Escolhe lá um poster, o mais jeitoso, que possas dizer o mais bonito do ano. Era este aqui. Sem letras então é bestial, só com o 71 pintado em fundo branco. O filme é uma debandada em linha recta, como já se vê pouco. Um soco directo e seco no género do left behind, sem lados nem redenções. Chuvoso, triste, bem interpretado e retratado. Merece um abraço, melhor, aquele abraço.
terça-feira, 30 de junho de 2015
Não pines que não é preciso
It Follows tem aquela grande vantagem: fala sobre outra coisa qualquer. O tema não é de facto o prometido pelo género, como fez de forma cristalina The Babadook, ou noutros campos, Gravity. É sim o mote, o capuz. Com uma inteligência muito prática, quer na câmara e seus travelings - desconforto - quer nos cortes rápidos na narrativa, excluindo explicações e longas maldições. Normalmente é sempre a gaita que morreu lá há 20 anos atrás porque um gajo que foi despedido da Decatlon quis-se vingar da equipa feminina de voleibol, ou uma merda do género. Nesta perseguição não, algo persegue, algo foge. Simples como isto e no meio, ou fodes, ou danças.
Estudo indica que as pessoas vomitaram depois de ver o novo trailer de Point Break
Deu quase como as sondagens aldrabonas, pagas pelas várias cores de sabe-se lá qual arco-íris. Tudo empatado, depois de uma corrida louca às urnas, sendo que uma pessoa disse que vomitou um bocado, outra que vomitou como O Regresso do Pestinha e outra - armada em forte - não vomitou. Porém ninguém vomitou à la Conta Comigo. Momento então para rever essa épica história da história.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
A televisão é mil vezes melhor, vezes infinito, ao quadrado, que o cinema
Era só tique da moda. Para ver se caem. Porque o resto não tem nada a ver, ou melhor é sobre televisão e cinema, mas sem escarretas. Essencialmente são dois pontos, que gostava de vos expor, um de desagrado e o outro de "olha que bem". Primeiro, então oh meus meninos, porque é que ninguém me avisou que o Axel, sim esse Axel, tem um programa de cinema na Benfica Tv que é o CineBenfica. Foda-se anda aqui um gajo amargurado à procura de uma nova referência cinéfila nacional e ela navegava mesmo por debaixo do meu relvado. A segunda, é sobre a última gala do Ídolos, onde o tema foi o Cinema. Para não fugir, é sempre, com o She e o meu coração continua, e as merdas do pré-escolar. Não foi essa a parte boa: abertura ao som de Mad Max: Fury Road com um Manzarra cosplay da personagem. Horário nobre, 7ª arte, Miller a dar as boas vindas. Inevitável clap, clap, clap.
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Intimamente desiludido
Documentar, documentir. As duas coisas, bem articuladas, para se contar uma história daquele modo. Debaixo daquela assinatura. É assim não é? Se não for não é cinema, ou é? Kurt Cobain: Montage of Heck não é de todo um documentário, é uma súmula desgovernada de material, imagem, texto, vídeo. Sem ordem nem partido, nunca assumindo, a biografia ou a visão. Os testemunhos ficam escassos, na medida que não possibilitam a ponte entre as histórias, e os grafismos ficam demasiado presentes, cansativos. Na ideia de mente ferida, que todos sabemos. Ou seja, não há absolutamente nada de novo. Nada que nos interrogue, que nos faça correr, pensar, mudar. Talvez a montagem tenha sido demasiado ela, demasiado montada.Venha o, ainda mais polémico, Soaked in Bleach, que este não deixa nada.
terça-feira, 16 de junho de 2015
Até no espaço
Ontem vi o piloto de Dark Matter na televisão, na Syfy, como manda a lei. Ganhei logo um biscoito e uma festinha. Abana, abana a cauda. Fora de latidelas, é importante o esforço de sincronizar os conteúdos, o caminho é esse aí. Mas o que eu vos quero contar, é que no meio do episódio apareceu o Rob Stewart, velhinho e de cabelos brancos, para nos lembrar. Foda-se Tropical Heat porque é que és a melhor série do mundo de sempre?
