Estes filmes acabam por perder com a quantidade desmesurada de chapéus que lhes querem enfiar cabeça abaixo. O ano passado foi Get Out, e a raça, este ano é A Quiet Place, e a política. Mais, querem ainda espetá-lo na categoria de façanha técnica, de "ai que o filme não tem quase diálogos". O filme tem diálogos e não, não se trata de um exercício, exercício é A Arca Russa, o Memento ou O Artista, que optam por uma forma. Aqui não é opção, é contexto. Mesmo querendo, não há outra forma de contar sem ser o silêncio. Porque sem ele não se vive. Tirando todas estas sacas de cimento do costado damos por nós num pequenino e belíssimo filme de terror. Uma obra que não só nos coloca em sentido, e se eu, e se eu, mas que se concentra na família, na perda, na culpa, na esperança. O tal pretexto monstro para questionar o que de mais humano existe e persiste. Um quarteto de actores em grande forma, bicharada com fartura e um ritmo vertiginoso fazem deste shhhhhh um dos grandes filmes do género deste ano.
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