Se estão com dificuldades em convencer a chavala basta dizer que tem o puto do Room. A fofice e ternura abafam qualquer preconceito em relação ao género. Ainda para mais com borboletas. É nova vitória do Flanagan, que me agradou especialmente pelo seu lado retorcido: a adopção e depois o uso da mesma - e da tal habilidade - para recuar. É seguir em frente sentado, quieto, o ciclo imperdoável do luto. A doença na mãe, em querer repetir uma e outra vez, dorme, dorme. Tinha de correr mal e depois o filme segue esse caminho, dos monstros, explicando em excesso mas fechando em sonho. Pois são deles que falamos e é deles que às vezes não saímos.
quinta-feira, 28 de julho de 2016
A baixa diversidade da imaginação
Primeiro uma grande caralhada. É o meu The Rocketeer foda-se, vi-o em Santarém num cinema a sério. Qualquer filme, visto num cinema a sério, antes dos 12, merece respeito, todo o respeito. Não há. Segundo, depois de bolsar as fuças do reboot, é esta necessidade americanóide, cada vez mais ridícula e refém do ridículo, de fincar a "diversidade". De fazer "isso" notícia, ou bandeira, em tudo, mesmo quando nada faz sentido. Sejam as mulheres, os negros, ou agora ambos. A martelo, fora de sítio, fora de tempo. Para americano ver, reformulando figuras, sem a imaginação urgente de criar figuras novas.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
Há uma cena inacreditável com um carro cheio de luzes
Quando abri o meu coração a The Collector e The Collection, jurei não mais amar outra sequela improvável. Outra saga destemida no universo do medinho. E tudo estava bem, The Purge, o primeiro, é uma bela merda. Tem a Cersei, mas é uma bela merda. Nada fazia antever uma sequela cheia de ganas com um cabrão mais rijo que aquele brinquedo verde tropa que eu dou ao meu cão. Fiquei fã, e agora com The Purge: Election Year, arrisco-me a dizer que estamos perante a trilogia de terror mais audaz desde a trilogia de terror mais audaz antes desta, que não sei bem qual é. Isto porque não se prende ao mais do mesmo, ou mais do mesmo noutra perspectiva, ou mais do mesmo com um twist. Não, vai-se expandindo, como um balão, explorando as oportunidades e as necessidades, tão presente e importante. Tão irónico mas tão vivo, tão refém das soluções que nos conduzem às mesmas respostas, em ciclo. Ano de eleições, nada é inocente. E podia até tentar uma gracinha para um possível seguimento, mas não. Cumpre o que promete, quem vier a seguir, se quiser, que faça merda.
Trailer Reaction Split
Trailer reaction, por escrito. Sempre na crista da inovação hipster atiro-me de cabeça a este formato, que me parece bem mais interessante do que olhar para uns balofos gordurosos a atingirem decibéis não explicados pela ciência. Assim, vou rabiscando a minha reação ao trailer do novo Shyamalan, Split.
PLAY
(antes de começar dizer que este título me faz lembra o Splice, que é um filme curtido com aquela loira que amo mas agora não sei o nome)
00:02 - Mete estacionamento. Gosto sempre dum bom estacionamento.
00:08 - Compras, caixinha de música, vai dar merda.
00:12 - Teenagers, mais que duas, vai dar merda de certeza.
00:18 - O Professor Xavier está no banco da frente.
00:22 - Merda.
00:32 - Prendeu as pitas numa masmorra tipo a do Hannibal.
00:37 - Hamster.
00:45 - Flores em várias divisões. Até agora estou a gostar.
00:49 - Vai haver motim. Está a ser tipo o 10 Cloverfield Lane mas a triplicar.
01:00 - Está de saias mas de carecas à mesma, creepy.
01:10 - Do cavalheiro que nos trouxe todos os filmes menos aqueles que não tiveram sucesso nenhum.
01: 26 - 23 a morar lá dentro, crossover entre o filme do Jim Carrey e o outro do Cusack.
01:40 - Está na onda do The Visit, apertadinho. Continuo a gostar.