quinta-feira, 11 de junho de 2015
Mais dentes
Adoro quando o veredicto vem logo no topo. É menos uma viagem, em tempos de birra. Por isso, sejamos eficazes e coerentes com minhas preferências: Jurassic World é a sequela que Jurassic Park sempre mereceu. Lançado o chavão, quentinho para qualquer edição em DVD ou BluRay, eu não podia estar mais contente. Até já tenho a caderneta da Panini, e já colei os crominhos, e amanhã vou comprar mais. Filme, sim o filme: primeiros 20 minutos incríveis, num build up à velha aventura, com tudo no lugar ao tempo certo, onde os antigos acordes nos conduzem aos novos locais. E o refrão, momento em que se abre a janela. Foda-se, arrepio. Voltámos à ilha, finalmente. E finalmente, alguém que, como o Spielberg no original, sabe muito bem o que quer mostrar: não há curva despropositada ou ação em vão, as áreas estão delimitadas, definidas, oferecendo um aconchego. Alguém que sabe e alguém que desenhou um universo. Sem arcos paralelos ou pontapés de ginastas. Lindíssima e inteligente apresentação que se enrosca no enredo de um dinossauro novo, ainda pior que o resto da escória, que decide fugir e começar a limpar os pedantes. Duas parelhas consistentes - os manos e o casal truca truca - levam-nos nas novas peripécias sempre cruzando o passado. É neste detalhe que o filme vence: o enorme respeito pelo seu património. Sabe o que foi, o que representa, e ironicamente apresenta o seu valor, a velha T-shirt, a velha faixa, o velho jipe, os velhos óculos noturnos. Foda-se, arrepio de novo. Sabe também que não existe para competir com esse sonho, mas sim para dar continuidade ao mesmo. No final de contas, era o que o Hammond queria. Tirem então essas trombas de quem leva a competição muito a sério, ou deixem-nas no sítio, o Trevorrow está-se um bocado nas tintas. Passarada, muita gente comida, nova frase mítica - precisamos de mais dentes - e a melhor luta de dinos de toda a saga, sempre com um ainda maior a salvar o dia. Faz todo o sentido. E tudo se conclui no tema de Giacchino, uma melodia nova com 22 anos de idade.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Haja o que houver
O meu irmão diz que se houvesse um filme com uma lebre que viajava no tempo e depois perdia uma orelha porque estava noutra timeline, eu via. Isto com algumas caralhadas de incompreensão e fartura. Mas é verdade. Project Almanac é o Chronicle, com outros atores. Eu detestei o Chronicle, mas gostei deste, porque não sei distinguir, fica turvo. Constroem uma máquina, recuam, alteram as coisas, têm de tentar evitar e começar de início, mas chegam à conclusão final que não dá. Vício do demónio.
segunda-feira, 8 de junho de 2015
Salvar
Interroguei-me porque carga de água estavam eles a traduzir redemption para salvação, se a palavra redenção existe. Sinónimos ligeiros, não clones um do outro. Salvar não implica redimir e vice-versa. E só depois é que percebi a genialidade nos nossos tradutores: Miller não está a redimir-se de merda nenhuma, está sim a salvar um cinema. Os crentes, que fogem de um conjunto de loucos megalómanos, cheios de poder e excentricidade, com suas curvas e rituais, sem sentido nem ordem. Somos nós a fugir com eles, em busca de um paraíso que em tempos vivemos. É isso, certo? Se não for, é o filme do ano à mesma. Em 2014 John Wick, agora Mad Max. Duas loucuras visuais de vingança e violência, que correm no sentido de mostrar como se constrói e impõe uma narrativa. Mas aquilo não tem enredo, ouvi por diversas vezes. Absurdo disparate. Enredo obriga a um envolvimento, uma rede que se constrói e nos apanha, feito conseguido nos primeiros minutos. Querem mergulho mais profundo? Inacreditável como numa breve apresentação do universo e seus actores nos deixamos engolir: isto é a mestria de contar e construir amigos. Ah mas o protagonista está em segundo plano? Ora bem, uma das coisas que mais gostei em Boyhood não foi a grande fotografia, mas sim as pequenas imagens que íamos capturando ao longo dos anos, as pessoas que se iam cruzando e vivendo, cada uma delas uma história. O resto é um final que ainda não sabemos. Max cruza várias histórias ao longo do seu final, esta é mais uma, com bons, maus e vilões. Ele passa, nós ficamos. Mad Max: Fury Road não é só tudo aquilo, não é só o melhor filme do ano, é uma história com um enredo do caraças!
domingo, 7 de junho de 2015
Hipoteticamente
É talvez, a melhor sensação do mundo: créditos a negro, e a cor de ter ficado alguma coisa. Corpo que se aloja e perfeitamente se instala, enquanto assistimos ao feito. É talvez, o melhor de todos os mundos. Mommy, parte e frame a frame possui, feliz indicador de missão cumprida. De cinema. Cheio de enormes momentos, onde destaco a sequência hipotética, já perto do final. Onde percebemos, ou melhor, onde aceitamos o fado podre e feio. Lembrei-me claro da, igualmente mágica, cena de 25th Hour. Sacanas das hipóteses, o que têm de felizes têm de carrascas.
