem. Enchendo o peito, elas mesmas inquietas; há tanto mas tanto que os palavrões passeiam para outro texto. Ficam em casa. Para que na rua fique eu, e os outros cinco, à espera do resto de Portugal.
Sai do meu avião, não saias da minha vida
Numa altura em que a saga Die Hard padece de cagalhonice crónica, são poucos os refúgios patriotas que consigam encher-nos os calções. Nem é tanto o herói por herói, é aquele herói que salva a puta do dia, contra uma ralé do pior, muitos mesmo muitos. E é aí que dou por mim a fazer festinhas com a cabeça no London Has Fallen, como se o Banning fosse o meu novo melhor amigo. Devias ter trazido mais homens, foda-se como é que se diz não a isto?
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
No outro dia
Ainda não vos contei esta. Estava a ver o trailer do The Revenant e lembrei-me do Apocalypse Now. Depois caí em mim, Nharriiituuuu, e fui logo desinfetar-me com álcool. Sim porque eu também sei ser nojentinho. Qualquer dia até tiro uma foto com ar entediado, preto e branco e punho na bochecha. Chupa.
As pernas que ganham um filme
Estava a comer uma bola de berlim. Nunca peço, uma bola de berlim, são sempre os magros sessenta cêntimos do café que fecham a tarde. Ontem não. E à medida que trincava aquela massa ultrapassada, mal cozinhada, conclui que todas deveriam ser como aquele que comi em Viana. Foda-se que maravilha de bola. Porque é que não são todas assim? O que é que falha? É assim tão difícil fazer com que aquela pequena esfera, com meia dúzia de ingredientes, seja sempre deliciosa? É. Assim como é difícil voltar a fazer um Missão Impossível como o primeiro. E parece ridículo. A fórmula é simples, a série abriu caminho, De Palma fez o resto. Ambiente, espionagem, fumo, intriga, boa intriga, voltas e reviravoltas. Mas não. Excluindo o segundo, devaneio autoral que merece bem mais que este textinho, todos os outros entraram em modo Saw: vamos lá ver qual é a macacada que o Cruise faz desta vez, como a morte mais macabra. Então e a história? Epá metam uma lista com o nome de agentes, ou algo do género. Mas isso não foi já usado no primeiro? Ah foi, mas mete que fica sempre fixe. E pronto, é sempre a puta da lista, sempre ele a fugir de alguém da CIA ou outra agência qualquer, com amigos de cartão, vilões bananas com planos básicos e cenas muito bem demarcadas que se sucedem umas a seguir às outras. Seguiu-se o molde errado. Até podiam ter ido buscar o realizador do Jack Reacher, um óptimo policial, de certeza que iria fazer me...ah espera.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
domingo, 1 de novembro de 2015
Babadookar
Não custava nada, um sms, um email, um alerta. Tem lá cuidado que é esse é da pesada. O Senhor Babadook, com mais corte, mais requinte malvado, mais desespero esgotado. É o fim da estrada, o reverso, o não deixar ir para vencer o fundo. Agonia. No outro voltava o dia. Aqui não há regressos a lado nenhum, pois se nos deixarmos de merdas o luto é, no somar dos restos, este acidente inevitável. Constatar e chafurdar nestes escombros é que não é pêra doce.
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