01:50 - The Beast, oh sim. Um clássico.
01:58 - Fujam caralho!
02:04 - Mete metro, iupi!
02:10 - Mete veado morto, iupi a dobrar!
02:20 - Título, depois de dizerem que a besta era verdadeira. Ai ai!
02:27 - Convencido.
03:00 - Ainda por cima com a gaiata do The Witch, percebi isso agora. Oh Shyamalan dá cá um beijo na boca!
terça-feira, 26 de julho de 2016
Agora estás a ver-me, versão eu tenho dois amores
Fui ver o filme dos mágicos. O dois. Nascida daqueles raros casos já não tão raros, que começam a parecer sarampo: pequenino que faz muito dinheiro tem sequela grande, ou que parece grande, ou que se transforma numa franchise. Assim foi. Enfim, tanto filme a precisar de sequela - Super Mario, Willow, todos os descritos neste incrível episódio das Nalgas, etc - e temos de andar nós a lamber este alcatrão. Mas pronto, o que mais me marcou foi ficar na dúvida: Isla Fisher ou Lizzy Caplan?
O do Rei Artur ainda nem vi
Resumo breve dos trailers da Comic Con: bueeiinhaaaauuuuuhhhhhh. É o som de vómito, a sair entre os dedos enquanto tento tapar a boca. A Gal Gadot é muita boa mas não há nenhum plano dela com o pernil aberto. Como este. Vou ver outra vez. Depois é igual ao primeiro Capitão América, mas tem o Capitão Kirk. Não há mais ninguém? Eu nessa altura até podia. Liga da Justiça, estou a juntar um grupo de malta. Foda-se, não chega já? Qualquer dia junto um grupo de podcasters para combater uns vloggers maus, só naquela. Depois foi o macaco, cada vez maior. Com um ar porreiro de Vietname e com a minha Brie Larson. O cabrão do macaco está mesmo grande. Pode ser porreiro. Não, fui confirmar agora que é realizado por um gajo indie de barbas (na foto). Tudo fodido. O Dr. Strange é Inception a pinar com o Jumper e o Harry Potter não tem o Harry Potter. Depois descobri que o filme de terror mais promissor de sempre deste ano é afinal o Blair Witch 2. Mas isso foi na Comic Con? Sei lá. O que eu sei é que dói, e muito.
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Nada estranho
E agora, depois do mais bonito poster que esta dupla de cones e bastonetes teve o prazer de lamber no ano de 2016, seguimos para o dito. Já muito foi de facto dito, e mais virá. Testarão até todos os episódios em avançadas instalações de ciência, com aceleradores de partículas e cientistas sem banho tomado. Por isso serei pequenito no salto. Mas só de falar pouco já me apetece falar muito, sintoma da nostalgia imediata. Isso é logo o embate. Stranger Things é muito específico no seu alvo. E usa a plataforma mais moderna e audaz para o fazer. Irónico. Um tempo que nos oferece tudo para uma audiência que só se quer lembrar do tempo em que não tinha nada. Era necessário pedalar, procurar, os tesouros. O cheiro dos tesouros, das cassetes, das caves ou das tardes, dos recortes ou revistas. Irónico também surgir no mesmo ano de X-Files, que tentou ressuscitar algo, e saiu furado. Merda, mesmo merda. Porque não é fácil, parece muito, o Tarantino fá-lo de olhos fechados, mas é o mais difícil no entretenimento corrente, seja ele novo, inspirado, requentado. É preciso, em primeiro lugar, contar uma história. Depois torná-la única. Por último torná-la nossa. 1, 2, 3. Só isto. Mas então, ou fogem pelo facilitismo e ilusão de que o nome chega ou caem em questões abertas, muitas, misteriosas, ui, como se coçar a cabeça para sempre fosse equivalente a qualquer decisão. Muito vago, o vago está na moda quando se tem medo de ser Stranger Things. 1, 2, 3. Resultou. Uma história, com princípio, meio e fim - venha agora o que vier - muito simples no seu núcleo, nas suas personagens e modo como elas se tocam, muito caloroso para elas, muito cuidado. Nada ao acaso, os carinhos, os laços. Entrelaçados com tantas referências que precisaríamos de espaço, de um barco maior, mas que no seu conjunto oferecem algo absolutamente genuíno, com as luzes de natal e o mundo invertido, com um novo grupo, um novo grupo de putos foda-se. E o final, o 3, o mais importante. Encher-nos este coração desistente. Fazer-nos de novo contar com eles, fazer-nos goonies, de bicla, e porra que payoff do caralho, com a Eleven a espetar aquele merdas contra a parede, no balanço da pequena fisga. Emocionou aqui o grandalhão como há muito nada emocionava. E por isso, pela simplicidade, irreverência e peito cheio, não é de estranhar que esteja aqui a série do ano.