A revolta do marciano
Eu, a passear nas planícies imdbescas. Encontro, num recatado vale, The Martian. Eh lá, sim senhor, um bocado 127 Hours casou com Gravity, mas tudo bem. É em Marte, que se foda o resto. Quer dizer, que se foda se, chegados à parte da realização não encontrarmos...não não pode ser, é outro qualquer de certeza, de certeza! E Ridley Scott, claro. O nosso rebenta filmes favorito. Não há paciência.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
A Terra Depois de Amanhã
Ao dividir o filme em actos, ou atos - para estarmos de acordo - estou automaticamente a digievoluir para aparente crítico pimpão de cinema nível 7. Parabéns a mim próprio por este feito. Passando para Tomorrowland e para o aparente problema dos filmes originais: eles não são originais. É tudo papelão reciclado, que chega mesmo a cheirar a merda. Ah se dizem que o público quer coisas novas então porque é que Jupiter Ascending não vendeu? Não vendeu porque é igual ao Matrix. Ou melhor, a ideia geral não disfarça a colagem cuspida de uma série de conceitos regurgitados por uma coruja gigante que já comeu muito rato. E nós já vimos. Roubar mas transformar, não podemos deixar a inércia preguiçosa à mostra: olhem estes sucessos que roubámos e agora mudámos a forma das orelhas. Não. Tomorrowland não é assim tão mole nem tão replicado de velhos conceitos. O primeiro e o segundo atos conseguem de facto inspirar o mais blindado dos fãs, desde o pin transportador até ao segredo (inacreditável) da Torre Eiffel, não existem grandes barreiras para o sonho. Porém, quando se volta ao chão, percebemos que no espaço ficou o argumento e aí entramos numa senda pateta, apressada e desconexa, para terminar rapidamente com a mensagem pretendida. É o didáctico momento Disney, para aqui as anémonas conseguirem perceber, bem desenhado nas nossas testas: temos de salvar o planeta, esta utopia é o futuro, tenham esperança. É uma pena Bird, não tiveste patinhas para terminar, ainda assim levas uma beijoca pelo esforço. E se puderes envia-me um pin ok? Cenas minhas.
quinta-feira, 4 de junho de 2015
SOS escarlate
Whedonistas desta vida, chega o momento em que não dá mais. A sequela de Avengers é esse virar. Como é que um carequinha tão criativo, se arrasta para a mais previsível das posições, transformações. Ou não fosse esta merda, papel químico da manobra Transformers: primeiro competente, segundo insuportável. O que vem a seguir é indescritível, e sim, um homem vai ter de levar as suas mitologias até ao fim. Não há nada de novo, de inteligente, de complementar. Nada que permita crescer numa ou outra direcção, sempre na aflição de repartir os tempos de antena, à debate televisivo. Em detrimento de duas coisas: argumento e vilão. O primeiro merece para ontem um honest trailer: la la la, vamos criar uma super inteligência artificial antes de jantar, para depois podermos ir beber umas cucas ao Bairro. Quem é que pariu o Ultron? Que de repente está zangado, e é mauzinho. E depois no final levam sempre do Hulk, como tudo não passasse de uma anedota. No fundo não passa. Salva-se a Martha Marcy May Marlene, Olsen, Olsen, do meu coração. Bruxinha de tantos suspiros, quase que perdoava o resto, quase quase.
quarta-feira, 3 de junho de 2015
O melhor episódio de Game of Thrones da semana
De facto, nesta semana, foi o melhor. Mas foi o único, dizem. Vá lá, não sejam idiotas. Deixem os paus subirem rumo à fonte. Os tempos são de tal seca, que basta a escarreta do décimo andar para sentirmos a frescura da chuva. Continuo com enormes dificuldades em descobrir unidade, coerência ou memória num episódio de Game of Thrones. O que teve de tão maravilhoso Hardhome, senão uma incrível batalha gelada, na última metade? Mais nada. Chega para algum tipo de medalha? Claro que não, porque não cola: Arya, Sansa, Cersei, Tyrion, com as suas cenas, que apenas existem, não se entrelaçam. Não é uma série. E a alegria do mundo, com tão pobre teatro, continua a ser a prova de que nunca teremos um verdadeiro episódio.
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