Nas Nalgas do Mandarim [Comic-Con 2016]
O painel das Nalgas, na Comic Con de San Diego foi um enorme sucesso. A primeira fila estava quase cheia, aliás cheia, se contarmos que a gorda da ponta valia por dois. Apoteose com a entrada dos três génios do podcast luso, mas em especial com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa que decidiu ali condecorar e dizer que o episódio sobre moda foi uma bela merda. Ganda President. Depois muitas novidades. Algumas vá. Foi só um teaser, da temporada 4, que vai ter 1460 episódios, porque vai ser todos os dias. Ao longo de 4 anos, já lhe chamam o Boyhood dos podcasts. "Mas haverá assim tanto para falar de cinema todos os dias?", perguntou o meu irmão que estava no público. Falar de cinema maninho, então, por quem nos tomas?
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Não sou eu que sou baladeiro, vocês é que têm mel nos ouvidos
Mas como é que a Paula Patton, com aquelas dentolas vampiras invertidas, ainda consegue mamar o Ragnar na boca e nenhum dos dois se aleijar? Isto sim, dá que pensar. Agora o resto, do Fel, que é uma merda que controla tudo e ninguém sabe porquê, e controla a história toda e ninguém sabe porquê também, isso, não interessa para nada. Não sejam implicativos.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Ele chama
Disseram assim: dá para fazer aquela merda do Spielberg mas em bom? Ao que o Bayona respondeu, dá sim senhor. E pode ser colagem de tantas outras viagens, das crianças e suas coisas selvagens, seus labirintos e gigantes, mas este monstro é possivelmente a coisa mais bonita que vamos ver este ano. Pelo menos a palete que aqui serve de aperitivo. Incrível.
terça-feira, 12 de julho de 2016
O Flash só com gajas
Ainda não vos confessei que mamei dois filmes de gaja. E prometemos no início de tudo isto que seríamos sempre sinceros. Então vá. Foi a idade da Adelina e o filme da outra menos gorda que a gorda gorda. A Adelina é complicado, ela está sempre bué da linda, nunca fica velhinha e depois tem medo de traçar grandes bonzarrões. Isto porque levou com um raio, como o Flash. E sabe muita merda, porque já tem muita idade. E é domingo à tarde, logo depois de almoço. O outro é duma chavala que só quer é pinar sem compromisso e depois meio que se apaixona. E aqui tenho de dar alguma coisa a torcer, até pode ser o braço: há algo de muito mais sincero e inteligente nesta última incursão do Apatow pela comédia. Sempre muito refém das pilas, dos ganzados, da casa dos pais, aqui pega no pai e dá-lhe um corpo. Reais relações a entremear um conjunto quase certeiro de piadas. E ela tenta pinar o puto que vai ser o novo Flash. Vai tudo sempre dar ao Flash.
Análise exageradamente curta ao primeiro episódio de The Night Of
Estava à espera de melhor mas vou continuar a ver.
Ui, pronto, já foste
Prefiro o Eden Lake, dentro do género de pincéis fodidos de fugir. Com nativos ainda mais fodidos de gramar. Mas este Green Room, sucessor do desidratado Blue Ruin, é seco tal e qual, na medida em que as coisas simplesmente acontecem, e estamos à espera delas. Do momento do não retorno, da escalada, sempre a pensar "mas se calhar ainda dava". Não dá nada, são buracos, arrepiantes, que aqui se constroem. Este mete metal, cães e tripas. Tem também o avô Xavier em modo vilão do ano. De olho neste gajo.
sexta-feira, 8 de julho de 2016
La perfidia de tu amor
Escolher o Volume favorito e tentar depois desconstruir essa decisão, é uma pequena delícia de nata. Uma bola, cheia de creme, lambuzada no seu já descontrolado recheio. Porque montar tamanha obra prima tem muito que se lhe diga. A unidade, ordem, narrativa. Existirá? Ou será um maravilhoso exercício de espectador este de: o meu é o terceiro, talvez porque precisasse de respirar depois dos outros dois, de terminar em plena fábula, com Xerazade ou com os tentilhões, os bastiões da evolução, ali na Musgueira, no pequeno mundo, com tanto de cinema que nos esquecemos onde acabamos e onde começa o "corta". Se tivesse entrado por aqui, seria este o meu voto? Terminar no inquieto, iria-me deixar menos encantado? Mais desolado? Quem sabe. Estamos cá para trocar, para alertar, divulgar. Nos apaixonar todos os dias por Crista Alfaiate e depois continuar a cantar Perfidia, até que os sonhos nos doam.
quinta-feira, 7 de julho de 2016
Dois parágrafos sobre dois trailers que acabei de ver
Table 19 - esta merda parece o The Breakfast Club dos casamentos. E tem a Anna Kendrick. Atenção eu gosto da Anna Kendrick, mas ela depois dança sempre e faz aquele ar de sonsa feinha, viva a vida. No final acaba a foder com o desconhecido charmoso bonzarrão da vida dela tipo genial inteligente e divertido. Sempre. Depois nada discretos: uma velha, um preto, um indiano, o Stephen Merchant. Só falta mesmo uma estrela velha do Friends por exemplo. Ah espera.
Blood Father - esta merda parece o Taken versão últimos dez filmes que o Mel Gibson só sabe fazer. Como aquele do Gringo, ou o outro em que também lhe matam a cahopa. Vingança, pai ausente, deserto, mexicanos, cartéis, grande erro filhos da puta. É só assim o Mad Max que vocês chatearam. E ele está piurço, barba por fazer, mas ainda muito por fazer. Volta lá à cidade pah, estás perdoado.
Mr. Turner and....
Para pendurar definitivamente. Só não sei qual. Indecisão de caso crónico, de abismal admiração que se resolve com uma mão cheia. Que pintura mais inacreditável, este Mr. Turner. Com pequenos bastidores, para a digestão, tão ou mais coloridos, aqui e aqui.
terça-feira, 5 de julho de 2016
Batalhas musicais - especial já ganhou
Normalmente há um e outro. Início e final. A competir. Certo é que The Voices, comédia cabra da peste, finaliza e arrecada os prémios todos todinhos do ano. Ryan Reynolds e suas muchachas, mais Jesus, cantam Sing a Happy Song, num momento sem palavras. Que fica e fica e fica.
As velhas viagens da ciência
As Novas Viagens Philosophicas sofrem daquele mal maior da premissa financiada. Da comunicação de ciência feita de dentro para dentro, sem questionar, sem reformular, sem sequer tentar. Apresentando-se como um trabalho documental único, e sem querer tirar o mérito da técnica/esforço, o primeiro episódio destas "novas viagens", não tem nada de novo, não tem nada de viagem. Enorme desilusão que se resume a narrar planos - muitos deles aquém do que seria exigido - do trabalho de investigação de uma equipa. Grupo esse que nunca passa do plano, nunca vai além do parágrafo científico. Não há uma ideia, não há uma infografia, não há um mapa. Como é que numa série que se propõe a ir mundo fora não há um único mapa? Perdidos assim ficamos, num formato que não assume nunca o seu público e que perde uma chance única de traduzir com clareza e imaginação o trabalho fantástico que por aí fazemos.
As Novas Viagens Philosophicas
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